terça-feira, 11 de dezembro de 2012

VISÃO DO CORREIO: TURISTA DE PAÍS CARO VIAJA PARA O EXTERIOR


É ingenuidade surpreender-se com o animado turismo dos brasileiros ao exterior. Com os elevados custos nacionais, a alternativa de atravessar as fronteiras se mostra cada vez mais atraente. O viajante, além de preços acessíveis, conta com o indispensável conforto em locomoção, hospedagem, alimentação e opções de lazer.
Os gastos dos cidadãos dos quatro cantos do país chegaram, em 2012, a US$ 21 bilhões, o equivalente a R$ 45 bilhões. Para ter ideia do tamanho do desembolso, vale a comparação. O montante corresponde ao total de recursos de que o governo lançou mão para estimular o sonolento Produto Interno Bruto (PIB) ao longo do ano em curso.
Não é só passagem, hotel, restaurante, teatro — com preços bem abaixo dos nossos — que atraem os brasileiros. Muitos viajam para fazer compras. É comum a oferta de pacotes destinados a quem leva malas vazias e as traz cheias. As agências, que conhecem o perfil consumista dos brasileiros, aliam vantagens inelutáveis.
Enxovais fazem a festa dos comerciantes de Miami. O bebê nascido aqui dorme em berço, colchão e lençóis que falam inglês. O carrinho no qual se movimenta tem a mesma origem. Noivas também se preparam lá. A reforma da casa exibe produtos estranhos às cores verde-amarelas. Cortinas, tapetes, colchas, lençóis, toalhas, louças — vem tudo de fora.
Pior: pagar R$ 5 mil para ir de Brasília a uma capital do Nordeste não afugenta apenas os turistas nacionais. O Brasil vem ganhando a indesejável fama de país caro. Na guerra que o mundo trava pela atração de visitantes, a violência — fartamente explorada por concorrentes dos cinco continentes — ganha manchetes e reprises nos telejornais. Carestia aliada à insegurança constitui combinação desastrosa para o estímulo aos visitantes.
Impõe-se mudar o paradigma. Além de melhorar a infraestrutura, o país precisa oferecer opções para o visitante. Há quem queira hospedar-se em hotel cinco estrelas e comer em restaurantes de luxo. Há os que preferem pousadas simples, porém confortáveis. Na alta temporada, os preços de uns e outros se aproximam. Vale lembrar o ocorrido na Rio+20. Os valores cobrados eram tão altos que delegações cancelaram a vinda ao evento, ou reduziram o número de participantes.
O Brasil, apesar de contar com potencial turístico ímpar, ocupa a 39ª posição em um ranking de destino para turistas internacionais, com 5,1 milhões de visitantes em 2010, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT). Sem falar nos roteiros tradicionais, que incluem Europa e Estados Unidos, está atrás de China (81 milhões), Rússia (23,7 milhões) e Índia (5,3 milhões). Não é por acaso.

(Fonte : Jornal Correio Braziliense)

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