Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
anunciar novos procedimentos para brasileiros entrarem nos EUA, o ministro do Turismo
do Brasil, Marx Beltrão, defende a dispensa de vistos para países estratégicos:
EUA, Canadá, Japão e Austrália. Ele sustenta, com base em estudos da
Organização Mundial do Turismo, que a medida pode injetar até R$ 1,4
bilhão na economia brasileira. Na entrevista à Agência de Notícias do
Turismo (ANT), o ministro aborda ainda questões sensíveis como a segurança e o
risco migratório.
ANT: O Ministério do Turismo sempre defendeu a
dispensa de vistos para países estratégicos, entre eles os Estados Unidos.
Mesmo após o presidente dos EUA, Donald Trump, criar novos procedimentos mais
duros para os brasileiros entrarem no país o senhor vai continuar a defender
esta medida?
MB: Sim. As medidas consulares devem ser adequadas
às realidades econômicas, à segurança nacional e à pressão migratória da cada
país. As realidades do Brasil e Estados Unidos são completamente distintas. Se
eles optaram por criar barreiras para turistas de diversas nações entrarem e
movimentarem a economia norte-americana, porque sofre enorme pressão
migratória, melhor para os outros destinos. No caso do Brasil, queremos gerar
emprego e renda para a população. Atualmente temos mais de 12 milhões de
brasileiros procurando emprego.
ANT: A dispensa do visto de forma unilateral não
coloca o Brasil numa posição de desvantagem política em relação aos demais
países?
MB Eu penso o contrário. Quando só dispensamos os
vistos aqueles turistas de países que não exigem vistos para os brasileiros,
estamos delegando uma decisão estratégica nossa para os líderes de outras
nações. Estamos, na realidade nos apropriando de uma decisão da qual nunca
deveríamos ter aberto mão. Como ministro do Turismo do Brasil quero
intensificar ao máximo o fluxo de visitantes nos nossos destinos com visitantes
nacionais e internacionais.
ANT: Se a medida passar a valer, os turistas dos
países beneficiados poderão entrar para sempre no Brasil?
MB: Não. A proposta do Ministério do Turismo é
fazer um teste por um período experimental de dois anos e medir o impacto. Cada
visitante, pela nossa proposta, pode ficar apenas 90 dias no nosso país. Caso a
dispensa não movimente a economia como esperamos, o governo pode recuar e
voltar a exigir os vistos.
ANT: Como foram selecionados os países a serem
beneficiados? Já há alguma previsão de impacto da dispensa de vistos para a
economia?
MB: Selecionamos os países com:
·
Elevado
fluxo emissivo internacional;
·
Histórico
positivo no envio de turistas ao Brasil;
·
Elevado
gasto de turistas no Brasil;
·
Baixo
risco migratório;
·
Baixo
risco para a segurança nacional;
De acordo com a Organização Mundial do Turismo
(OMT), medidas de facilitação de viagens, como a dispensa do visto, podem gerar
um aumento de até 25% no fluxo dos destinos envolvidos. Usando como base este
estudo e o histórico dos gastos dos turistas dos países beneficiados,
projetamos uma receita de até R$ 1,4 bilhão com a medida em dois anos.
ANT: Há algo mais concreto que as projeções?
MB: Sim. Nos Jogos Olímpicos fizemos um teste e
tivemos um resultado muito positivo, mesmo em um curto espaço de tempo.
Isentamos os vistos de americanos, canadenses, australianos e japoneses por um
período de 4 meses. Dos 163.104 turistas dessas quatro nacionalidades que
entraram no país, 74,06% usaram a dispensa do visto e mais de 85% disseram que
a manutenção da isenção de vistos facilitaria um retorno ao país. Estes
estrangeiros deixaram US$167,7 milhões na economia nacional, aproximadamente
8,68 vezes a mais que o valor que o Brasil deixou de arrecadar em taxas
consulares.
ANT: Todo o estrangeiro que entra no Brasil precisa
de visto?
MB: Não. Hoje o Brasil tem acordos bilaterais com
quase 90 países pelo mundo. Desta forma, não exigimos vistos dos turistas de
países da União Europeia, de toda a América do Sul, da África do Sul, México,
Rússia, Israel, entre outros, que são grandes emissores de turistas.
ANT: Existe algum risco para a segurança do país
incentivar a vinda de estrangeiros sem vistos?
MB: Acredito que as pessoas estão confundindo
facilitação consular, cujo único propósito é diminuir a burocracia para
admissão de estrangeiros no território nacional, com afrouxamento das medidas
de segurança. O visto consular nada tem a ver com risco à segurança nacional,
mas está ligado à prevenção de risco migratório.
É fundamental que as pessoas saibam que existe um
importante e exitoso trabalho sendo realizado pela Polícia Federal em nossos
aeroportos e fronteiras. É da PF a responsabilidade por fazer o controle da
entrada de estrangeiros ao país. Eles trabalham de forma integrada com outras
forças internacionais, como a CIA e a Interpol, e têm listas nacionais e
internacionais de verificação de cidadãos que apresentam risco à segurança
nacional. A triagem é feita em todas as pessoas que entram no país, com ou sem
visto. Há uma série de recursos tecnológicos à disposição para controlar de
forma efetiva a entrada de estrangeiros.
ANT: Mas a isenção de vistos não pode abrir as
portas do país para o terrorismo?
MB: É preciso desfazer esse mal-entendido. Se
pegarmos como exemplo os atentados que chocaram o mundo, como o de Nice, Paris,
ou antes, os atentados cometidos nos Estados Unidos, veremos que os autores
eram cidadãos, em sua grande maioria, europeus, dos quais não se exige visto
para entrar no Brasil. Por outro lado, não há registro histórico de atos
terroristas praticados por nenhum cidadão dos países que serão contemplados
pelo projeto que estamos defendendo – Estados Unidos, Canadá, Austrália e
Japão.
Entidades defendem isenção de vistos para países
estratégicos
As entidades de classe que representam o setor
produtivo do turismo divulgaram nesta segunda-feira (06) uma Carta Aberta em
Defesa do Turismo, na qual manifestam preocupação sobre o andamento da proposta
de isenção de vistos a países estratégicos.
O documento, assinado por 28 associações do mercado
de turismo e pela maior agência de viagens do país, cita projeção do Ministério
do Turismo, segundo a qual a isenção de vistos para esses países pode injetar
R$ 1,4 bilhão na economia nacional e impactar no aumento do fluxo de turistas
das quatro nacionalidades para o Brasil.
Confira a íntegra da carta aberta, endereçada aos
ministérios do Turismo, Fazenda, Planejamento e à Casa Civil da Presidência da
República.
CARTA ABERTA EM DEFESA DO TURISMO
No momento em que o Brasil amarga o mais alto
índice de desemprego desde 2012 e sofre com uma das maiores crises econômicas
do País, é hora de finalmente corrigir a negligência histórica com o turismo.
As entidades representativas de classe têm uma série de medidas já demandadas
para o governo no sentido de destravar os gargalos que há tempos impedem o
desenvolvimento do setor de viagens.
Medidas simples que dependem apenas de vontade
política e têm grande impacto no setor. A mídia tem veiculado que o governo
federal pretende recuar e não mais isentar o visto para turistas de países
estratégicos como os Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália. Trata-se de um
pleito antigo do mercado que, de acordo com projeções do Ministério do Turismo,
pode injetar R$ 1,4 bilhão na economia nacional.
As entidades representativas de classe do turismo
vêm, por meio desta carta aberta, defender não apenas a dispensa de visto para
países estratégicos como ocorreu na Olimpíada com um impacto extremamente
positivo, como também a elaboração de um pacote mais amplo que inclua de uma
vez por todas o turismo na agenda estratégica e econômica do governo.
Já está disponível uma série de estudos e
documentos que apontam com clareza quais os gargalos da atividade no País. O
turismo no Brasil precisa ultrapassar a marca de seis milhões de visitantes
estrangeiros, enquanto mais de 1,2 bilhão de viagens são realizadas no planeta,
segundo a Organização Mundial do Turismo.
Assinam a CARTA ABERTA
ENTIDADES E ASSOCIAÇÕES NACIONAIS:
1.
CETUR -
Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade da Confederação nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)
2.
ABAV
NACIONAL - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE
VIAGEM
3.
ABEAR -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS
AÉREAS
4.
ABEOC -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE
EVENTOS
5.
ABETA -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE ECOTURISMO E TURISMO DE
AVENTURA
6.
ABIH
NACIONAL - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE INDÚSTRIA DE HOTÉIS
7.
ABLA -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS LOCADORAS DE AUTOMÓVEIS
8.
ABOTTC -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS OPERADORAS DE TRENS TURÍSTICOS E
CULTURAIS
9.
ABR -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RESORTS - RESORTS
BRASIL
10.
ABRACCEF
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CENTROS DE CONVENÇÕES E
FEIRAS
11.
ABRASEL
NACIONAL - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE BARES E
RESTAURANTES
12.
ABRASTUR
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TURISMO SOCIAL
13.
ABRATURR
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TURISMO RURAL
14.
ABRACORP
- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE AGÊNCIAS DE VIAGENS CORPORATIVAS
15.
CLIA
BRASIL - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRUZEIROS MARÍTIMOS
16.
ALAGEV -
ASSOCIAÇÃO LATINO AMERICANA DE GESTORES DE EVENTOS E VIAGENS CORPORATIVAS
17.
ANTTUR -
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS TRANSPORTADORES DE TURISMO E
FRETAMENTO
18.
BITO -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE TURISMO RECEPTIVO
INTERNACIONAL
19.
BRAZTOA -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS OPERADORAS DE TURISMO
20.
CBC&VB
- CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE CONVENTION & VISITORS
BUREAUX
21.
FBHA -
FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPEDAGEM E ALIMENTAÇÃO
22.
FOHB -
FÓRUM DE OPERADORES HOTELEIROS DO BRASIL
23.
SINDEPAT
- SISTEMA INTEGRADO DE PARQUES TEMÁTICOS E ATRAÇÕES TURÍSTICAS DO BRASIL
24.
UBRAFE -
UNIÃO BRASILEIRA DOS PROMOTORES DE
FEIRAS
25.
UNEDESTINOS
- UNIÃO NACIONAL DOS CONVENTION & VISITORS BUREAUX E ENTIDADE DE DESTINOS
ENTIDADES REGIONAIS:
26.
ABAV SP –
Associação Brasileira de Agências de Viagens de São Paulo
27.
Aviesp -
Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São
Paulo
28.
Avirp -
Associação das Agências de Viagens de Ribeirão Preto e
Região
CVC (Agência de viagens – presidente do Conselho de
Administração da CVC, Guilherme Paulus, que é conselheiro consultivo do
Cetur/CNC)
(Fonte
: MTur / Imagem divulgação)