Você já se perguntou alguma vez qual é a cidade com
a melhor qualidade de vida do mundo?
Levantamento feito por uma consultoria colocou
Viena, na Áustria, no topo da lista das cidades onde se melhor vive em todo o
planeta.
O Brasil tem quatro representantes no ranking,
todas abaixo da posição 109ª — ocupada por Brasília. A capital do Brasil é a
primeira entre as brasileiras que aparecem na lista de 231 cidades.
Brasília (109º), Rio de Janeiro (118º), São Paulo
(121º) e Manaus (127º) estão no ranking que, pela oitava vez, elegeu a capital
austríaca como o lugar com melhor qualidade de vida no planeta. Viena alcançou
melhores notas em transporte, segurança, normas sanitárias e acesso a serviços
públicos.
AS CAMPEÃS
O principal público-alvo da lista são companhias
internacionais. A ideia é ajudar essas firmas a avaliar as cidades para envio
de funcionários ou abertura de sucursais.
"O ranking tem como foco os estrangeiros.
Então leva em conta tudo que afeta um expatriado", disse à BBC Brasil
Indre Medeiros, consultora sênior no Brasil da Mercer, empresa responsável pela
lista. Medeiros explica ainda que a base de comparação é Nova York.
Segundo Medeiros, o objetivo do ranking é ajudar o
investidor estrangeiro a contabilizar não apenas o impacto logístico e
financeiro de manter um funcionário fora, mas também avaliar o que pode
influenciar no desempenho do expatriado.
A maioria das cidades nos primeiros lugares são da
Europa. "Apesar dos últimos meses tumultuados e das dificuldades
econômicas, cidades europeias mantêm padrão alto em itens como segurança e
acesso a serviços públicos", observou o presidente da Mercer, Ilya Bonic.
Auckland, na Nova Zelândia, e Vancouver, no Canadá,
respectivamente terceira e quinta colocadas, aparecem como exceção ao
predomínio europeu no topo do ranking.
Montevidéu é a cidade latino-americana com melhor
desempenho na lista. A capital uruguaia está na 79ª colocação, seguida por
Buenos Aires (93ª) e Santiago (95ª).
A poluição, por exemplo, é um problema em Santiago.
Na Argentina, pesam fatores como "manifestações, agitação política e
instabilidade econômica".
A consultoria analisa 39 fatores agrupados em dez
categorias. Entre os itens analisados estão estabilidade política e taxa de
crimes, acesso a serviços médicos, saneamento, incidência de doenças
infecciosas e poluição; transporte público e tráfego; atividades recreacionais
e oportunidades de lazer.
A pesquisa avalia a situação de 450 cidades, mas
nem todas são ranqueadas. No caso do Brasil, foram selecionadas quatro cidades
com um grande volume de estrangeiros para entrar para a lista de qualidade de
vida.
Rio de Janeiro e São Paulo se destacam pela
facilidade de acesso de bens de consumo e atividades de lazer. "Há muita
opção para se comprar alimentos, vestuário, veículos. Há também opções de
lazer, esporte, cinemas, teatros, restaurantes", disse Indre Medeiros.
Brasília, por sua vez, tem melhor performance do
que as demais cidades brasileiras em transporte e outros serviços públicos,
opção de moradia e histórico de problemas ambientais.
A relação pacífica de Manaus com os países vizinhos
é o item em que a cidade da Amazônia mais se destaca.
PONTOS NEGATIVOS
Apesar de diferentes entre si, as quatro cidades
brasileiras compartilham, de modo geral, os pontos negativos que as derrubam no
ranking global. O Brasil vai mal na categoria "ambiente político
social" e a criminalidade é um dos itens que mais prejudicaram a
performance do país.
O Brasil registrou, por exemplo, recorde de 59,6
mil homicídios em 2014, alta de 22% em comparação aos 48,9 mil registrados em
2003. A taxa de 29,1 casos por 100 mil habitantes também foi a maior já
registrada na história, conforme levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
QUALIDADE DE VIDA
Países da América Latina
79. Montevidéu (Uruguai)
93. Buenos Aires (Argentina)
95. Santiago (Chile)
97. Cidade do Panamá (Panamá)
109. Brasília (Brasil)
110. Monterrey (México)
110. São José (Costa Rica)
115. Assunção (Paraguai)
118. Rio de Janeiro (Brasil)
121. Quito (Equador)
121. São Paulo (Brasil)
124. Lima (Peru)
127. Manaus (Brasil)
128. Cidade do México (México)
129. Bogotá (Colômbia)
139. Santo Domingo (República Dominicana)
147. Port of Spain (Trinidad e Tobago)
157. La Paz (Bolívia)
174. Manágua (Nicarágua)
183. São Salvador (El Salvador)
188. Tegucigalpa (Honduras)
189. Caracas (Venezuela)
192. Havana (Cuba)
228. Porto Príncipe (Haiti)
A dificuldade de aplicação de leis de forma
democrática e equilibrada é outro fator negativo, assim como a instabilidade
política interna, afirmou Medeiros. O cenário econômico ruim e a precariedade
de serviços públicos, sobretudo transporte, também comprometeram a performance.
"Os protestos de 2016, a conjuntura
politico-econômica, o agravamento da criminalidade, os escândalos de corrupção,
a situação do transporte público, a estrutura dos aeroportos e disponibilidade
de voos. Todos esses fatores combinados colocam o Brasil em situação de
desvantagem em relação aos vizinhos da América do Sul", disse a consultora
da Mercer.
AS PIORES
O relatório também enumera as cidades com pior
qualidade de vida do mundo, das quais o Brasil não faz parte. Bagdá, a capital
do Iraque, ocupa o último lugar do ranking de 2017.
Logo antes, estão Bangui (República Centro
Africana), Sana (Iêmen), Porto Príncipe (Haiti), Cartum (Sudão), Ndjamena
(Chade), Damasco (Síria), Brazzaville (Congo), Kinshasa (República Democrática
do Congo) e Conacri (Guiné).
Além de aplicar questionários com expatriados, a
empresa coleta dados em órgãos governamentais e acompanha a imprensa local.
"São várias as fontes de informação para cruzar, contextualizar e analisar
os dados. Há ainda um comitê de qualidade para verificar os dados", diz a
consultora.
(Fonte : BBC Brasil / Imagem divulgação)