Seis
anos depois de ser anunciada, a nova torre de controle do Aeroporto de
Congonhas, na zona sul de São Paulo, finalmente entrou em funcionamento. Com 40
metros de altura – o dobro da estrutura atual –, a torre deverá acabar com os
pontos cegos e oferecer melhor visibilidade das pistas e do pátio de aeronaves
para os controladores que ficam no local.
A mudança aconteceu na semana passada e ainda não foi anunciada oficialmente
pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). A torre antiga ainda está
servindo como uma espécie de “backup” da nova e continuará assim pelo menos por
mais um mês, enquanto todos os ajustes de aparelhagem e sistema são feitos.
Além
da altura, a localização da nova torre também vai facilitar o trabalho dos
controladores. Ela ficará em uma posição mais central, permitindo uma visão
ampla de todo o sítio aeroportuário. A antiga era considerada adequada, mas
ficou obsoleta com o aumento do tráfego aéreo – Congonhas é o único aeroporto
do mundo a ter um controlador específico para monitorar pousos e decolagens de
helicópteros, por exemplo.
MAIS AVIÕES
A
modernização do controle de tráfego de Congonhas também se torna mais urgente à
medida que o governo federal estuda uma reformulação geral no uso do aeroporto.
Tanto
a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) quanto a Secretaria de Aviação Civil
(SAC) querem tirar slots (horários para pouso e decolagens) das companhias que
utilizam mal o espaço, ou seja, atrasam ou cancelam determinados voos de
maneira recorrente.
SAC
e Decea também estudam dar à aviação comercial os 4 slots da aviação geral, que
são usados hoje por jatos e helicópteros. Assim, todas as 34 movimentações
(pousos ou decolagens) por hora ficariam com os aviões comerciais. Às aeronaves
particulares restariam apenas os chamados “slots de oportunidade” – horários
vagos do aeroporto.
Fontes
ouvidas pelo Estado veem com ressalva
o aumento do tráfego em Congonhas, já que faltariam estrutura e segurança para
mais passageiros. “Se você coloca mais voos e o aeroporto fecha por causa de
uma chuva, o transtorno passa a ser muito maior do que já é”, disse uma pessoa
do setor.
ATRASOS
Prometida
pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) desde o
acidente com o Airbus da TAM que matou 199 pessoas, em 2007, a obra da nova
torre de controle só teve início dois anos depois. O orçamento inicial, de R$
11 milhões, saltou para R$ 14,5 milhões.
A
promessa era de que ficasse pronta em 2010, mas a Infraero só comprou os
equipamentos necessários em 2011 e eles levaram mais um ano para ser
instalados. Mesmo com o projeto da nova torre, a antiga chegou a passar por
reformas. Quando for desativada, não será demolida nem transformada porque o
aeroporto é tombado pelo patrimônio histórico.
● Movimento
3,6 milhões de passageiros passaram por Congonhas em março, quase a mesma
quantidade (3,8 milhões) do mesmo mês em 2012
PARA LEMBRAR
1ª estrutura é dos anos 1950
Em dezembro de 2007, no auge da crise aérea, o Aeroporto de Congonhas chegou a
operar com uma torre provisória. Ficava ao lado da antiga e tinha o mesmo
tamanho. A mudança aconteceu enquanto a torre então em uso era reformada por
completo. A obra durou quatro meses e a estrutura antiga foi reinaugurada em
maio de 2008. Construída na década de 1950, a torre começou a ficar obsoleta no
início dos anos 2000, quando o aeroporto ampliou a área de embarque, construiu
um estacionamento e, consequentemente, ganhou mais passageiros.
(Fonte : Jornal O Estado de São Paulo – 08/05/13)