quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CÂMBIO FAVORÁVEL ESTIMULA BRASILEIRO A ESTUDAR NO EXTERIOR


PessoALL,

Sei que estou de férias e ainda acabando de arrumar a mudança (e bla-bla-bla), mas lendo hoje o Jornal Valor Econômico, me deparei com uma notícia que achei bem interessante. O título da matéria é :

CÂMBIO FAVORÁVEL ESTIMULA BRASILEIRO A ESTUDAR NO EXTERIOR

O câmbio favorável e o bom momento do país, somados ao aumento do interesse dos profissionais em se qualificar e, ao mesmo tempo, ter uma experiência internacional, têm feito as grandes escolas de negócios voltarem seus olhos para o Brasil. Elas estão investindo mais na atração de candidatos brasileiros, intensificando o número de apresentações e palestras no país. Um esforço que começa a dar resultados. Em algumas, o número de interessados em uma vaga triplicou.
É o caso da UCLA Anderson School of Management, braço de educação executiva da Universidade da Califórnia em Los Angeles, que viu o número de interessados do Brasil crescer 200% entre 2008 e 2010. Com o objetivo de atrair mais executivos do país e também do restante da América Latina, a instituição deve lançar, nos próximos meses, um programa internacional que terá aulas nos Estados Unidos, Chile e Brasil. Além de visitas a empresas importantes de cada região, os alunos terão palestras com executivos locais.
Vivianne Wright, sócia da MBA House, escola preparatória para candidatos aos programas internacionais, aponta um aumento de 20% no número de interessados em investir em educação executiva no exterior no ano passado. Segundo ela, a tendência é de que em 2011 o crescimento seja ainda maior. "Em função da crise, os alunos precisaram de mais tempo para se planejar financeiramente para um MBA. Agora, estão mais preparados", afirma.
Ela acredita que o câmbio favorável foi um fator determinante para que muitos alunos optassem por fazer o curso neste momento. Motivada pelo aumento na demanda, a MBA House abriu, há algumas semanas, uma unidade em Nova York para atender candidatos às escolas americanas. "O custo do MBA em uma escola de primeira linha fica entre US$ 100 mil e US$ 150 mil. Ele se mantém há alguns anos, o que mudou foi a conversão para reais, que tornou os cursos mais acessíveis."
O coordenador de novos negócios Guilherme Bcheche, que atua em uma grande empresa do setor imobiliário, é um exemplo. Após ser convidado para migrar de uma função mais técnica para a área de negócios, no ano passado, ele decidiu investir em uma formação complementar no exterior. A taxa de câmbio favorável acelerou a decisão de Guilherme, que já está participando de processos seletivos de MBA em escolas dos EUA. Sua decisão foi apoiada pela companhia. "Há poucas semanas, abri meus planos para a empresa. Consegui uma licença não-remunerada de dois anos e uma carta de recomendação para a escola."
Segundo o diretor do IE Business School para o Brasil, João Villas, nunca foi tão barato estudar fora do país. Apesar disso, os candidatos brasileiros ainda ficam em dúvida sobre optar ou não por um MBA internacional em tempos de boas oportunidades profissionais no país. "O aumento da atividade econômica causa uma melhora nos salários, bônus e outras formas de remuneração variável. Por isso, muita gente acaba adiando os planos de realizar um curso no exterior", diz. Villas ressalta que essa pode ser uma decisão de carreira equivocada, uma vez que os salários e as oportunidades de trabalho costumam crescer após um curso em uma universidade de primeira linha.
O volume de brasileiros que procura por um MBA no exterior, no entanto, não para de crescer. A estimativa, segundo Villas, é de que aproximadamente 400 brasileiros saiam do país anualmente para estudar em uma das 25 principais escolas de negócio do mundo, e o número tende a aumentar a partir de 2011. A própria IE Business School viu o número de candidatos quase triplicar nos últimos dois anos.
Kristine Laca, diretora de admissões da americana Tuck School of Business, escola de negócios do Dartmouth College, diz que hoje os brasileiros representam 5% dos alunos da instituição - número que cresce a cada ano. Embora, o percentual ainda seja pequeno, a escola tem incluído temas relacionados ao ambiente de negócios do Brasil em seu currículo. Também está levando palestrantes brasileiros e realizando projetos de consultoria para empresas do país. Kristine ressalta que a maior parte dos alunos investe no curso sem ajuda financeira de suas empresas. "Tenho visto inclusive profissionais que rejeitam patrocínio de suas companhias para não limitar futuras ofertas de emprego", diz.
A executiva da área financeira Luciana Zanini é aluna da Tuck. Com formatura prevista para 2012, ela acredita que este é o melhor momento para profissionais do país investirem em um MBA no exterior. Após o fim do curso, ela pretende voltar ao país e atuar em uma empresa de alcance global. Luciana diz que o modelo de curso 'full time', de dois anos de duração, que reúne pessoas de todo o mundo com diferentes experiências, ainda não é replicado no Brasil, o que justifica o investimento. "Acredito que existirá uma forte demanda por profissionais qualificados no país, o que irá valorizar os que fizerem o MBA nas melhores escolas".
Analilia Silva, diretora da Kelley School of Business, afirma que desde 2008 a escola reforçou o recrutamento de estudantes no Brasil. Ela vem ao país pelo menos duas vezes por ano para divulgar os programas de MBA da instituição. "Os brasileiros têm muito a oferecer nas discussões em classe. São bem preparados, têm experiência média de 5 a 7 anos de mercado e trabalham bem em times", afirma.
O fato de o Brasil estar em um bom momento econômico torna os estudantes do país mais interessantes, admite a diretora da Kelley. "Esses alunos trazem um ponto de vista único sobre o impacto de um país em desenvolvimento na economia mundial", diz.
Para acompanhar a demanda dos estudantes brasileiros que querem um ensino mais internacional, mas não pretendem deixar o país para estudar, algumas escolas de negócios locais vêm se adaptando. É o caso da Business School São Paulo (BSP), que prevê, para 2011, uma demanda 100% maior na opção dos alunos por cursos com módulos internacionais. De acordo com o diretor Fernando Marques, a estratégia para atender os alunos tem sido firmar convênios com universidades no exterior. A BSP oferece hoje cursos em parceria no Canadá, Estados Unidos e Espanha. Este ano, abrirá módulos internacionais em mais duas instituições americanas. "Os brasileiros têm sido muito valorizados nessas escolas", diz Marques.
Na FIA, o aumento de interesse dos alunos pelos módulos internacionais também é percebido. "Eles ampliam a visão do aluno sobre negócios globais, métodos de trabalho e padrões de competitividade internacionais. Além disso, estimulam o convívio multicultural, o que pode trazer um grande diferencial para a carreira", afirma James Wright, diretor educacional da Fundação.

(Fonte : Jornal Valor Econômico)