quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Capital privado, tecnologia e menos imposto: a receita que deixa a aviação brasileira mais competitiva


Melhorias na infraestrutura, favorecida pelo programa de concessões de aeroportos à iniciativa privada; cortes de impostos, que podem influenciar nos preços das passagens; e uso intensivo de tecnologia nos terminais e nas companhias aéreas podem tornar a aviação brasileira mais competitiva nos próximos anos.


Atualmente, na América Latina, o Brasil ocupa a terceira posição no ranking, atrás do Chile e do Panamá, aponta pesquisa feita pela Amadeus, fornecedora de soluções para o setor de viagens, e a Alta (Associação da América Latina e do Caribe de Transporte Aéreo.


 


Destaques


 


Segundo a executiva, na região, o Brasil se destaca nas políticas de liberalização e crescimento da infraestrutura. Os principais aeroportos estão sendo transferidos à iniciativa privada - mais 22 terminais devem ir a leilão no próximo ano. “(O Brasil) tem feito algo muito importante que é criar hubs em cidades que não sejam as capitais, reduzindo o congestionamento e proporcionando maior eficiência aérea com mais trechos diretos. ”Um dos exemplos citados por Victoria é o aeroporto de Fortaleza, que conseguiu conectar o país sem depender de um único ponto. O terminal da capital cearense atraiu um milhão de passageiros adicionais em apenas um ano graças a esse processo. E a tendência é a consolidação desse caminho, com a prorrogação da parceria entre a Gol e a Air France-KLM por mais cinco anos.


Outro fator que contribuiu para a liberalização do transporte aéreo no Brasil, de acordo com a Amadeus, foi a assinatura de um acordo de céus abertos com os Estados Unidos, que aumentou o tráfego em 14% entre 2017 e 2018. A expectativa é que ele ganhe um impulso adicional após a retirada da exigência de visto para australianos, canadenses, estadunidenses e japoneses. Chineses que tem o visto de entrada para a Europa também não precisam de uma autorização especial para poder entrar no Brasil.


 


Questão tributária na aviação


 


A questão tributária é um dos principais pontos de preocupação para a indústria aérea, destaca ela. A Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci) destaca que existem cerca de 130 impostos e tarifas sobre passagens aéreas na América Latina. “Muitos dos quais não estão destinados a impulsionar a infraestrutura ou cobrir os custos de serviços relacionados à aviação", aponta o relatório da Amadeus e da Alta.


Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês), a América Latina é um lugar muito caro para se fazer negócios. Impostos, taxas e políticas governamentais sobrecarregam as companhias aéreas e “sufocam” as viagens aéreas, tornando-as mais caras do que o necessário. Um dos exemplos é o custo do combustível. Segundo a Amadeus, a região é pouco competitiva. Enquanto o custo do combustível correspondeu a uma média global de 24% dos custos operacionais, na América Latina esse percentual supera os 30%. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) reclama que o país é o único no mundo com impostos regionais sobre o combustível de aviação. Mas há sinais de melhora, destaca Victoria Huertas, da Amadeus. Um dos exemplos é o corte do ICMS em alguns estados e no Distrito Federal. As reduções do tributo permitiram compensar o fim da Avianca, que parou de voar em maio, e turbinaram novas rotas aéreas.


 


Pontos fortes da aviação brasileira


 


Os pontos-forte do Brasil são a tecnologia e a facilitação para o passageiro. “Isto é um reflexo da grande penetração de smartphones no Brasil”, cita a executiva. Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que, em agosto, eram 228,2 milhões de terminais para uma população de 210 milhões de pessoas. “O brasileiro é conectado e isso contribuiu desenvolvimento de aplicativos por parte das empresas aéreas, que facilitam o dia a dia no aeroporto.” Um dos destaques, segundo ela, são os cartões de embarque virtuais. “E há aeroportos, como o de Guarulhos, que estão automatizando o processo de leitura desses cartões.”


 


Tendências


 


Segundo a Airbus, um dos maiores fabricantes mundiais de aviões para passageiros, as viagens aéreas na América Latina deverão duplicar nos próximos 20 anos, “graças a uma classe média incipiente e à transformação dos modelos de negócios das companhias aéreas, que farão que as viagens aéreas sejam cada vez mais acessíveis.”  A expectativa é de que, em 2037, sejam feitas cerca de 0,9 viagens por pessoa. A média atual é de 0,4.“A América Latina é um mercado muito interessante para a aviação, dadas as grandes extensões territoriais e a falta de meios alternativos, como trens”, aponta o relatório publicado pela Amadeus e pela Alta.


 


(Fonte : Gazeta do Povo – 04/11/19)

ANAC recebe contribuições sobre futuro dos drones no país



A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) abre, nesta terça-feira (5), para participação social, o processo de tomada de subsídios sobre o futuro das aeronaves não tripuladas no Brasil, popularmente conhecidos como drones. As contribuições serão recebidas até 5 de fevereiro de 2020.

Após mais de dois anos de vigência do Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial nº 94 (RBAC-E nº 94), que dispõe sobre os requisitos gerais para aeronaves não tripuladas de uso civil, e considerando o desenvolvimento da aviação não tripulada e a proliferação dessa tecnologia em diversos setores, a Agência identificou a necessidade de rediscutir o assunto para permitir a contínua evolução do mercado em condições seguras.

O anúncio da abertura da tomada de subsídios aconteceu nesta terça-feira durante participação da ANAC no 8º Fórum Empresarial de Drones, que está acontecendo em São Paulo.

A tomada de subsídios é um mecanismo que possibilita a participação da sociedade e de regulados durante as fases preliminares do processo regulatório da Agência e contempla diferentes técnicas de coleta de dados, ideias, sugestões e opiniões sobre determinado tema.

As contribuições serão recebidas eletronicamente, por meio da plataforma AUDPUB, disponibilizada no portal da ANAC, por meio do link a seguir: https://sistemas.anac.gov.br/NovoAudPub/Contribuicao/ManterContribuicao?idAudiencia=2073, no período de 5 de novembro de 2019 a 5 de fevereiro de 2020. 


(Fonte : ANAC – 05/11/19)

Aeroporto de Madri pode se tornar o super-hub da Europa para os sul-americanos



A venda da Air Europa ao Grupo IAG, do qual faz parte a Iberia sua maior concorrente, poderá agitar o Aeroporto Internacional de Barajas, em Madri, consolidando-o como o principal centro de conexões para os passageiros sul-americanos que viajam à Europa.

 


Novas oportunidades




Atualmente, a Iberia já oferece um serviço amplo à região desde sua casa-matriz em Madri e o mesmo acontece com a Air Europa. Respectivamente, elas voam para 13 e 14 destinos na América do Sul num total de 300 voos semanais, segundo a OAG. Quando combinados os destinos, chega-se a 18 cidades atendidas – serão 20 no próximo ano – em 10 países diferentes, a saber: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Durante a conferência para falar da proposta de aquisição da Air Europa, o CEO do IAG, Willie Walsh, fez questão de afirmar que obter uma maior liderança nas operações do Atlântico Sul foi um fator primordial para a decisão.



Super-hub de Madri


 


Para muitos sul-americanos, Madri é o lugar mais fácil de se chegar à Europa, seja pelo idioma, seja pelos preços. Além disso, hoje são duas empresas separadas, mas quando estiverem juntas, suas malhas aéreas ao redor do mundo serão ainda mais completas e isso tem o potencial extraordinário de transformar Madrid num super-hub para os passageiros que vêm do sul.

Além de não existirem tantas opções econômicas em outras cidades europeias, as taxas aeroportuárias da capital espanhola são muito mais baixas do que o restante da Europa ocidental. Portanto, os sul-americanos costumam voar para lá antes de embarcar em voos para cidades como Londres e Paris. A longa relação entre a Espanha e a América do Sul ajudou no processo, resultando na interconexão que os povos têm hoje. Com exceção do Brasil, o idioma comum facilita para os cidadãos de ambas as regiões realizar negócios ou turismo do outro lado do Atlântico.

Além disso, há um incentivo extra para muitos sul-americanos viajarem para Madri quando se trata de trabalho. De acordo com a Expatica, cidadãos de países “hispano-americanos” que moram na Espanha só precisam esperar dois anos antes de solicitar a cidadania, essa regra também aplica para brasileiros. Portanto, com uma conectividade maior entre as duas terras, muitos sul-americanos podem ser incentivados a usar a capital espanhola como porto de chegada.

Muitos países da América do Sul, como Bolívia, Chile e Venezuela, estão passando por incertezas políticas e econômicas no momento. Esses problemas dificultam a manutenção de um padrão de vida dos seus moradores atualmente, que podem buscar a sorte em outro país. O The Guardian relata que, devido à abordagem rígida dos Estados Unidos em relação à imigração, muitos latino-americanos estão escolhendo a Europa como o lugar a quem recorrer.

 


Região importante




No entanto, não são apenas os passageiros da América do Sul que estão usando a conectividade. Muitos cidadãos espanhóis estão se voltando para a América do Sul em busca de oportunidades. Por fim, a Argentina possui a maior quantidade de cidadãos espanhóis fora da Espanha, com mais de 400.000 cidadãos. O voo longo, porém direto, entre Madri e Buenos Aires, torna a migração muito mais simples.

Madri é um importante centro para as operações sul-americanas e está demonstrando possuir um potencial ainda maior. Será interessante ver o que o IAG faz com as novas oportunidades que lhes são apresentadas.


(Fonte : Aeroin – 06/11/19)