sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

CENÁRIO NEGATIVO PREJUDICA O TURISMO


As belezas naturais e a personalidade alegre e hospitaleira dos brasileiros são os fatores que mais atraem turistas estrangeiros. Por outro lado, aspectos negativos, entre eles infraestrutura inadequada, anulam essa percepção para muitos viajantes que desembarcam no país. É o que se depreende de levantamento feito pela FSB Pesquisa durante a Rio+20. A empresa ouviu 230 estrangeiros, entre jornalistas e membros de delegações de governos que desembarcaram nos aeroportos do Galeão, Guarulhos, Confins e Manaus, pouco mais da metade em sua primeira viagem ao país.
Divulgado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), a pesquisa aponta que 36% dessa amostra de formadores de opinião mostraram-se plenamente satisfeitos com a viagem ao país. Por outro lado, 23% admitiram que suas expectativas foram apenas razoavelmente atendidas. Outros 4% afirmam que o que encontraram aqui não correspondeu, absolutamente, às suas expectativas. Entre os vilões mencionados, destacam-se as dificuldades relacionadas com trânsito ("ruim" ou "péssimo" para 81% dos entrevistados) e infraestrutura de turismo, incluindo hotéis e aeroportos.
A pesquisa, embora restrita, confirma o senso comum e análises de especialistas sobre os gargalos que desaceleram o desenvolvimento do turismo brasileiro. Phillippe Vuaillat, diretor delegado da francesa Egis, especializada em infraestrutura com ênfase no setor de transportes, destaca a ausência de conexão entre aeroportos, portos, sistema ferroviário ou metrô como um dos fatos mais difíceis de um visitante compreender, quando desembarca pela primeira vez no Brasil. "É o primeiro grande impacto de quem chega para turismo de lazer ou negócios, não encontrar um sistema de transporte integrado que o leve rapidamente ao centro ou a regiões mais distantes", diz o executivo.
O diretor não tem dúvidas de que esse tipo de gargalo, entre outros, resulta em perdas do turismo brasileiro para outros destinos no mundo. Com base em sua experiência no desenvolvimento e implementação de grandes projetos de transportes e mobilidade urbana, o especialista observa que a maioria dos países que se assemelham ao Brasil por, ao mesmo tempo, atraírem e exportarem turistas, avançaram muito nas últimas duas décadas na construção de sistemas sofisticados que recebem o passageiro no aeroporto, por exemplo, e o leva a qualquer lugar. "São sistemas modernos e integrados que não envolvem apenas ônibus ou taxis", diz Vuaillat.
Luiz Cláudio Campos, sócio de transações da Ernst & Young Terco, destaca que o risco de perda de turistas para outros destinos cresce no mundo globalizado, em que viajantes têm mais acesso a informações que possibilitam comparações. "Investir apenas em aeroportos não é suficiente para que o viajante que se depara com outras dificuldades tenha predisposição de voltar, e isso vale para turismo doméstico e internacional", diz.
A Ernest & Young Terco, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), elaborou estudo sobre os impactos socioeconômicos da Copa de 2014. Os analistas apontam que o evento esportivo pode ser a grande oportunidade para o turismo finalmente se beneficiar da crescente visibilidade que o país já experimenta no cenário internacional - e que deverá aumentar em 2014, com a previsão de R$ 6,5 bilhões em investimentos com publicidade e informação associada à Copa do Mundo, segundo a consultoria.
Os analistas lembram que há cinco anos o número de turistas estrangeiros que vêm ao Brasil se mantém praticamente inalterado, em torno de 5 milhões. Para efeito de comparação, eles mencionam que, em 2009, o México recebeu quatro vezes mais, em torno de 21,5 milhões de turistas, segundo dados do Ministério de Turismo mexicano.

(Fonte : Jornal Valor Econômico / imagem divulgação)

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