quinta-feira, 2 de agosto de 2012

TURISMO INTERNO PUXARÁ SETOR ATÉ O FINAL DO ANO


A indústria brasileira do turismo parece começar a migrar com maior fôlego para a oferta de viagens dentro do País, em detrimento das excursões ao exterior, como resultado do enfraquecimento da moeda local, o real. Em 2012 este setor da economia nacional vai gerar R$ 378,6 bilhões em receitas, o que corresponde a um crescimento de 6,2% sobre o ano passado. Após um 2º trimestre relativamente fraco, empresários do ramo creem que estes últimos seis meses trarão de volta a vitalidade ao turismo nacional. Até o final de dezembro, 8 milhões de brasileiros estarão trabalhando com turismo, contra 7,6 milhões em 2011.
Olhando a longo prazo, a atividade deve crescer no País a um ritmo médio anual de 5,1% até 2022, ano no qual esta indústria provavelmente estará aportando R$ 622,6 bilhões ao nosso Produto Interno Bruto (PIB) - o que corresponderá a quase 10% de toda a riqueza que o Brasil gerará anualmente então. Em 2022, também, o turismo empregará mais de 10 milhões de brasileiros - ou seja, 1 em cada 11 habitantes do País tirará seu sustento da atividade.
Mas, desde já, as operadoras da atividade estão redirecionando seu foco ao turismo interno. Um exemplo disto é a Schultz, que até abril deste ano só vendia pacotes de viagem internacionais. Em maio, tomou a decisão: passou a comercializar também o turismo interno. "Esperamos que, até o final de 2012, entre 10% e 15% de nosso movimento venha de viagens dentro do País", conta Ricardo Pontilho, gerente-comercial da operadora.

2012

Estes são alguns dos dados e previsões que a principal entidade representativa do setor no País, a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), revelou ontem, durante o lançamento de seu Anuário 2012. São números fortes, mas poderiam ser bem melhores em um País dono de tanto potencial para esta atividade como o nosso. Mas o que falta ao turismo brasileiro? "Nos diversos aspectos da infraestrutura para o turismo, nós somos fracos [ver infográfico]", responde Marco Ferraz, presidente da Braztoa. "Também falhamos bastante em itens como preços competitivos e regras para o setor. Falta priorizá-lo mais no País."

CLASSE C

O fato é que este ano vem sendo de fortes emoções para o turismo brasileiro. Após ter crescido à taxa de 7% em 2011, ele ameaçava uma performance ainda melhor em 2012 até o começo do segundo trimestre - mas, então, a crise mundial enfim bateu às portas da economia nacional. "Estávamos indo bem até abril; em maio, junho e no começo de julho a demanda por viagens caiu bastante.
Agora estamos experimentando uma retomada que deve se estender até o final do ano", aposta Ferraz. E esta retomada, como dito, vem ancorada no turismo interno. "Devido à desvalorização do Real, as viagens dentro do País estão crescendo mais que as feitas para fora do País. O Brasil está se tornando mais competitivo no panorama mundial do setor devido ao câmbio", adianta o presidente da Braztoa.
Outra tendência expressiva para a atividade neste ano é a continuidade da entrada da classe C nas contas do turismo nacional. Um efeito claro disto é que vêm crescendo as vendas de pacotes de viagem no País - mas o valor dos mesmos está diminuindo. Em 2011 os preços de excursões caíram em média 5%, em termos reais, nas principais cidades brasileiras.

VISTOS

Apesar das boas expectativas, há uma pedra no sapato de nosso turismo que persiste há tempos: a exigência de visto de entrada aos americanos que queiram vir o País. Brasília recusa-se a revogar esta medida enquanto os EUA não permitirem aos brasileiros entrarem sem visto no território americano. A briga é política, mas quem sofre são as companhias aéreas, hotéis, restaurantes, casas de show e todos os demais negócios que, no Brasil, dependem em grande medida de visitantes estrangeiros.
"Ter de tirar visto para ir ao Brasil representa um custo logístico e monetário que muitos turistas americanos não estão dispostos a pagar", explica Frederico Turolla, da consultoria Pezco. De alguns anos para cá a embaixada e os consulados dos EUA vêm tornando mais simples e rápida a concessão de visto aos brasileiros. O que todos aguardam, porém, é que a exigência caia, abrindo espaço para que o Brasil faça o mesmo em relação aos americanos. "Hoje, cerca de 20% dos visitantes estrangeiros ao Brasil precisam de visto para entrar no País. Uma reforma nesta política poderia aumentar a visitação internacional ao Brasil em 10% ao ano", diz David Scowsill, CEO do Conselho Mundial de Viagens e Turismo.
Ferraz, porém, finaliza chamando a atenção para o cada vez maior número de visitantes que Argentina, Uruguai, Chile e outras nações vêm nos mandando nos últimos anos. "Precisamos investir mais em propaganda nos países vizinhos, de onde recebemos mais gente. É neles que está muito do futuro do turismo brasileiro", aposta o executivo.

(Fonte : DCI / imagem divulgação)

Nenhum comentário:

Postar um comentário