Juntos, formam a nata da cozinha italiana e somam 13 estrelas no guia 'Michelin'
Em 1907, um personagem do romancista europeu Somerset Maughan confessa que chegou a uma idade em que "o amor, a ambição e a riqueza se tornaram insignificantes diante de um bife realmente bem grelhado". Imaginei o que diria esse mesmo personagem, mais de cem anos depois, sobre o jantar desta segunda, no Terraço Itália.
Estavam reunidos na mesma cozinha 11 chefs italianos -ao todo, 13 estrelas "Michelin". Ali fariam o "Jantar das Origens", evento beneficente promovido pelo Senac e pela revista "Prazeres da Mesa".
Foi no 41º andar daquele prédio histórico que cem pessoas desfrutaram de um menu harmonizado com vinhos, a R$ 3 mil. Surgiam criações incrementadas com ingredientes trazidos na mala, da Itália, como os cubos de peixe-espada, que marinaram por três dias no mel antes de serem submetidos a um choque térmico (inspirado na técnica japonesa do shabu-shabu) até alcançarem textura agradável -a carne parece cozida, mas é crua.
O contrafilé de vitelo, de Aimo Moroni, foi comprado aqui, mas o ruibarbo que lhe deu graça veio de lá. Na sobremesa, Andrea Berton brilhou com seu "tiramisù desconstruído", que combinou texturas sem apagar os sabores clássicos do doce italiano.
Melhor, confesso, se o jantar fosse embalado ao som de Louis Prima e Paolo Conte. Mas não: uma sequência infeliz de músicas americanas tirou minha concentração.
Também me inquietou a temperatura em que os pratos chegaram à mesa -quase frios. No mais, o serviço correu delicado, discreto, atencioso. Foi um jantar coberto por uma aura italiana, festiva e amorosa.
(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo)
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