quinta-feira, 9 de junho de 2011

VOO DESVIADO DE CONGONHAS NÃO PODERÁ IR PARA CUMBICA

Quando Congonhas fechar, passageiros podem ter que ir para Viracopos (Campinas), Minas ou Rio de Janeiro

Por falta de vagas no pátio para os aviões estacionarem, a Infraero (estatal responsável pelos aeroportos) proibiu o desvio de voos para o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, nos horários de maior pico.
A regra está em vigor desde 5 de maio e vai ao menos até 2 de agosto. Após esse período, ela deve ser renovada, segundo a Aeronáutica.
Antes, quando os aeroportos de Congonhas ou de Viracopos, em Campinas, fechavam por razões climáticas, os voos iam para Cumbica.
Agora, os desvios só serão autorizados se estiverem fora do pico, que vai das 7h30 às 11h30 e das 18h30 às 22h30.
Para os passageiros, a mudança significa no mínimo esperas ou atrasos, não raro superiores a três horas.
Foi o que aconteceu na quinta-feira da semana passada, por exemplo, quando oito voos de Congonhas pousaram em Viracopos por conta da falta de visibilidade.
Os voos de Congonhas são enviados preferencialmente para Viracopos, quase três vezes mais distante que Cumbica; um fica a 38 km, o outro, a 101 km do aeroporto.
Só de trânsito, sem contar tempo de desembarque e espera, o trajeto leva em torno de uma hora e meia.
A companhia, nesses casos, é obrigada a providenciar transporte para levar os passageiros até São Paulo.
Os voos podem ir parar também em Confins (MG) ou no Galeão (RJ). Mas, nesses aeroportos, ninguém desembarca; as aeronaves ficam paradas até Congonhas ou Viracopos reabrir. Para o passageiro, mais espera.
Um avião muda a rota quando há problema meteorológico na região do aeroporto para o qual irá.
Em área urbana, Congonhas, por exemplo, fecha não só por falta de visibilidade mas também por chuva forte, desde que um Airbus atravessou a pista ao pousar e explodiu. O acidente, em 2007, matou 199 pessoas.
NÃO HÁ VAGAS

Nos horários em que a Infraero proibiu o desvio para Cumbica, todas as vagas de estacionamento de aviões estão ocupadas.
A prioridade é não atrasar a operação existente. Receber novos voos sobrecarregaria a estrutura já saturada.
O aeroporto, o maior do país, tem 61 posições de pátio. O problema irá se estender ao menos até 2013, quando a Infraero prevê inaugurar mais 42 vagas para aviões.
A Infraero limitou-se a dizer que a norma era "autoexplicativa". Procurada por mais dois dias, a empresa não se pronunciou.

Analista critica falta de vaga em Cumbica

Aumento de voos no terminal foi de 11% de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2010
A decisão da Infraero em proibir o desvio de aeronaves se deve ao esgotamento de Cumbica, que opera acima da capacidade em um momento em que o tráfego aéreo não para de crescer.
O aumento de voos no aeroporto foi de 11% de janeiro a abril deste ano, em relação ao mesmo período de 2010.
O número de passageiros subiu na mesma proporção; o terminal de passageiros de Cumbica opera 30% acima da capacidade.
"Cada vez mais a deficiência de estrutura prejudica o transporte aéreo", diz Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas). O ideal, ele diz, era que os voos desviassem para Cumbica.
A falta de vagas para aviões estacionarem no pátio é um problema crônico dos aeroportos brasileiros que atravanca o crescimento do setor, diz Elton Fernandes, pesquisador do Núcleo de Estudos em Tecnologia, Gestão e Logística da Coppe, programa de pós-graduação em engenharia da UFRJ.
"Guarulhos, se olhar só a pista, abrigaria muito mais movimentos do que têm hoje. Essa limitação é por falta de pátio", afirma. Ele ressalta que há urgência também na ampliação do terminal de passageiros, integrante do pacote da Copa-2014.
Em Congonhas, por exemplo, as pistas têm capacidade para 48 movimentos por hora. Pátio e terminal de passageiros, no entanto, são insuficientes. O governo limitou o tráfego, por medida de segurança, a 34 operações/hora.
PISTA
No início de agosto, começa a reforma da pista maior de Cumbica.
A pista, com 3.700 metros, será interditada em 30% até dezembro, período em que irá operar com 2.500 m -a outra pista tem 3.000 m e será reformada depois.
A Infraero havia acertado com as companhias aéreas que não reduziria o tráfego no aeroporto durante a obra da pista maior.
Ficou combinado que os aviões de grande porte, como o Boeing-777, usados em viagens intercontinentais, decolariam com menos peso, o que impactaria a carga e o número de passageiros.
Duas simulações de como será a obra estão marcadas para julho.

Empresário fica 3h dentro de aeronave parada no aeroporto
O empresário Edgard Corona, 54, descreve como "quase cárcere privado" o período de três horas em que ficou preso em um avião da TAM que ia de Guarulhos a Recife, ontem.
Segundo a companhia aérea, o voo 3502, com 216 passageiros, teve a decolagem atrasada das 13h15 para as 16h16, e só chegou em Recife às 19h.
A causa, afirma a empresa, foi uma "readequação na malha" e falta de funcionários, provocadas pelos transtornos nos aeroportos após as chuvas de anteontem.
Para quem embarcou, no entanto, foi outra a explicação dada pelos tripulantes do voo 3502 para o confinamento dentro da aeronave.
"O piloto mentiu dizendo que havia um problema na pista e 11 voos na nossa frente. Faltava é tripulação. Havia passageiro nervoso querendo sair e o comandante dizia que não podia abrir a porta", conta Corona, que perdeu uma reunião".
(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo / imagem divulgação)


Nenhum comentário:

Postar um comentário