quinta-feira, 9 de junho de 2011

CURITIBA : INFRAESTRUTURA DA CIDADE É MUNDIALMENTE FAMOSA

O nome da cidade vem do idioma guarani e quer dizer "grande quantidade de pinheiros; pinheiral". O escritor Millôr Fernandes não perdeu tempo e fez uma piada com o nome, para, em seguida, elogiar a transformação aplicada na infraestrutura da cidade nos anos 1970.
Dessa primeira etapa de urbanização, surgiram as canaletas do expresso -locais nos quais só transitam ônibus e que serviram de modelo para várias cidades. Como São Paulo e seus corredores.
"Curitiba sempre foi e ainda é um modelo nesse sentido", diz Fabio Duarte, diretor de mestrado e doutorado em gestão urbana da PUC-PR. "Com a diferença de que, se em São Paulo há diversas linhas de muitas regiões passando, em Curitiba há no máximo duas - a interligação se faz com os alimentadores, ônibus que cobrem as regiões da cidade", diz ele.
A manutenção dessa infraestrutura, contudo, vem sofrendo críticas de especialistas - e do próprio povo curitibano que usufrui dela.
"Houve abandono. Exemplo disso é o fato de que Curitiba foi a primeira cidade do Brasil a ter uma malha cicloviária com mais de 100 km, e faz dez anos que a Prefeitura não investe nas ciclovias existentes", afirma Duarte.
"Curitiba investe em novas linhas de ônibus, como o recém-inaugurado [no mês de abril] Ligeirão. Porém, as linhas atualmente existentes têm uma manutenção precária", critica o diretor.
Mesmo assim, a urbanização de Curitiba ainda detém importância mundial. "Há uma degradação desse patrimônio, mas ele ainda é uma referência. Quando se compara Curitiba com outras cidades no Brasil, quem dera se ela fosse copiada. As cidades seriam melhores."
A reportagem da Folha procurou, mas não conseguiu localizar um porta-voz da prefeitura para comentar o assunto.

ÔNIBUS TURÍSTICO LEVA VIAJANTES A 25 ATRAÇÕES

Em pequenos grupos, turistas vão se juntando diante de um ponto de ônibus na praça Tiradentes, marco zero da capital -todos curiosos para desvendar as atrações pelas quais o coletivo, cuja passagem custa R$ 25 (com direito a quatro descidas e retornos em 25 pontos), passa.
Vale a pena? "Vale", diz uma turista carioca, que não quis se identificar, à Folha. "O Rio é lindo, tem paisagens deslumbrantes, mas não oferece essa infraestrutura para o turista que Curitiba tem." Mas atenção: leve agasalhos no frio e reserve um tempo mínimo para a duração do trajeto, que é de 2h30.

DIVERSIDADE DE ETNIAS DA EUROPA MARCA O PARANÁ

Frio que quase corta a alma, pinhão, barreado, múltipla colonização europeia: são muitas as características culturais que vêm engatadas à imagem das cidades do Paraná e da capital, Curitiba.
A metrópole paranaense concentra mais de 1,7 milhão de habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e ostenta uma fama que chega a causar um certo orgulho ao curitibano mais tradicional: a de que os moradores locais são blasés e frios, tal como o clima da cidade (que, não raro, desce às escalas negativas da medição em graus Celsius).
"A explicação de que o clima é um fator que influencia o humor do curitibano é de um determinismo geográfico muito pueril", aponta a socióloga Simone Meucci, professora da Universidade Federal do Paraná.
"São duas as possibilidades que vejo para isso. A primeira é a composição étnica da cidade, do final do século 19 até a década de 1930, época na qual havia uma tensão muito grande entre povos europeus que vieram para Curitiba, povos que eram algozes em sua história, e que, por isso, não interagiam entre si", declara a socióloga.
De acordo com um levantamento realizado pela Prefeitura de Curitiba no ano passado, "alemães, franceses, suíços, poloneses, italianos, ucranianos, nos centros urbanos ou nos núcleos coloniais, conferiram um novo ritmo de crescimento à cidade e influenciaram de forma marcante os hábitos e costumes locais".
"A outra explicação provém da ideia de uma cultura camponesa de ambiente familiar em detrimento de uma cultura cosmopolita, de que os imigrantes prezavam a família como esteio, sem interagir com os vizinhos", diz.
Mas, embora a fama de "carão" seja muito difundida, as próprias mudanças na sociedade de Curitiba acabaram derrubando essa teoria.
Segundo uma pesquisa conduzida pelo Instituto Ethos, 51% dos habitantes da capital paranaense são provenientes de outras cidades.
"Muitas coisas das quais se fala do curitibano caíram por terra", observa Simone.
"É difícil encontrar um curitibano hoje. A cidade está cada vez mais cosmopolita, com a vida noturna se diversificando.
E isso é um movimento intenso que ocorre desde os anos 1990", completa.
Para ela, a mudança é correlacionada com a economia mais dinâmica e com processos de migração e emigração.

(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo / imagem divulgação)

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