quinta-feira, 5 de maio de 2011

BAIXO INVESTIMENTO EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE COMPROMETE CRESCIMENTO ECONÔMICO, DIZEM ESPECIALISTAS



O baixo investimento em infraestrutura e a ausência de planejamento para o setor de transportes ameaçam o crescimento econômico do País. A advertência foi feita nessa quarta-feira (4), em audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), presidida pelo senador Benedito de Lira (PP/AL), por especialistas ligados ao ramo. Essa primeira reunião, designada a tratar da Importância da Logística para o Desenvolvimento Regional, faz parte de um ciclo de debates, realizados pela CDR, com a finalidade de examinar os entraves existentes ao desenvolvimento regional no Brasil.
Para o coordenador-geral de Planejamento da Secretaria de Política Nacional de Transporte, Luiz Carlos Rodrigues Ribeiro, a origem dos problemas estava nos baixos investimentos do país em infraestrutura de transportes, que foram reduzidos de 1,8% do produto interno bruto (PIB) na década de 70 para apenas 0,2% do PIB em 2002.
Ribeiro disse que outro prejuízo para a infraestrutura de transporte decorre da ausência de planejamento do setor, problema que teria sido superado com o Plano Nacional de Logística e Transporte. Com base nele, o governo projeta investimentos de R$ 428 bilhões no período de 2008 a 2025. “Grande parte desses investimentos já está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e, portanto, em execução”, frisou.
Um dos problemas atacados por esse plano, segundo o coordenador, é o "desbalanceamento da matriz de transporte". O que se pretende é reduzir, no transporte de cargas, o predomínio do uso de rodovias, dos atuais 58% para 30% em 2025. O plano prevê que 35% das cargas passariam a ser transportadas por ferrovias e 29% por aquavias (hoje, a participação é respectivamente de 25% e 13%). “Dessa forma, o governo busca um maior equilíbrio na matriz de transportes e dá sua contribuição para a preservação do meio ambiente”, afirmou.
De acordo com o secretário executivo do conselho de infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Wagner Cardoso, a indústria brasileira deverá enfrentar, em novo ciclo de expansão da economia, um conjunto de importantes restrições físicas e logísticas a seu crescimento, com impacto direto sobre sua competitividade. “Apesar dos avanços do PAC, persiste um elevado déficit na prestação de serviços de infraestrutura, em especial nos setores de transportes e saneamento. O pior é que os problemas são agravados pelo contínuo aumento da demanda”, declarou.
Quadro semelhante foi apresentado pelo coordenador do conselho de infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Ricardo Portella Nunes. Ele disse que, apesar dos grandes investimentos do PAC, o Brasil ainda tem uma das piores infraestruturas de logística, comparado com os demais países do Bric, os Estados Unidos e o Canadá. “Em quilometragem de rodovias pavimentadas, o Brasil está na última colocação quando comparado com esses países, com 212 mil km, ficando atrás de Canadá (516 mil km), Rússia (655 mil km), Índia (1.565 milhão de km), China (1.576 milhão de km) e Estados Unidos (4.210 milhões de km)”, ressaltou.
De acordo com Portella, o Brasil também fica em último na extensão de ferrovias, com 29 mil km, perdendo para Canadá (47 mil km), Índia (63 mil km), China (77 mil km), Rússia (87 mil km) e Estados Unidos (227 mil km).
O representante da Fiergs afirmou ainda que, o país é também o pior em dutos, com 19 mil km, ficando atrás de Índia (23 mil km), China (58 mil km), Canadá (99 mil km), Rússia (247 mil km) e Estados Unidos (793 mil km). “Em termos de hidrovias, o Brasil, com 14 mil km, só fica à frente dos 600 km do Canadá, onde muitos rios ficam congelados. As maiores redes de hidrovias estão na China (110 mil km), Rússia (102 mil km), Estados Unidos (41 mil km) e Índia (15 mil km)”, alertou.
Outro participante da audiência, o vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura, José Ramos Torres de Melo Filho, disse que, atualmente, um dos maiores problemas enfrentados pelo setor agrícola é a logística. “O escoamento da produção agrícola brasileira sempre foi um grande problema para o setor, pois a falta de planejamento e de infraestrutura dos meios de transporte provocam atraso nas exportações e encarecem o frete”, lembrou.
A solução dos problemas, conforme os participantes da audiência, passa por elevação do aporte de recursos públicos, aumento da eficiência do setor federal de transportes, ampliação da participação do setor privado no investimento e na gestão dos transportes e maior competição na prestação de serviços de transporte.
Para o presidente da CDR, senador Benedito de Lira, a realização desse ciclo de debates representam um grande avanço para o desenvolvimento regional do País. “A finalidade desses reuniões é analisar as ações do governo para melhorar a eficiência da logística, inclusão digital, guerra fiscal e logística Aeroportuária e, assim, darmos nossa contribuição” finalizou.
Participou também da audiência pública o presidente da Associação Brasileira de Logística, Rodrigo Otaviano Vilaça.

(Fonte : Ascom CDR / foto : Artur Hugen)

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