Para
tentar reduzir os atrasos dos voos, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos
(Grande São Paulo), passará a ter decolagens quase simultâneas em suas duas
pistas.
Hoje
o aeroporto não utiliza as duas – que são paralelas – ao mesmo tempo. Tampouco
para a mesma operação: enquanto uma é usada para pouso, a outra é reservada
para decolagem.
Esse
modelo aumenta o tempo de espera das aeronaves que aguardam a sua vez para
partir. Isso porque um avião só pode decolar em uma pista quando o outro já
aterrissou na pista ao lado.
A
Aeronáutica, responsável pelo controle de tráfego aéreo no país, quer implantar
a mudança em 31 de maio, antes da Copa do Mundo.
A
data ainda pode ser alterada porque a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
não decidiu se será preciso treinar os pilotos ou se uma campanha de comunicação
já será suficiente.
Cumbica
tem atraso médio de 15% nos voos. A intenção é reduzir o índice para algo entre
5% e 10%, disse o coronel aviador Ary Bertolino, chefe do CGNA (Centro de
Gerenciamento de Navegação Aérea), da Aeronáutica.
Por
ora, diz, não haverá aumento de voos no aeroporto, no qual o limite é de 47
pousos e decolagens por hora. Haverá ao menos três meses para analisar
melhorias.
A
decolagem quase simultânea ocorrerá quando o tempo estiver bom – com ao menos 5
km de visibilidade (horizontal) e 1,5 km de teto (vertical). Em 70% do tempo, o
aeroporto tem essa condição.
A
operação será "quase simultânea" porque um avião partirá de uma pista
e, segundos depois, o outro decolará. Atualmente, o intervalo entre essas operações
é de um a dois minutos.
A
medida, inspirada em ação no aeroporto de San Francisco (EUA), é inédita no
Brasil para um aeroporto das características de Guarulhos, em que as pistas são
paralelas, mas sem distância suficiente entre si para ter operações 100%
simultâneas.
As
decolagens simultâneas não serão a única mudança.
Um
avião será autorizado a decolar sem que o outro tenha aterrissado, desde que o
piloto do avião prestes a pousar consiga ver, de onde está, a aeronave que irá
partir.
POUSOS
Outra
novidade: nas aterrissagens, o comandante, a depender do movimento, poderá ser
autorizado a pousar em uma pista ou na outra.
Segundo
Ary Bertolino, as companhias aéreas brasileiras e as americanas se
comprometeram a adotar o novo modelo. As companhias europeias decidiram não
aderir, por entender que precisarão de tempo para adaptação.
Controladores
de tráfego aéreo foram treinados para as mudanças; um deles diz temer que haja
aumento de carga de trabalho. Pilotos ainda não se submeteram a treinamento:
depende de a Anac dizer se isso será exigido.
A
Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) diz haver detalhes a tratar
com Anac e Aeronáutica, mas espera que haja aumento de "fluidez" no
tráfego aéreo.
A
concepção do projeto veio de Paulo Cézar Santos Paduan, ex-controlador e
comandante na TAM. Foi ele que levou a ideia à Aeronáutica e ajudou a fazer a
norma.
(Fonte : Jornal Folha de São Paulo)
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