segunda-feira, 5 de novembro de 2012

VIAGEM PARA O EXTERIOR SOBE O DOBRO DA INFLAÇÃO


O turista que for viajar para o exterior nestas férias e planeja a compra da moeda em novembro terá uma surpresa: encontrará o dólar cerca de R$ 0,15 mais caro do que a cotação observada no fim de 2011. Neste ano, o dólar já subiu 8,27%, mais que o dobro da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até setembro, de 3,77%. Para fugir dessa surpresa na próxima viagem, especialistas recomendam a compra gradual e antecipada de moeda, hábito que ainda não foi adotado pelos brasileiros.
"Se a pessoa tem uma viagem programada, reserva hotéis, compra passagens e pacotes com bastante antecedência, comportamento que não havia antigamente e mudou com o tempo. A aquisição de moeda, porém, fica sempre para a última hora", diz o presidente do grupo Fitta, Rodrigo Macedo. Ele sugere que as compras comecem a ser programadas pelo menos três meses antes da viagem. Em prazos longos, como uma viagem daqui a seis meses ou um ano, a oscilação da moeda é maior, por isso é importante haver compras periódicas (mensais ou quinzenais).
Acertar o momento em que a moeda estará mais barata quase sempre não dá certo. "A pessoa física não é especialista e dificilmente irá acertar", diz o consultor do Programa Consumidor Consciente, da MasterCard, Conrado Navarro. "O ideal é que o turista compre valores menores de forma parcelada até a data da viagem ao invés de fazer só uma grande compra".
A projeção para o câmbio no fim do ano é de R$ 2,01, segundo o relatório Focus da última semana, com a opinião de cerca de 100 analistas. Os mais pessimistas apostam na cotação próxima a R$ 2,04. O cenário, em todo caso, é de pouca oscilação no curto prazo, principalmente porque o governo, por meio do Banco Central, vem segurando a moeda neste patamar para tornar as exportações mais competitivas.
"Já tivemos o grande salto na cotação, agora a projeção é de estabilidade. Mas, para uma viagem daqui a seis meses, ainda há o risco cambial, de alta do dólar. Por isso, faz sentido fazer compras graduais", diz a planejadora financeira Fernanda Lattari.
"Para viagens nas férias de fim de ano, que estão mais próximas, comprar aos poucos é interessante por questão orçamentária, não cambial. Comprar tudo de uma vez pode pesar no orçamento. Outra sugestão é pesquisar o custo de vida, comida e transporte e de programações, como espetáculos. Comprar antecipadamente pode garantir descontos", diz Fernanda.

DIVERSIFICAÇÃO

Muitos turistas têm adotado o cartão pré-pago para se proteger da oscilação cambial. O produto funciona como um cartão de débito. O turista faz uma recarga e pode usá-lo para saques no exterior e débitos. "A pessoa prefixou a taxa de câmbio no momento da recarga do cartão, diferente de um cartão de crédito, em que ela vai descobrir qual será o câmbio somente quando receber a fatura, no mês seguinte", diz Fernanda.
"Há ainda a economia de imposto", diz a gerente geral da Agillitas, empresa do Grupo Rendimento, Tatiana Ziegler. O Imposto sobre Operações Financeira (IOF) no pré-pago é menor (0,38%) se comparado ao cobrado em cartões de crédito (6,38%). Em relação ao dinheiro vivo, o pré-pago leva vantagem no quesito segurança. "Se a pessoa for assaltada ou perder o cartão, pode bloqueá-lo. Outro cartão será enviado em 24 horas em países como EUA e Austrália e no máximo em 72 horas em locais menos acessíveis", diz.
"O gasto médio do brasileiro no exterior é de US$ 1.500. Sugerimos US$ 1.200 no pré-pago e US$ 300 em dinheiro, para gastos em que não é possível pagar com débito, como um táxi", comenta Macedo, do grupo Fitta.
Ele conta que em 2011 os pré-pagos representavam 18% do total movimentado em moedas; em 2012, o porcentual subiu para 35%. O volume carregado, que foi de R$ 151 milhões no ano passado, deve subir para R$ 250 milhões no fim deste ano.
Até agora, o Grupo Rendimento registrou alta de 40% no volume movimentado nos cartões pré-pagos na comparação com o ano passado e já emitiu 350 mil novos cartões. "O cartão pode ter desvantagens só em países que possuem algum tipo de embargo às principais bandeiras (Visa e Mastercad), como Cuba e Afeganistão", diz Tatiana.

EXPERIÊNCIA

Se planejar uma viagem já complica as finanças de alguns, imagina organizar dez. Esse é o número de vezes que o consultor de negócios Jonas Schwertner, de 31 anos, irá sair do País em 2012. "Já foram oito viagens internacionais nesse ano e faltam duas, para Israel e Caribe", diz. Metade de suas viagens costuma ser a trabalho e a outra parte é turismo.
Ele procura acompanhar sempre a oscilação da moeda. "Como sei quais viagens irei fazer e quanto preciso, acompanho a cotação e a diferença do dólar oficial e o de turismo. Houve dias em que o de turismo estava R$ 0,15 mais caro, então não comprava. Nunca compro em cima da hora", diz.
Schwertner divide as compras entre moeda física e cartão pré-pago. Segundo ele, isso vai depender do local visitado, se é um lugar violento, ou se irá passar por muitos países. Neste caso, a conversão do dólar em diversas moedas não vale a pena. Com o pré-pago, é possível utilizar a função de débito ou sacar em caixas eletrônicos a moeda local.
A experiência mais desvantajosa para o consultor foi a viagem para Los Roques, na Venezuela, que surgiu de última hora. Schwertner ainda não tinha recebido dinheiro para comprar os dólares e acabou fazendo isso no aeroporto, pouco antes de embarcar. "Foi a cotação mais cara que eu poderia ter pago, cerca de R$ 0,05 a mais por dólar. Além disso, algumas casas de câmbio no aeroporto cobram taxa de serviço, de R$ 15. Pode parecer pouco, mas faz diferença."

(Fonte : Jornal O Estado de São Paulo / imagem divulgação)

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