quarta-feira, 21 de novembro de 2012

MILHAS AÉREAS VIRAM MOEDA NUM MERCADO ESTIMADO EM R$ 2 BI


Milhas aéreas já valem dinheiro: deixaram de ser apenas uma forma de adquirir passagens gratuitas e movimentam um mercado estimado em R$ 2 bilhões por ano. No mês passado, a Gol lançou um shopping virtual em que o cliente pode gastar os pontos nas lojas de 30 parceiros, como Walmart, C&A, Pão de Açúcar, Tok&Stok e Marisa. A empresa também vende milhas para os clientes que precisam completar pontos para alguma aquisição — é possível comprar de mil (por R$ 75) a 40 mil milhas (R$ 2.040). E a Gol não está sozinha nesse mercado.
A Multiplus, subsidiária da TAM criada em 2010, já mantinha uma estrutura de troca de milhas por produtos, com 120 mil itens de 207 parceiros.
Os pontos dos programas de fidelidade também se tornaram alvo de comércio paralelo na internet, o que preocupa as aéreas e o Serviço de Proteção ao Consumidor (Procon):
— A utilização dos pontos como ferramenta de vendas ainda vai crescer. Ao agregar mais parceiros, produtos e serviços, as aéreas estão oferecendo uma moeda que tem maior liquidez, e isso deve atrair mais público — avalia o especialista em aviação comercial André Castellini, da consultoria Bain & Company.
A receita das empresas de fidelidade vem dos valores pagos pelas próprias companhias aéreas ou pelos parceiros na hora de emitir as milhas. Da diferença entre o valor recebido e o custo do produto ou serviço usado pelo consumidor, vem o lucro.

CUIDADO COM FRAUDES

Relatório divulgado neste ano pelo Banco Central mostra que, só em 2010, os brasileiros deixaram de resgatar 18% dos pontos gerados nos programas de fidelidade dos cartões de crédito. Isso seria suficiente para emitir cerca de 5 milhões de passagens do Brasil para qualquer destino da América do Sul, o equivalente a 3% do total de passagens emitidas no país, em voos domésticos e internacionais, naquele ano. Um projeto de lei em tramitação na Câmara propõe que os pontos não possam mais expirar.
De olho nessa reserva, sites que compram milhas proliferam. Há ao menos 20 deles e ofertas em redes sociais.
O advogado do Procon-RJ Flávio José Ferreira diz que o comércio de milhas não é ilegal, mas, por não ser um mercado “transparente e regulado”, o consumidor fica vulnerável aos riscos da transação.
— Os consumidores têm que ter muito cuidado com o furto de dados e milhas — diz.
Nesse mercado, dez mil pontos valem entre R$ 300 e R$ 500. As aéreas prometem punições aos clientes flagrados na prática, que vão da perda dos pontos acumulados ao desligamento dos programas.
— As empresas aéreas não gostam de nós porque uma das principais fontes de receita são pontos expirados — diz o proprietário de um desses sites.
Flávio Vargas, diretor do Programa Smiles da Gol, alerta que grande parte dos problemas detectados pela área de gestão de fraudes da empresa vêm desses sites.
Para as empresas, os ganhos com milhas engordam as chamadas receitas auxiliares, que incluem vendas a bordo das aeronaves, taxas de remarcação e cancelamentos

(Fonte : Jornal O Globo)

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