quinta-feira, 13 de setembro de 2012

MUITO EMPREGO, MAS POUCA MÃO DE OBRA


Na pesquisa mensal de emprego do IBGE de maio de 2012, o desemprego no Rio ficou em 4,7%, mantendo-se estável em comparação a maio de 2011. A estimativa é que haja cerca de 150 mil pessoas em idade ativa que não estão trabalhando, embora o mercado tenha aproximadamente o mesmo número de vagas em aberto.
Em 2010, levantamento do Rio Como Vamos (RCV) mostra que o comércio e os serviços, os principais setores produtivos do Rio, foram responsáveis pela maior parte dos novos empregos formais: 23 mil no comércio e 57 mil em serviços. A construção civil apareceu com 7,2 mil vagas.
Já em 2011, indicadores do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram um aquecimento da construção civil, possivelmente motivado pelo andamento das obras de infraestrutura para a Copa e os Jogos Olímpicos. O setor, que absorveu 11,5 mil trabalhadores, teve crescimento de 60% em relação a 2010.
Ainda em 2011, houve uma retração de 38% no comércio e de 15% no setor de serviços. Apesar da queda de 25% na geração de novos empregos, entre 2010 e 2011, o salto da construção civil na absorção de mão de obra compensou as perdas nos outros dois setores.
O primeiro trimestre de 2012 teve mais avanços na construção civil. Os grandes eventos e os projetos de revitalização geram uma demanda crescente de mão de obra. Só nesse primeiro trimestre, a construção civil gerou 12 mil vagas,103% a mais que nos doze meses de 2011. O comércio contratou 6,4 mil e o setor de serviços, 16,2 mil. O total de empregos gerados nesse trimestre corresponde a 47% de todos os postos criados em 2011.
O nível de capacitação da mão de obra nos diversos setores do mercado de trabalho remete ao grau de escolaridade da população. Levantamento do RCV mostra que 70 mil jovens de 15 a 24 anos - período em que deveriam ter concluído o ensino fundamental e/ou o médio - preencheram vagas em 2010. Essa ocupação caiu para 64 mil em 2011. É na comparação entre o primeiro trimestre de 2012 e de 2011 que o retrocesso na participação dos jovens no mercado de trabalho se torna mais evidente. Nesse período, 3,5 mil deles estavam fora do mercado. Onde está esse contingente que, em idade ativa, não está empregado? Até mesmo a mão de obra com ensino superior não cresceu no período, estabilizada em 18%.
Segundo um levantamento da Fecomércio, as dez atividades que mais geram empregos no turismo, comércio e serviços são recepcionistas, garçons, vigilantes e vendedores, entre outras, que, somadas, preencheram cerca de 40 mil vagas de junho de 2011 a junho de 2012. Para essas ocupações, a exigência de escolaridade não vai além do ensino médio. A entidade estima a criação de cerca de 450 mil postos de trabalho no estado por conta dos grandes eventos.
O RCV ressalta que é importante saber como está a qualificação dos futuros candidatos a um mercado de trabalho pleno de oportunidades. Indicadores do RCV confirmam o diagnóstico divulgado recentemente pelo MEC para o município do Rio: algum avanço no ensino básico e retrocesso no médio.
De 2010 a 2011, a reprovação no ensino médio no Rio manteve-se estável, com cerca de 46 mil alunos reprovados. Os casos de abandono caíram de 34 mil para 25 mil. O ponto crítico no nível médio é a distorção idade-série, problema presente em 56% do total das matrículas em 2010. Essa distorção gera dificuldades de aprendizagem e atrasa a conclusão do nível. Se o aluno também trabalha, o quadro é ainda pior. Já o ensino profissionalizante perdeu alunos. Em 2011, as matrículas caíram 4,5% (alunos de 15 a 17 anos) e 2% (18 a 24 anos).
Para Rodrigo Leandro Moura, pesquisador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), "a participação dos jovens entre 18 e 24 anos no mercado vem caindo desde 2007. Isso se explica pelo envelhecimento da população. Mas o principal fator é por conta de uma parcela desses jovens que está buscando qualificação, estudar mais tempo e adiar a busca pelo emprego para entrar no mercado de trabalho num patamar mais alto de remuneração".

(Fonte : Jornal O Globo)

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