terça-feira, 14 de junho de 2011

ENTIDADES REPROVAM NOVO MODELO DE CLASSIFICAÇÃO DE HOTÉIS

A nova classificação hoteleira por estrelas, lançada pelo Ministério do Turismo na semana passada, não caiu no gosto de entidades representativas gaúchas. Sindicatos apontam a iniciativa como obsoleta e invasiva, que pouco resultado trará ao setor. O Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass) adotará a simbologia de estrelas, em uma escala de uma a cinco, para identificar os tipos de hospedagem, sob critérios como infraestrutura, prestação de serviços e práticas de sustentabilidade. A portaria entrará em vigor 30 dias após sua publicação no Diário Oficial da União.
"A hotelaria se coloca contra a nova classificação", resume José Reinaldo Ritter, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-RS). "Não há necessidade no mercado para classificar hotéis por estrelas; trata-se de mais uma interferência pública em atividade privada." Ritter lembra que iniciativas semelhantes não emplacaram no Brasil, como o sistema implementado na década de 1970 pela Embratur, absorvido por muitos hotéis, mas que esfarelou-se em função de desatualização.
Ritter observa que a precificação de hotéis de mesmas estrelas será um desafio ao setor, uma vez que no Brasil cada cidade tem um padrão diferente para definir valores. Também acredita que a divisão das hospedagens em sete categorias (hotel, hotel-fazenda, hotel histórico, flat/apart hotel, resort, pousada e cama&café) confundirá os clientes. "Os clientes não sabem o que significa cada categoria", observa.
São muitas regras para pouco benefício, acusa o setor. O vice-presidente do Sindicato de Hotéis da Capital e vice-presidente do Sindicato de Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (Sindpoa), Daniel Antoniolli, acrescenta que os turistas já encontram na internet classificações dos próprios usuários. "Essas sim são levadas em conta no momento da reserva", diz. Para o dirigente, o sistema no ministério não pode medir fatores subjetivos, como atendimento, conforto, custo-benefício etc. "Este sistema de classificação vem na contramão dos fatos", defende Antoniolli.
O setor teme que a adesão ao SBClass, que será facultativa, acabe servindo, no futuro, como pré-requisito para a liberação de verbas de financiamento ou inclusão em programas de capacitação. Nos bastidores do setor hoteleiro, há um descontentamento com a falta de iniciativas do governo federal para subsidiar a capacitação de funcionários para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Para dirigentes, o treinamento deveria ser prioritário à nova classificação.
No entanto, há opiniões favoráveis ao SBClass. Baltazar Saldanha, diretor da GJP Hotéis, acredita que a classificação levará mais segurança aos clientes na busca por hospedagens, inclusive reduzindo os índices de reclamações. "A classificação consolida o que viemos defendendo nos últimos dez anos na hotelaria, que é a busca pela qualidade e organização", diz Saldanha.
Com três hotéis no Rio Grande do Sul (dois em Gramado e um em Bento Gonçalves) e outro previsto para Porto Alegre, a GJP acredita que a classificação será importante no seu posicionamento de mercado e nas ações de comunicação, desde as credenciais que passará em seu site e nos sites de busca até o material entregue aos clientes. "A nova matriz será importante, mas o crucial para que vingue será a fiscalização e a regulamentação dos credenciados", condiciona Saldanha.

(Fonte & foto : Jornal do Comércio – RS)

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