terça-feira, 13 de setembro de 2016

Em guerra com o Airbnb, Miami Beach desaloja turistas de casas alugadas




Se você pensava em visitar Miami Beach com a família e alugar um apartamento econômico por meio do Airbnb, saiba que não será tão fácil: a cidade está implementando mão firme contra uma "epidemia" de aluguéis de curta temporada.

Miami Beach se tornou centro da polêmica que depois que o governo local multou proprietários e sites como Airbnb, Homeaway e Booking.com, em um total de US$ 1,59 milhão, por alugar ou promover o aluguel de casas por períodos curtos.

A polícia chegou a desalojar turistas que estavam se hospedando em 31 propriedades que foram multadas, de acordo com um memorando de 17 de agosto assinado pelo administrador municipal, Jimmy Morales, e divulgado recentemente.

Os aluguéis por períodos menores que seis meses e um dia são proibidos em boa parte de Miami Beach, ilha de praias com mar turquesa e uma vida noturna dinâmica no sul da Flórida (EUA) que recebe milhões de turistas por ano.

As autoridades argumentam que o ambiente festivo 24 horas por dia é um grande incômodo para os locais. Também asseguram que os locatários não são mais do que sonegadores de impostos.

"Nesses aluguéis de curto prazo, amontoam-se cinco ou dez turistas em um apartamento, que fazem festa a noite inteira", disse à AFP o comissário Michael Grieco. "Não é um assunto para o turismo, mas de qualidade de vida dos moradores. Em segunda instância, se torna um tema de sonegação de impostos."

Desde março deste ano, proprietários e sites de aluguel por temporada foram multados em cifras que vão de US$ 20 mil a US$ 80 mil, de acordo com o memorando divulgado pelo jornal local "Miami New Times".

Dezoito multas foram "para empresas que anunciaram aluguéis de curto período, como Airbnb, HomeAway e Booking.com", segundo o texto.

Atualmente, há "centenas" de investigações sobre "milhares de apartamentos anunciados", segundo Grieco.

O endurecimento das medidas contra a prática começou em março, quando a cidade aumentou de US$ 100 para US$ 20 mil o valor da multa para o aluguel por curta temporada.

"Antes, os proprietários pagavam a multa despreocupados, como se fosse um imposto", diz Grieco, para justificar a razão do grande aumento. "Agora, devem pensar duas vezes antes de anunciar sua propriedade."

Rafael Belisario, venezuelano que vive no sul da ilha, aplaudiu as medidas. "Ninguém tem vontade de ver gente desconhecida o tempo inteiro no seu prédio –especialmente gente que vem a Miami Beach fazer festa e beber até a água dos vasos", diz.



INVESTIDORES

Os proprietários, por sua vez, não estão muito felizes. Argumentam que a cidade está favorecendo as grandes redes hoteleiras e que os setores que sofrerão as consequências serão o turismo e os investimentos.

Ross Milroy, agente de propriedades de luxo em Miami Beach, disse à AFP que estuda apresentar uma ação coletiva defendendo que essas blitze são ilegais.

A base para a ação seria um estatuto de 2011 que proíbe aos governos locais regular a duração ou frequência de aluguéis de férias.

Segundo Milroy, as novas medidas também são um grande problema para investidores internacionais.

"Agora as opções de investimento estão muito limitadas –isso responde por grande parte do mercado imobiliário local", diz. "Por que um comprador europeu ou americano investiria em uma propriedade em Miami Beach se não poderá no futuro alugá-la por menos de seis meses?"

Em relação aos impactos para o turismo, Grieco dá risada. "Se o Airbnb fechasse amanhã, Miami Beach não sofreria nenhum impacto negativo", diz. "A cidade tem sido um foco turístico internacional desde muito antes dessas plataformas existirem."

A terceira parte do conflito, o Airbnb, que foi a empresa mais afetada, com multas que chegam a US$ 80 mil, desconversou.

"Estamos dispostos a trabalhar com líderes comunitários e proprietários nos próximos meses para criar regras justas, que permitam compartilhar um lar", afirmou o porta-voz da empresa, Benjamin Brait.



OUTRAS POLÊMICAS

A disputa de serviços de aluguel por temporada com o governo local não é exclusividade de Miami Beach.

Entre as cidades que já entraram em conflito com esses sites estão Barcelona, Paris, Nova York, Berlim e Amsterdã.

Além de tentar regular o Airbnb, o turismo da região de Miami tem tido que lidar com outro problema sério –o impacto do avanço dos casos de vírus da zika.



(Fonte : Folha de SP / Imagem divulgação)

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