Crítico das constantes trocas de titulares
realizadas no âmbito do Ministério do Turismo (MTur) e da
Embratur, Edmar Bull, o presidente nacional da Associação Brasileira
das Agências de Viagens (Abav-Nacional), estima que, hoje, a despeito dos
problemas do país, a indústria de viagens responda por 3,5% do PIB
brasileiro.
Ele iniciou a sua carreira em 1973 – e, entre
as suas primeiras atividades profissionais no mercado de viagens e de
turismo, ocupou postos de executivo de vendas em
empresas como Transeuropa, Promotur e Expansão.
Em 1982, já como empresário, adquiriu
participação societária na Copastur e, hoje, é o diretor-presidente de um grupo
que inclui as empresas Corporate Travel, G8a e a representação da empresa
global ATPI no Brasil.
Como presidente da Abav, entidade que terá a
44ª edição de sua feira realizada entre 28 e e 30 de setembro, no Expo Center
Norte, em São Paulo, ele está cumprindo um mandato de dois anos.
Em sua gestão, Bull afirma que o seu
foco é presidir a entidade com clareza e que “em tempos de vacas magras e
cenários movediços, os desafios crescem.”
Leia a seguir sobre os planos de Edmar Bull à
frente da Abav-Nacional e descubra, nesta entrevista a um blogueiro
da Folha,
o que ele acha necessário fazer para alavancar o turismo brasileiro e torná-lo
um vetor de desenvolvimento nacional.
O
MEGAEVENTO DA ABAV/BRAZTOA
“Com relação à 44ª edição da feira da
Abav, que será realizada em conjunto com ao 46º Encontro Comercial da
Braztoa, reafirmo que a minha expectativa é que ela sinalize
a ocorrência de mudanças no turismo nacional.
O evento da Abav sofre um processo de
transformação após uma fase itinerante que em muito contribuiu com o
desenvolvimento do turismo lançando e promovendo destinos nacionais.
Isso porque, embora tradicional, o congresso
e exposição Abav foi realizado, por muitos anos, no Rio de Janeiro pois, àquela
altura, a meta era atrair mais expositores e visitantes estrangeiros.
Depois, mudou-se para São Paulo e, hoje,
podemos dizer que a força do evento é impulsionada pelo tema do desenvolvimento
tecnológico –e, nesse aspecto, antecipo que a 44ª feira da Abav, realizada de
28 a 30 de setembro, vai surpreender. Aberto das 12h às 20h, o evento terá
acesso exclusivo para os profissionais do setor de viagens e turismo.
E, se no ano passado alcançamos a marca de
32.176 profissionais do setor e tivemos 3.121 marcas expositoras, numa feira
coberta por 926 profissionais da imprensa e mais de 60 destinos internacionais,
arrisco afirmar que vamos superar esses recordes.
Entre os maiores espaços confirmados para a
próxima edição da feira da Abav deste ano, está a Vila do Saber – estande
em formato de arena dedicado às atividades de capacitação, treinamento e
atualização dos agentes de viagens, equipado com avançados recursos
audiovisuais.
O espaço da Braztoa, bem no centro da
exposição, também será destaque e, entre as novidades que atendem aos diferentes
segmentos e nichos de mercado do setor de viagens, destinos, produtos e
serviços a serviço do desenvolvimento sustentável do turismo, contaremos com
recursos promocionais inovadores.
A
CRISE NO PAÍS E O TURISMO
O turismo participa com 3,5% do PIB brasileiro
(ou cerca de R$ 182 bilhões), considerando apenas a contribuição direta.
Em 2014, respondeu por 8,8 milhões de
empregos diretos e indiretos, segundo dados do Ministério do Turismo (MTur).
No entanto, ainda não foi efetivamente
reconhecido como vetor econômico estratégico para o desenvolvimento
sustentável. Avançamos, mas ainda falta avançar muito.
Não faz sentido para o Brasil, que é detentor
de tanta matéria-prima turística, registrar praticamente a mesma quantidade de
visitantes estrangeiros há tanto tempo…
JOGOS
OLÍMPICOS PELA PROA
Ampliar o ingresso de investimentos e divisas
com a vinda de turistas é um desafio coletivo e que está colocado há décadas
para quem compreende o turismo como prioridade.
A natureza confere ao Brasil extraordinários
recursos, os brasileiros são considerados o que há de melhor no país, segundo
todas as pesquisas de mercado realizadas com estrangeiros que nos visitam todos
os anos.
Apesar disso, o Brasil estacionou no patamar
de apenas 6 milhões visitas de estrangerios/ano.
Investimentos na melhoria da infraestrutura
hoteleira e dos serviços aeroportuários, por exemplo, agregam competitividade,
mas é preciso evoluir a percepção das oportunidades e dos ganhos econômicos,
sociais e ambientais que a atividade turística propicia.
É preciso vontade política, inclusive ao
enfrentar problemas como da zyca e da segurança, presentes também em outros
países.
MINISTÉRIO
e EMBRATUR
A troca de ministros no Ministério do Turismo
(MTur) e dirigentes na Embratur, desde que a pasta foi criada, no início do
governo Lula, inviabiliza que gestões técnicas de reconhecida competência
executem políticas públicas compatíveis com os desafios que precisam ser
enfrentados e vencidos pela iniciativa privada e com o apoio dos órgãos
oficiais.
Não há dúvida de que temos muito a aprender
com o exemplo norte-americano, por exemplo.
O Brasil é um dos dez mercados internacionais
nos quais o Brand USA mantém um programa completo de marketing – campanhas
voltadas para o consumidor final, parceiros e setores do trade de turismo.
Somos o quinto maior mercado emissor de
turistas para os EUA e o terceiro maior quando consideramos apenas destinos de
longa distância, de acordo com o Departamento de Comércio do Escritório
Nacional de Viagem e Turismo dos EUA. Sem pesquisa de mercado com
números/estatísticas confiáveis, não há como planejar e mensurar resultados com
eficácia.
O mercado de viagens corporativas é exemplo
de investimentos em sistemas de Business Intelligence, CRMs e ERPs são
indispensáveis.
E precisaríamos trabalhar em conjunto a
outros países da América do Sul, que exercem um papel relevante para o Brasil,
como destinos emissivos de turistas. Trabalhar em conjunto? Sim, a união faz a
força!
MELHORAR
O TURISMO BRASILEIRO
Existem visitantes que vêm ao Brasil atraídos
pelas grandes metrópoles, em busca de negócios, compras, vida noturna, prazeres
gastronômicos –e tudo o mais de bom que as nossas grandes cidades oferecem.
Os eventos, que mobilizam os mais
diferenciados portes e perfis de público, encontram espaços urbanos e rurais
onde são realizados com sucesso no Brasil.
A melhoria do desempenho das atividades
turísticas, em todos os segmentos e nichos de mercado, requer, como se sabe,
capacitação profissional, com investimentos em treinamento e atualização de
recursos, humanos e tecnológicos.
Os governantes precisam enxergar as
oportunidades que os Jogos Olímpicos de 2016 propiciam e atuar com
profissionalismo para posicionar o Brasil no cenário turístico mundial de
maneira mais competitiva.
INFRAESTRUTURA
TURÍSTICA NO PAÍS
Evoluímos, mas é preciso mais. O Brasil é um
destino de baixo custo para os turistas estrangeiros, no atual cenário cambial.
A avaliação custo/benefício depende do grau
das necessidades e expectativas dos viajantes, as quais podem ser atendidas de
maneira mais ou menos satisfatória.
O ideal é encantarmos o cliente e é por isso
que turistas estrangeiros e, também cada vez mais os brasileiros, aumentam a
percepção de valor e procuram recorrer ao conhecimento e à consultoria de uma
agência de viagens modernamente posicionada como uma consultoria de viagens,
que proporciona atendimento sob medida, personalizado.
Os estudos apontam que mais de 90% dos
turistas estrangeiros que visitam o Brasil declaram intenção de voltar.
Confio no futuro do mercado de turismo, que
evolui de acordo com a qualidade dos investimentos em capacitação, treinamento
e instrumentalização dos atores públicos e privados que apostam no
desenvolvimento sustentável do setor, com foco em ganhos de produtividade.
O avanço da economia criativa e colaborativa
fortalece a sinergia entre os elos distintos e complementares que compõem a
rede de distribuição do setor.
Consolidadores, operadores e OTAs convergem,
em última instância, sob o impacto de uma tendência global, estimulada pela
pluralidade de destinos, rotas, tarifas, taxas e meios de hospedagem,
transportes e das inúmeras opções disponíveis em incontáveis portais, websites,
blogs, veículos de comunicação, sistemas de reservas, apps etc.
Ou seja: cada vez mais inflados de
informações, os consumidores recorrem ao conhecimento profissional capacitado
para atender a demanda turística sob medida, pessoas físicas e jurídicas.
O
SETOR NO FUTURO
Cada vez mais especializado, capacitado,
treinado e instrumentalizado, é assim que vejo o agente de viagens no futuro.
Estabelecemos, em nosso planejamento
estratégico, o objetivo de alcançar em dois anos 50 metas para a entidade, que
foram distribuídas com base em três pilares estratégicos: Gestão Participativa,
Abav Profissional e Agente Empreendedor.
Já temos 16 metas definidas e as 34 restantes
serão construídas com a participação das 27 Abavs regionais. No bojo desta
empreitada, está o fortalecimento da imagem da entidade e geração de maiores
resultados para os agentes de viagens associados em todo o Brasil.
Lançamos, recentemente, um portal dedicado ao
Instituto de Capacitação e Certificação da Abav-Nacional, o ICCABAV, cumprindo
mais uma etapa do plano de ações da nossa diretoria de Tecnologia e Integração,
que vem trabalhando diretamente em oito projetos prioritários.
Também lançamos o “Projeto Menos é Muito
Mais”, que busca estimular a gestão simples, prática e objetiva para facilitar
e agilizar decisões internas. Isso passa pela redução ou eliminação de
processos repetitivos que possam ser concentrados e unificados na rotina tanto
da ABAV-Nacional quanto das ABAVs estaduais e do Distrito Federal.
O desenvolvimento de um sistema digital
dedicado ao ICCABAV trouxe uma solução eficiente para a composição,
apresentação e viabilização da agenda de cursos, que até então demandava imenso
esforço, tempo e custos desnecessários no alinhamento das diferentes pontas
envolvidas no processo – os profissionais interessados nos cursos, as
secretarias das Abavs, os instrutores, e a coordenação da Abav-Nacional na
organização da logística envolvida.
EXCELÊNCIA
EM QUALQUER PLATAFORMA
Tenho manifestado, de forma reiterada, a
importância do novo agenciamento de viagens em um cenário cada vez mais
conectado online – fornecedores e consumidores estão ao alcance de um clique.
O novo agente de viagens é muito mais que um
intermediário – é um consultor que ouve, analisa, levanta prós e contras,
filtra e opina, com base no seu conhecimento profissional.
Existem muitas ‘pegadinhas’ nos balcões
virtuais que se proliferam na web que só a experiência e o conhecimento
detectam.
Por isso, o Sistema Abav, capilarizado em
todo território nacional, tem investido o máximo em qualificação, treinamento e
disseminação das melhores práticas.
O turismo brasileiro precisa (e vai!) crescer
– e para isto temos de fazer a nossa parte compromissados com a excelência na
prestação de serviços.
O
PAPEL DOS CRUZEIROS
Os cruzeiros marítimos contribuem com a
inclusão dos destinos nacionais nas rotas e na mídia global, alcançando os
milhões de turistas apaixonados pela navegação.
Infelizmente, com a crise econômica, muitos
navios deixaram o Brasil –e foram em busca de destinos, na Ásia por exemplo,
também devido as elevadíssimas taxas e obrigações burocráticas, além da
carência de infraestrutura portuária.
PREFERÊNCIAS PESSOAIS
No exterior, meú destino preferido é a
França. Paris e arredores, Bordeaux e a região da Côte D’Azur reúnem
inúmeros pontos turísticos e excelente gastronomia.
No Brasil, Ponta dos Ganchos (SC) e Gramado
(RS) são duas entre outras opções de destinos que me cativam.
Minha próxima viagem, no entanto, será para
Nova Orleans, nos EUA, onde, ainda neste mês, acontecerá a feira de
turismo IPW, que antes se chamava Pow Wow.”
(Fonte :
Jornal Folha de S.Paulo / Silvio Cioffi)
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