A mudança climática é "um dos principais perigos" para
patrimônios mundiais como as ilhas Galápagos (Equador), os gorilas do parque
nacional Impenetrável de Bwindi, em Uganda, e a estátua da Liberdade, em Nova
York (EUA).
Um relatório divulgado no dia 26/05, intitulado "Patrimônio mundial
e turismo diante da mudança climática" e realizado conjuntamente pela
Unesco, outros organismos e ONGs, estudou 31 locais naturais e culturais de 29
países, dos milhares dos inscritos na lista do Patrimônio Mundial.
A conclusão é alarmante.
"Todos os locais estudados já sofrem certos impactos da mudança
climática", destaca Adam Markham, da ONG UCS (sigla em inglês para União
dos Cientistas Preocupados), um dos autores do relatório.
"O problema já existe e vai se agravar", declarou à AFP.
Esses locais estão enfrentando uma série de fenômenos, como derretimento
das geleiras, fortes chuvas e intensas secas.
O relatório se concentra nos pontos que têm grande interesse turístico:
Veneza, a estátua da Liberdade, o parque de Yellowstone (EUA), as ilhas
Galápagos, a cidade de Cartagena (Colômbia), o parque nacional de Shiretoko
(Japão), a região protegida de Wadi Rum (Jordânia), as lagoas da Nova
Caledônia.
Foram eleitos por sua diversidade geográfica e sua variedade, mas
"há muitos outros locais vulneráveis à mudança climática", como a
Grande Barreira de Corais na Austrália, o monte Saint-Michel, na França, e os
Alpes suíços, destaca Markham.
EXCESSO DE TURISTAS
A mudança climática se soma a outros elementos que contribuem para
degradar esses locais. Entre elas, "o excessivo número de turistas em
Veneza ou Galápagos", as atividades mineradoras na Nova Caledônia e a caça
predatória e a crescente presença humana na selva de Bwindi.
Em vários locais, os impactos do aquecimento ameaçam "seu
excepcional valor", informa o relatório.
"Se a indústria do turismo se vê afetada, as economias dos países
que dependem dela podem sofrem muito", afirma Markham. Tal é o caso de
Uganda, conhecido pelos gorilas-das-montanhas que vivem na selva de Bwindi.
A longo prazo, o aumento das temperaturas reduzirá provavelmente a
superfície da selva à disposição dos gorilas. Também poderá elevar a pressão
humana sobre seu habitat se os camponeses ampliarem seus cultivos nas zonas que
circundam o parque.
A respeito da estátua da Liberdade, "apesar de sua aparência sólida
e invulnerável, ela corre um considerável risco" devido ao aumento do
nível do mar, às inundações costeiras e às tempestades cada vez mais violentas
causadas pelo aquecimento, informa o relatório.
Conter o aquecimento por baixo de 2 graus até 2050, como prevê o acordo
de Paris fechado em dezembro, é de "uma vital importância para proteger
nosso patrimônio mundial", resume a diretora do Centro do Patrimônio
Mundial, Mechtildd Rössler, citada em um comunicado.
Por fim, dado que os locais do Patrimônio Mundial devem ter um
"valor universal excepcional", o relatório recomenda que o Comitê do
Patrimônio Mundial leve em conta o risco de possíveis locais que sejam
degradados pela mudança climática antes de colocá-los na lista, segundo aponta
nesta quinta-feira um comunicado do Unesco
(Fonte
: AFP / Imagem divulgação)
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