terça-feira, 3 de maio de 2016

Temer pretende evitar desvalorização maior do dólar




Apesar de estar prestes a assumir num cenário de contas públicas no vermelho e forte recessão, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), depois de conversas com economistas, avalia que seu governo pode iniciar uma recuperação da economia ainda neste ano e promover um crescimento de pelo menos 1% em 2017, acima da previsão de mercado, de 0,3%.

Para isso, o peemedebista já definiu que, se tomar posse em maio, vai tentar evitar uma queda mais acentuada na cotação do dólar. A moeda, que estava acima de R$ 4 até fevereiro, passou a cair com a possibilidade de a Câmara autorizar a abertura do impeachment. Na sexta (29), fechou em R$ 3,44.

Recentemente, a equipe da presidente Dilma havia definido que o dólar não poderia custar menos de R$ 3,70. O BC passou a fazer operações equivalentes a compra de moeda, para tentar segurar a cotação, mas o dólar continua caindo, afetado também por fatores externos.

Segundo assessores, Temer avalia que o dólar "está caindo muito" e isso pode prejudicar as exportações brasileiras, uma das "alavancas" da retomada.

O atual vice não fala em piso para o dólar, mas quer evitar fortes oscilações na cotação cambial e mantê-la num patamar que não desestimule as vendas externas.

O receio da equipe de Temer é que o dólar caia mais após sua posse (parte dos analistas de mercado, porém, acredita que a cotação atual já embute a expectativa de afastamento da presidente).



LARGADA



Temer avalia que terá, na largada, um cenário um pouco mais favorável na economia, mas sabe que ele não será sustentável no médio prazo se não forem aprovadas reformas estruturais, como a da Previdência, para sinalizar reequilíbrio das contas públicas e redução no endividamento da União.

Neste ano, Temer, assumindo a Presidência, avalia que terá de fazer mais cortes, que podem ser "radicais", atingindo cerca de R$ 30 bilhões em investimentos. Isso, porém, ainda será definido com Henrique Meirelles, provável ministro da Fazenda.

O maior desafio do peemedebista, reconhecem seus auxiliares, será reduzir o deficit do governo. Neste ano, a previsão é que os custos públicos superem as receitas em até R$ 97,6 bilhões.

"Temer terá de usar sua experiência em negociações no Congresso para aprovar as medidas que revertam este quadro", diz um auxiliar. Sem isso, não haverá recuperação sustentável e logo ele será questionado.

O vice-presidente conta com a credibilidade que Meirelles trará para a economia, conjugada com o momento de queda da inflação, para desarmar a bomba fiscal e ajudar a destravar os investimentos no país, fazendo a economia voltar a crescer no segundo semestre de 2016.

Para impulsionar a economia, Temer vai assumir com a determinação de privatizar o que for possível. Na lista já figuram a BR Distribuidora e a Infraero, sendo que outra orientação será acelerar as concessões de rodovias, portos e ferrovias.

A equipe do vice também aposta numa redução da taxa de juros, hoje em 14,25%, já no início do segundo semestre, com Temer na Presidência, tanto para reduzir gastos do governo como ajudar a estimular a economia.



(Fonte : Jornal Folha de SP / Imagem divulgação)

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