Apesar de
estar prestes a assumir num cenário de contas públicas no vermelho e forte
recessão, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), depois de conversas com
economistas, avalia que seu governo pode iniciar uma recuperação da economia
ainda neste ano e promover um crescimento de pelo menos 1% em 2017, acima da
previsão de mercado, de 0,3%.
Para
isso, o peemedebista já definiu que, se tomar posse em maio, vai tentar evitar
uma queda mais acentuada na cotação do dólar. A moeda, que estava acima de R$ 4
até fevereiro, passou a cair com a possibilidade de a Câmara autorizar a
abertura do impeachment. Na sexta (29), fechou em R$ 3,44.
Recentemente,
a equipe da presidente Dilma havia definido que o dólar não poderia custar
menos de R$ 3,70. O BC passou a fazer operações equivalentes a compra de moeda,
para tentar segurar a cotação, mas o dólar continua caindo, afetado também por
fatores externos.
Segundo
assessores, Temer avalia que o dólar "está caindo muito" e isso pode
prejudicar as exportações brasileiras, uma das "alavancas" da
retomada.
O atual
vice não fala em piso para o dólar, mas quer evitar fortes oscilações na
cotação cambial e mantê-la num patamar que não desestimule as vendas externas.
O receio
da equipe de Temer é que o dólar caia mais após sua posse (parte dos analistas
de mercado, porém, acredita que a cotação atual já embute a expectativa de
afastamento da presidente).
LARGADA
Temer
avalia que terá, na largada, um cenário um pouco mais favorável na economia,
mas sabe que ele não será sustentável no médio prazo se não forem aprovadas
reformas estruturais, como a da Previdência, para sinalizar reequilíbrio das
contas públicas e redução no endividamento da União.
Neste
ano, Temer, assumindo a Presidência, avalia que terá de fazer mais cortes, que
podem ser "radicais", atingindo cerca de R$ 30 bilhões em
investimentos. Isso, porém, ainda será definido com Henrique Meirelles,
provável ministro da Fazenda.
O maior
desafio do peemedebista, reconhecem seus auxiliares, será reduzir o deficit do
governo. Neste ano, a previsão é que os custos públicos superem as receitas em
até R$ 97,6 bilhões.
"Temer
terá de usar sua experiência em negociações no Congresso para aprovar as
medidas que revertam este quadro", diz um auxiliar. Sem isso, não haverá
recuperação sustentável e logo ele será questionado.
O
vice-presidente conta com a credibilidade que Meirelles trará para a economia,
conjugada com o momento de queda da inflação, para desarmar a bomba fiscal e
ajudar a destravar os investimentos no país, fazendo a economia voltar a
crescer no segundo semestre de 2016.
Para
impulsionar a economia, Temer vai assumir com a determinação de privatizar o
que for possível. Na lista já figuram a BR Distribuidora e a Infraero, sendo
que outra orientação será acelerar as concessões de rodovias, portos e
ferrovias.
A equipe
do vice também aposta numa redução da taxa de juros, hoje em 14,25%, já no
início do segundo semestre, com Temer na Presidência, tanto para reduzir gastos
do governo como ajudar a estimular a economia.
(Fonte :
Jornal Folha de SP / Imagem divulgação)
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