terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SOBRAM TRANSTORNOS NOS VOOS REGIONAIS EM MINAS


Chá de cadeira, esperas longas nas conexões e chegada ao destino com mais oito horas de atraso. O processo de fusão das companhias aéreas respingou na aviação regional. Nos saguões dos aeroportos, passageiros reclamam dos atrasos ocorridos principalmente nos voos com conexões. O incômodo atingiu o advogado Fernando César Teixeira, a consultora de campo Roselize Lucas, a dona de casa Solange Barroca de Castro Figueiredo, o casal Aparecida das Graças de Paula Andriolo e Jesuino Andriolo, o engenheiro Ciro Vieira e até mesmo a reportagem do Estado de Minas.
Ao anunciar a união em maio deste ano, a Azul e a Trip criaram a terceira maior companhia do país e prometeram conciliar preço baixo com bom atendimento aos consumidores. Mas o temor dos passageiros em concentrar o mercado e ter problemas com a falta de concorrência teve fundamento. No escritório de advocacia Oliveira Marques Benfica, todos os advogados já adotaram a regra de viajar com um dia de antecedência para não perder a audiência.
A experiência vivida na semana passada pelo advogado Fernando César Teixeira mostra que a precaução não é exagero. Ele tinha audiência em Vitória da Conquista (Bahia) e o voo da Trip estava marcado para ser direto. Quando foi embarcar, ele foi avisado pela companhia aérea que o voo teria escala em Montes Claros. “Ao chegar na cidade, eles pediram para todo mundo descer do avião e fizemos uma conexão, com três horas de atraso de voo”, diz.
Na avaliação de Hugo Ferreira Braga Tadeu, analista de aviação e professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC), a situação atual da Trip e Azul Linhas Aéreas pode ser vista como um “casamento que está começando”. “O que acontece é um ajuste da malha aeoportuária e reavaliação de quais seriam as rotas mais viáveis para o negócios”, diz Tadeu. Para que aconteça uma união saudável, diz, vai demorar um tempo. “É comum uma demora para o ajuste de rotas”, diz.

Surpresa

O analista de aviação Renato Cláudio Costa Pereira não se sente seguro para fazer avaliação exata do que acontece com as companhias regionais. “O incômodo dos passageiros é surpresa, pois elas deveriam é estar atraindo a clientela”, diz. Os problemas, diz, podem ser oriundos de administração pobre, falta de gerenciamento ou apenas movimento de transição.
A dona de casa Solange Barroca de Castro Figueiredo viveu em 23 de novembro situação semelhante no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins. Ela mora em Vitória (ES) e estava em Belo Horizonte em visita a parentes. Tinha comprado a passagem de volta para a capital capixaba pela companhia aérea Azul, com um mês de antecedência. O horário de partida do voo era às 16h.
A quatro dias do embarque voo foi comunicada por e-mail que seu voo tinha sido cancelado e precisaria ser remarcado. “Tentamos então mudar para o mesmo dia pela manhã, às 8h. Na noite anterior confirmamos que estava correto e eles falaram que eu teria que fazer o check-in pela Trip”, conta Solange. Mas na hora de fazer o check-in, diz, os atendentes falaram que seu nome não estava na lista. “Aí me mandaram para a loja da Azul. E com isso o tempo foi passando, diz.
O resultado foi que Solange não conseguiu embarcar na Trip. “Eles me falaram que poderiam me colocar em outro voo ou fazer o reembolso. Mas me colocaram em voo às 10h50 pela TAM, com conexão em Guarulhos. A sua história foi publicada no Estado de Minas em 28 de novembro. Depois disso, Solange conta que foi procurada pela companhia aérea que prometeu enviar um voucher de R$ 150 para usar durante um ano em qualquer viagem. “Mas até hoje não mandaram”, diz.
A consultora de campo Roselize Lucas viaja toda semana por Minas Gerais e Espírito Santo. Ela conta que os maiores atrasos acontecem no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins “E quando dá algum problema em São Paulo, todos os aeroportos param. Eu mesma tive que ficar cerca de nove horas no Rio de Janeiro outro dia”, diz.

GREVE ESTÁ NA ROTA DAS EMPRESAS AÉREAS

Ao longo da semana passada os aeroviários (funcionários que trabalham em terra) das cidades de Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Galeão entraram em estado de greve. “A paralisação já foi aprovada em assembleia”, afirma Valter Aguiar, diretor nacional do Sindicato dos Aeroviários. Ele conta que os trabalhadores tiveram várias reuniões com patrões e a pauta de reivindicação não foi atendida. “Eles não querem oferecer nem o índice tradicionalmente usado em negociações salariais, o INPC”, afirma Aguiar. Segundo ele, as empresas ofereceram apenas 0,25% de reposição salarial.
Os funcionários das companhias aéreas continuam trabalhando e em negociação com as empresas até uma decisão do comando de greve sobre o início da paralisação. Ainda não há previsão de quando isso deve acontecer. Certo é que uma paralisação vai aumentar ainda mais os passageiros que voam pelas companhias aéreas regionais.

PROTESTO

Os trabalhadores demitidos da Webjet e os aeroviários fizeram manifestação na madrugada de sexta-feira, em Confins. Cerca de 100 pessoas fizeram caminhada da rodovia até o saguão do aeroporto reivindicando melhoria nas condições salariais e reclamando contra a demissão dos trabalhadores da Webjet. As demissões são resultado do encerramento das atividades da Webjet depois de a companhia ser comprada pela Gol.

(Fonte : Jornal O Estado de Minas)

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