terça-feira, 4 de dezembro de 2012

FÉRIAS NO EXTERIOR? É BOM PREPARAR O BOLSO


Preocupado com a inflação e com o impacto do dólar sobre o custo de vida, o Banco Central desaguou US$ 3,5 bilhões no mercado de câmbio. Realizou três operações apenas ontem: duas de swap (equivalente a venda de dólar no mercado futuro) e um leilão conjugado de compra e venda de moeda — ferramenta usada para garantir o funcionamento do mercado em momentos de escassez de recursos. Com as intervenções, a instituição conseguiu segurar o dólar e impedir uma disparada mais forte da moeda. A divisa, que tinha começado o pregão de ontem acima de R$ 2,13, terminou o dia negociada a R$ 2,1205 na venda, com queda de 0,48%.
Com as duas operações de swap, o BC jogou no mercado cerca de US$ 2 bilhões. A instituição ainda deixou de renovar contratos de swap cambial reverso (equivalentes a venda de dólares no futuro) que, ao vencer ontem, liberaram mais US$ 1,5 bilhão de maneira automática. Esse movimento da autoridade monetária, porém, não indica uma mudança de estratégia. A instituição, que até a semana passada trabalhava com um teto informal de R$ 2,10 para a divisa, deve continuar a perseguir uma cotação mais elevada do que essa. Entretanto, quer que isso ocorra de maneira gradual para evitar impacto no custo de vida. "O dólar estava subindo rápido demais, e, se isso continuasse, traria muitas pressões inflacionárias", ponderou Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
O dólar mais alto pode funcionar como uma ajuda para que a indústria exporte mais e, ao mesmo tempo, se defenda das importações. Mas, nessa estratégia, o consumidor paga a conta. Viagens internacionais e importados, a exemplo de produtos comuns na ceia de Natal, já estão mais caros, além de itens que sofrem influencia indireta da taxa de câmbio. Para os turistas que fazem as compras no cartão de crédito durante as viagens ao exterior, há ainda o risco da divisa subir até o fechamento da fatura e a conta ficar muito superior à esperada. Até ontem, quando comparado a dezembro de 2011, o dólar registrava alta de 18,4% e, para especialistas, a elevação deve continuar em 2013. As estimativas são de que a moeda pode chegar até R$ 2,30 ao longo do próximo ano.

DECEPÇÃO

Depois do resultado frustrante do Produto Interno Bruto (PIB), que acumula no ano crescimento de 0,9%, aumentou a pressão sobre a equipe econômica em busca de soluções para a fraqueza do país. E a decisão de elevar o dólar para dar competitividade à indústria ganhou mais força. A medida, porém, enfrenta resistências, devido à possibilidade de que a ela acabe comprometendo a meta de inflação, fixada em 4,5%, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O governo também entende que está com pouca margem de manobra para garantir uma carestia comportada em 2013. A redução da tarifa de energia elétrica, por exemplo, pode ter um impacto positivo menor que o estimado no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Isso porque algumas companhias não querem aderir à renovação antecipada de concessões. O Ministério da Fazenda ainda precisa descobrir como acomodar um ajuste de pelo menos 10% no preço da gasolina para equilibrar o caixa da Petrobras.
Na conta que irá influenciar a decisão de até onde empurrar o dólar, há ainda o fim do desconto de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos e eletrodomésticos da linha branca. A previsão é que o benefício acabe em 31 de dezembro, uma reversão que tem potencial de jogar pelo menos 0,5% de alta já no IPCA de janeiro. Com tudo isso, elevar o dólar, uma âncora tradicional da inflação, tem um limite, apontam os especialistas. "Não seria razoável esperar que o câmbio resolvesse todas as deficiências da indústria. O governo não seria ingênuo a esse ponto", avaliou Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting. "Que câmbio seria esse, capaz de resolver os problemas de infraestrutura e de mão de obra? Teria de ser muito elevado", argumentou.

(Fonte : Correio Braziliense / imagem divulgação)

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