quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ESPANHA MIRA NEGÓCIOS COM O BRASIL


Empresários espanhóis querem pedir à presidente Dilma Rousseff medidas que favoreçam alianças entre empresas da Espanha e do Brasil para produzirem juntas visando os mercado latino-americano e europeu e dando impulso ao combate à crise global.
Com essas associações, pretendem ampliar comércio, investimentos e ter acesso a financiamentos de bancos públicos, como BNDES e Banco do Brasil. A ideia é investir no longo prazo, endividando-se em moeda local e evitando riscos de câmbio, ainda mais em meio à instabilidade do euro. Com sua economia passando uma das piores crises da história, mais companhias espanholas pavimentam terreno para uma nova onda de negócios com o Brasil, à margem da Cúpula Ibero-Americana, sexta-feira e sábado em Cádiz.
"Por detrás do Brasil." É como intitula o "Diário Cádiz" um artigo sobre a nova relação de forças, com o Brasil surgindo como a primeira economia ibero-americana, enquanto a Espanha se conforma na segunda posição, pendente de novo resgate por parte da União Europeia e ameaçada pelo independentismo catalão. Em entrevista ao Valor, o presidente da Câmara de Comércio Espanha-Brasil, José Gasset, que é diretor internacional da Iberdrola, disse que o Brasil "é mais que uma oportunidade para a Espanha, é um sócio estratégico".
A Espanha é o segundo investidor estrangeiro direto no país, depois dos EUA, com estoque acumulado de mais de US$ 80 bilhões. Cerca de 13% dos investimentos espanhóis no exterior estão no Brasil, só superados pelos volumes na vizinha França. O comércio bilateral está em torno de US$ 8 bilhões por ano, com o Brasil obtendo superávit recente em torno de US$ 1,2 bilhão por ano. O comércio cresceu 20% em 2011 em relação a 2010, e Gasset acha que o ritmo tende a se manter. Para ele, mais companhias nos setores de turismo e infraestrutura, por exemplo, querem tomar o rumo do Brasil.
Do lado espanhol, o governo tem agora estimulado a internacionalização de pequenas e médias empresas, por meio de acordos estratégicos com outros governos, financiamento oficial e seguros de crédito, na medida em que pode o combalido Tesouro público espanhol. Para Gasset, o importante é que as PMEs querem ir para o Brasil não apenas para vender produtos, mas para se instalar com sócios locais. A expectativa é que Dilma aceite o convite de empresários espanhóis e brasileiros para o almoço de encerramento de encontro empresarial, em Cádiz.
Conforme Gasset, a mensagem fundamental será pedir para o governo brasileiro suavizar algumas barreiras tarifárias ou travas burocráticas que podem interferir no comércio e investimentos bilaterais. Alem disso, "as espanholas podem ter acesso a financiamento de bancos espanhóis. Mas seria interessante aceder a bancos locais, como BNDES e Banco do Brasil, o que ajudaria as joint ventures".
Uma questão, para os ibéricos, é que os juros são mais elevados no Brasil. Na Espanha o financiamento é em euro, mas está especialmente complicado no cenário atual de retração econômica.

(Fonte : Jornal Valor Econômico / imagem divulgação)

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