quarta-feira, 1 de agosto de 2012

OLIMPÍADA NO RIO ABRE NOVAS OPORTUNIDADES DE TRABALHO


Em 1896, 241 atletas disputaram a primeira Olimpíada organizada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). No entanto, foi apenas quarenta anos atrás, em Munique, na Alemanha, que os Jogos começaram a crescer e a gerar renda e empregos a partir da venda dos direitos de transmissão para a televisão. Em 1996, em Atlanta, nos Estados Unidos, esse foi um negócio de US$ 160 milhões. Agora, em Londres, o evento contará com 10,5 mil atletas e um público estimado de 450 mil pessoas. Já os direitos para a TV movimentaram US$ 4 bilhões.
A expansão geométrica do negócio "Olimpíadas" promove um crescimento de oportunidades ligadas direta ou indiretamente a ele. No comitê organizador da Rio 2016, por exemplo, 60 mil pessoas entre contratadas e terceirizadas estarão trabalhando no período da realização do evento. Um estudo da Fundação Instituto de Administração (FIA), realizado com base no orçamento inicial (de 2008) da Olimpíada do Rio de US$ 11,6 bilhões, aponta que serão gerados cerca de 120 mil empregos por ano, entre 2013 e 2016.
Entre os setores mais influenciados pelos jogos estão o de construção civil (10,5% do impacto econômico total), serviços imobiliários e aluguel (6,3%), serviços prestados às empresas (5,7%), petróleo e gás (5,1%), informação (5,0%), e transporte, armazenagem e correio (4,8%). A região metropolitana do Rio de Janeiro deve absorver metade dessas oportunidades.
Uma das empresas privadas que já estão contratando é a Golden Goal, especializada em desenvolver negócios no setor de esportes. Ela teve 60% do seu capital adquirido pela Chime Sports Marketing (CSM), uma multinacional que presta serviços para eventos no setor. Hoje, no Brasil, são 40 funcionários, mas o quadro deve chegar a 200 até 2014, quando será realizada a Copa do Mundo no Brasil. Vão ser abertos escritórios em Porto Alegre e Fortaleza, além dos já existentes no Rio, São Paulo e Porto Alegre. "Além disso, teremos representantes em cada uma das 12 cidades que sediarão a Copa", afirma Mauro Correa, diretor-executivo da empresa.
Ele explica que a maior parte das contratações será no setor de promoção esportiva, mas também haverá vagas para profissionais de tecnologia da informação, administração com especialização em recursos humanos e controladoria. "Muitas vezes, as pessoas querem trabalhar com esporte simplesmente por gostarem do tema. Esse não é um perfil que interessa. É preciso, acima de tudo, demonstrar competência e profissionalismo", explica Carlos Eduardo Ferreira, também diretor-executivo da Golden Goal.
Mas a disputa não será fácil. No ano passado, a Golden Goal abriu um processo seletivo para cinco vagas. Recebeu 1.200 candidatos vindos de 95 diferentes cidades do Brasil. Havia também americanos, portugueses e espanhóis. Só 7% já haviam trabalhado no mercado esportivo, mas 23,7% tinham mestrado ou MBA.
Um bom exemplo de como não é necessário ter uma carreira no setor para trabalhar com Olimpíada foi a mais recente contratação do comitê da Rio 2016: o general de divisão Marco Aurélio Costa Vieira, que ocupava a posição de diretor de educação superior do Exército desde 2009, é o novo diretor de operações dos Jogos. Ele se relacionará com os comitês olímpicos nacionais, administrará a Vila dos Atletas, será responsável pela cerimônia de abertura e encerramento e, ainda, pelo transporte, segurança e tecnologia entre outras funções. Apesar de não ter experiência na área, o general Costa Vieira é doutor em ciências militares com ênfase em logística e gestão.
Os empregos em torno da Olimpíada também aquecem outras áreas como marketing e os relativos à hospitalidade. A CSM, por exemplo, trará para o Brasil todas as suas subsidiárias: a Icon, responsável pelo marketing nas ruas dos jogos de Londres; a iLuka, especializada em hospitalidade; a Fast Track, consultoria de marcas; e a Essencially, que administra a carreira de atletas e também comercializa todas as placas de publicidade da seleção brasileira em estádios no exterior.
Ferreira explica que a realização de uma Olimpíada também traz outros benefícios como a profissionalização de novos esportes. "Hoje, no Brasil, o mercado é muito voltado para o futebol. Realizar os jogos faz com que aumente o interesse das empresas por esportes como vôlei, judô, natação ou atletismo."
O setor de hotelaria é outro que já está criando oportunidades de trabalho. Só no Rio, a rede Accor terá nove novos hotéis, praticamente dobrando sua capacidade atual. No país, estão sendo negociados 90 novos empreendimentos pela empresa. A Accor, no entanto, não está pensando apenas nos Jogos Olímpicos e na Copa, mas no crescimento do país como um todo. "Nosso foco é o turismo de negócios, que está se expandindo cada vez mais em razão da exposição que o Brasil está tendo lá fora", diz o diretor geral da Hospitality América Latina, Roland De Bonadona.
Hoje, o comitê organizador da Rio 2016 opera com 321 funcionários, mas neste ano e no próximo entrarão outros 550. Em 2014, serão mais mil e, no ano seguinte, dois mil. A maior parte das 60 mil pessoas será terceirizada e contratada por patrocinadores que prestarão os serviços.
Atualmente estão sendo contratados profissionais para os cargos executivos, explica o diretor de recursos humanos, Henrique Gonzales - todas as oportunidades do comitê estão disponíveis no site www.rio2016.com . As vagas atuais vão de tradutores, desenhistas e arquitetos a gestores de projetos e de patrocínios. De acordo com Gonzalez, haverá também oportunidades nas áreas financeiras, de tecnologia e de administração. "Nesses casos, buscaremos executivos com experiência em outros eventos esportivos, que saibam lidar com assuntos como patrocínios e licenciamentos."
Uma vez dentro do comitê, o contratado assumirá novas responsabilidades e desafios com o passar do tempo. "Vai chegar um momento em que os profissionais serão deslocados para gerenciar as operações dos jogos. Um técnico de informática, por exemplo, pode chegar a gerenciar uma arena inteira se percebermos que ele tem o perfil necessário", explica.
Gonzalez ressalta, no entanto, que o emprego no comitê organizador não é eterno e, em outubro de 2016, haverá a desmobilização. "Apesar disso, temos recebido um grande número de candidatos do país inteiro. São pessoas que querem contribuir e que sabem que participar desse projeto único pode ser uma grande experiência para a carreira". Além disso, existe a chance de se tornar um profissional de esportes. "Existem muitas pessoas que migram de país em país atuando nos grandes eventos. Aqui no comitê também teremos muitos estrangeiros", prevê.
Falar inglês, portanto, é fundamental e conhecer outra língua adicional ajuda ainda mais. "O francês é muito presente no esporte. Já o espanhol também será importante por se tratar da primeira Olimpíada na América Latina", afirma.

(Fonte : Jornal Valor / imagem divulgação)

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