quarta-feira, 1 de agosto de 2012

COM JOGOS, RITMO DE NEGÓCIOS DIMINUI


O recepcionista do Hotel Tudor Court, em Paddington, ainda está esperando um aumento no movimento por conta dos Jogos Olímpicos. O hotel ficou quase totalmente lotado no verão passado, disse Mihai Ghiliciuc. Durante a Olimpíada, porém, as reservas estão registrando uma queda de cerca de 30% em relação ao ano passado.
"[O movimento] caiu abaixo do que esperávamos a partir de 20 de julho. Nossa taxa de ocupação inicialmente esteve mais alta, mas caiu, em alguns dias, durante a Olimpíada - até mesmo para abaixo do normal do verão", diz.
O ânimo de Ghiliciuc é compartilhado por outros empresários no centro de Londres, que registraram pouco aquecimento adicional decorrente da Olimpíada, pois os turistas que tradicionalmente visitam Londres estão ausentes.
O UK Trade and Investment previu uma entrada de 13 bilhões de libras (US$ 20,4 bilhões) na economia ao longo de quatro anos. Mas importantes ministros descartaram um "aquecimento turístico" em curto prazo e, em vez disso, enfatizam - nas palavras do vice-primeiro-ministro Nick Clegg, na semana passada, por exemplo -, o "potencial de crescimento" do Reino Unido.
As previsões sugeriam que os jogos certamente trariam um batalhão de visitantes. A Transport for London previu até 1 milhão de turistas por dia e um acréscimo de 3 milhões de viagens aos habituais 12 milhões de deslocamentos urbanos por transporte público.
Para muitos londrinos, porém, a cidade está parecendo mais vazia do que habitualmente. Tony Travers, um especialista em economia londrina da London School of Economics, disse: "Se isso se confirmar, haverá uma grande queda nos negócios devido às previsões exageradas para a demanda de transportes, o que seria então uma pena, para dizer o mínimo."
A maioria dos economistas mostrava-se cética quanto ao potencial dos Jogos Olímpicos de representar uma grande injeção à produção econômica no terceiro trimestre de 2012. As vendas de ingressos elevarão o crescimento econômico trimestral em cerca de 0,1 ponto percentual, mas outros efeitos são mais difíceis de precisar, e poderão até ser negativos.
O Birô de Responsabilidade Orçamentária (BRO), uma agência fiscalizadora governamental do Reino Unido, não registrou nenhum impacto da Olimpíada no terceiro trimestre, além do efeito das vendas de ingressos.
"Os jogos podem levar alguns trabalhadores a tirar suas férias anuais durante as competições, o que poderá redistribuir a produção do terceiro trimestre para mais cedo ou mais tarde no ano", escreveu o BRO em março. "Também não está claro se a Olimpíada gerará aumento no turismo líquido ou se alguns turistas adiarão ou cancelarão suas viagens para evitar as multidões e os resultantes inconvenientes de viajar nessas circunstâncias."
Jace Tyrrell, diretor de comunicações da New West End Company, que representa os varejistas nas vias Bond Street, Oxford Street e Regent Street, disse que os jogos criaram um padrão de negócios diferente para as lojas de artigos de luxo. "Houve uma guinada do foco de interesse para a Olimpíada e há menos turistas, como esperado, mas houve também uma injeção de atividade proporcionada pela 'família olímpica' [delegações e patrocinadores] que gastam mais", afirmou Tyrrell.
O número de visitantes caiu em pontos turísticos de Londres, disse Bernard Donoghue, diretor-executivo da Association of Leading Visitor Attractions, mas ele acredita que os benefícios serão cumulativos ao longo do tempo: "a cobertura da TV dos jogos e da cerimônia de abertura proporciona a Londres e ao Reino Unido a melhor publicidade em sua história. A longo prazo, a divulgação do Reino Unido será ótima para a atração de turistas".
Tom Jenkins, diretor-executivo da European Tour Operators Association, disse que Londres se deu "excepcionalmente bem" em atrair visitantes olímpicos do exterior, com até 100 mil por dia na capital. Ele acrescentou: "Toda Olimpíada desestimula visitantes habituais: normalmente temos cerca de 300 mil visitantes estrangeiros e 800 mil visitantes nacionais por dia. Esses números estão agora muitíssimo abaixo dos registrados no ano passado. Esse "déficit" ficará na dependência de por quanto tempo a Transport for London manterá a campanha 'Não venha a Londres'." Mas uma cidade menos movimentada traz benefícios.
"Os grandes museus londrinos estão comparativamente vazios, está fácil conseguir uma reserva num restaurante ou uma entrada de teatro. Do ponto de vista individual, nunca houve melhor momento para vir a Londres do que em agosto de 2012."

(Fonte : Financial Times / imagem divulgação)

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