segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ESPAÇO AÉREO NÃO SERÁ PROBLEMA, MAS JÁ NOS AEROPORTOS…


O trafego aéreo não deve gerar gargalos na expansão do transporte aéreo no Brasil, garantiu o diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), tenente-brigadeiro-do-ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes. Por outro lado, a saturação de espaços nos aeroportos existentes e a falta de infraestrutura alternativa já estão provocando aumento de custos e problemas no crescimento da aviação geral e executiva, apontaram representantes ligados a esses segmentos.
As constatações se deram durante a última reunião da Subcomissão Temporária de Aviação Civil (Cistac) realizada no último dia 08 de agosto no Senado Federal em Brasília. A Cistac é presidida pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO) e tem reunido representantes de diversos segmentos do setor aéreo brasileiro para discutir a atual situação da aviação civil brasileira e seus caminhos. Um relatório final será formulado com recomendações ao Governo.
Em sua apresentação, o brigadeiro Mendes apontou os desafios a serem enfrentados pelo órgão destacando a expansão do tráfego brasileiro nos próximos anos, esperado em aumentar em pelo menos 2/3 do atual, e o surgimento de novas estruturas como os aeroportos regionais.
Porém, ainda segundo Mendes, mesmo com o aumento da demanda, o novo sistema CNS/ATM – de navegação por satélite– deve acompanhar as necessidades inclusive em áreas terminais (TMA) mais movimentadas como São Paulo e Rio de Janeiro. “O atual sistema está dimensionado em quase o dobro do tráfego existente hoje. Podemos garantir que a expansão aérea não encontra batente no espaço aéreo, mas sim na atual infraestrutura disponível como pátios e hangares e até mesmo novos aeroportos”, avaliou.
Mendes também justificou o atraso do novo sistema de navegação por satélite no Brasil devido aos estudos de influência da Ionosfera na faixa geográfica brasileira. "Precisamos ter certeza de que não há grandes influências no sistema, garantindo a eficiência e segurança do serviço para as aeronaves", explicou.
No geral, os participantes da reunião elogiaram e reconheceram os esforços do Decea, porém devido à questão de ordem do plenário, a audiência não teve a rodada de questionamentos aos participantes. As perguntas ficaram de ser encaminhadas posteriormente. Mesmo assim, o piloto e presidente da CFly Aviation, Francisco Lyra, aproveitou para fazer algumas solicitações diretamente ao diretor do Departamento. Segundo Lyra, muitos dos jatos da frota brasileira já possuem equipamentos de nova geração, e podem acessar serviços diretamente no próprio avião, mas é preciso a disponibilização pelo Decea.

AEROPORTOS EXECUTIVOS

O empresário também entregou ao senador Vicentinho Alves um relatório com as principais questões relativas à aviação executiva. Entre elas, as questões jurídicas relativas à construção e exploração de aeroportos pela iniciativa privada. Lyra destacou a importância da aviação executiva como motor de desenvolvimento econômico do país.
Para ilustrar, Lyra disse que o transporte de executivos está ligado à construção e implantação de novos negócios em todo o país, gerando empregos reais. “Isso só é possível com o transporte ‘in loco’ dos empresários. Eles só podem decidir os investimentos caso visitem os locais. E utilizam bastante os aviões próprios ou táxis aéreos para ganharem tempo”, exemplificou.
Um dos principais pleitos do empresário é de que a aviação geral e executiva passe a integrar as políticas de desenvolvimento da aviação. E também defendeu a participação da iniciativa privada na construção de infraestrutura. “Os aeroportos executivos podem complementar a atual estrutura brasileira. Há necessidade de investimento, a iniciativa privada está pronta para isto e realmente não é de se esperar que o Governo venha a investir em pequenos aeroportos. Os investidores querem fazer, mas precisam de mais segurança e definições na atual legislação”, avaliou Lyra.
A importância da aviação geral para o desenvolvimento do país também foi apresentado pelo presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves (APPA), George William de Araripe Sucupira. Segundo ele, a aviação geral é responsável pela capilaridade do transporte brasileiro prestando serviços à população de cidades remotas ou não cobertas pela aviação regular.

FORMAÇÃO

A descentralização da formação de controladores aéreos foi um dos assuntos apontados pelo coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC-GO, Raul Francé Monteiro. Hoje, esta formação é fornecida exclusivamente pelo Decea, mas o diretor acredita que a instrução pode ser compartilhada com os atuais cursos de Ciências Aeronáuticas existentes no Brasil.
O coordenador recordou a própria transformação da formação de pilotos nos últimos anos, antes fornecida apenas pela Aeronáutica e pelos aeroclubes, para exemplificar uma mudança de paradigma.
A questão da formação de mão de obra para aviação também foi ressaltada por Sucupira que destacou a importância da aviação geral como porta de entrada e formadora de profissionais a serem utilizados pela aviação como um todo posteriormente. Lyra também abordou o assunto citando a necessidade de uma estrutura que reúna as diversas especialidades da área, como um aeroporto-escola, denominando-o de 'Universidade do Ar'.

(Fonte : Revista Traer / imagem divulgação)

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