sexta-feira, 20 de julho de 2012

REDE HOTELEIRA TEME “FALÊNCIA” DO SETOR APÓS O MUNDIAL



O setor hoteleiro e turístico de Mato Grosso está preocupado com o que aponta de "falta de foco" do Governo do Estado nas ações visando à Copa do Mundo de 2014.
Os empresários temem uma má exposição na mídia e o afastamento dos visitantes da Capital, por falta de investimento em localidades turísticas localizadas próximas à Capital - como Chapada dos Guimarães, por exemplo.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Mato Grosso (SHRBS/MT), Luiz Carlos Nigro, Cuiabá só foi escolhida como uma das 12 sedes da Copa pelo potencial turístico e ecológico que apresenta, mas, se nada de concreto for feito para resgatar os pontos turísticos localizados no entorno da Capital, todo o investimento feito agora será em vão.
“A nossa preocupação são os atrativos turísticos no entorno de Cuiabá. Chapada dos Guimarães está em uma situação muito complicada, com a maioria dos atrativos fechados ou em um abandono total. Temos ainda a Transpantaneira, uma estrada que fica precária em época de chuvas, difícil de trafegar. Eles vão lá, fazem um ‘quebra-galho’, passam uma patrola, mas não fazem nada em definitivo, para resolver o problema”, pontuou.
A rede hoteleira de Cuiabá e Várzea Grande conta com 119 edificações, com capacidade total de 14 mil leitos. Até 2014, as duas cidades devem ganhar mais 14 hotéis, aumentando a capacidade para pouco mais de 20 mil leitos - um investimento de mais de R$ 200 milhões.
Somente para este ano, a entrega de quatro torres estão previstas na Capital e em Várzea Grande: os hotéis Delcas, Asas, Tainá e Scala.
Hoje, a taxa de ocupação dos hotéis na Grande Cuiabá gira em torno de 65% e, durante o Mundial de Futebol, a expectativa do setor é de que esses índices superem a marca de 95%.
A apreensão da rede hoteleira é quanto ao período pós-Copa, caso a imagem de Cuiabá levada pelos turistas seja negativa.
“O setor está preocupado com o que fazer com toda essa hotelaria no pós-Copa. Porque o nosso medo é termos grandes elefantes brancos. Eu acredito que, depois da Copa, se nada for feito de concreto para atrair os turistas, essa taxa deve cair para 30% a 35% e muitos hotéis vão ‘quebrar’”, disse Nigro.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Hotéis de Mato Grosso (Abih-MT), Luiz Verdun, o risco que o setor corre é de se ter um excesso de hotéis e pouca demanda.
“Vai chegar um momento em que vão acabar sucateando os hotéis, porque o custo de um hotel é muito alto. Depois de cinco anos, esses custos tomam quase 40% da receita, porque os equipamentos evoluem e os hotéis precisam acompanhar isso”, disse.
Para que o turista deixe a Capital com uma boa impressão, Verdun acredita que é necessário não apenas investimento em grandes obras de mobilidade urbana e no turismo, mas também em paisagismo, infraestrutura e saneamento básico.
“Algumas dessas obras precisam ser priorizadas para o evento. Há muita verba sendo gasta com coisas que já existem”, reclamou.

FUTURO INCERTO

Caso os atrativos ecológicos não estejam em pleno funcionamento e não haja investimento em tecnologia de ponta, como torres de telefonia celular em todos os lugares, o presidente acredita que o futuro de grande parte dos empreendimentos estará seriamente comprometido.
“Nos preocupamos com o que o turista vai ver de atrativos turísticos, de ecologia. Nós precisamos resolver esse problema, porque o turista vai se deslocar, no máximo, 200 km no entorno da Capital. Nós temos que estar com esses atrativos do entorno da Capital 100% funcionando, com uma tecnologia de ponta em termos de telefonia celular, porque em Chapada e Pantanal, por exemplo, não tem sinal de celular suficiente nem para carregar fotografias nas redes sociais. Isso são melhorias que a gente precisa enfrentar agora até a Copa do Mundo”, afirmou.
Segundo Nigro, atualmente, os hóspedes freqüentes dos hotéis são aqueles que fazem "turismo de negócios", viajam a trabalho, representando mais de 90% dos visitantes. Em segundo lugar na ocupação da rede hoteleira estão os "turistas de eventos", que vêm à Capital atraídos por um seminários, congresso ou feira de exposição.
"Nós acreditamos que esses dois segmentos é que vão manter a ocupação hoteleira no pós-copa. O turista, aquele que realmente vem passear, é mínimo, você pode contar nos dedos.
E se não melhorarmos a infraestrutura, aí que não vai melhorar mesmo. Temos que repensar isso", salientou.

QUALIFICAÇÃO

Segundo Luiz Nigro, a rede hoteleira está preparada para receber os turistas durante a Copa do Mundo, mas o setor, que hoje emprega mais de 50 mil pessoas em nove mil estabelecimentos espalhados pelo Estado – sendo mais de três mil hotéis, bares, restaurantes e motéis apenas na Grande Cuiabá –, enfrenta dificuldades em conseguir mão-de-obra competente.
“Hoje uma das grandes dificuldades que nós temos é conseguir mão-de-obra qualificada e especializada para determinadas áreas, como camareiras e recepcionistas de hotel. Nós temos muita gente com boa vontade, mas não temos em Cuiabá ainda uma escola com cursos específico para hotelaria. Nós temos o curso de turismo voltado para a área de hotelaria, que ajuda bastante, a pessoa sai com uma boa bagagem, mas não temos um hotel-escola, por exemplo, e isso acaba deixando muito a desejar”, criticou.
Tentando minimizar essa carência, o sindicato pretende capacitar cerca de duas mil pessoas até 2014, realizando cursos de qualificação.
“O cuiabano já tem o costume de receber bem os turistas, mas é muito importante nós darmos uma capacitação para aprimorarmos esse atendimento”, disse Nigro.
Na última quarta-feira (18), o Sindicato, em parceria com a Abih-MT, realizou duas palestras visando a despertar o interesse dos empresários sobre a importância da qualificação de seus empregados.
As palestras abordaram a relação entre o turismo mato-grossense e a Copa 2014 e as atitudes essenciais para o sucesso e foram ministradas pelos consultores Jaime Okamura e Edson Gonçalves.
“Investimentos e infraestrutura são importantes, mas precisamos também de funcionários qualificados para atender bem os visitantes”, ressaltou Verdun.

(Fonte & imagem : Mídia News)

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