terça-feira, 10 de maio de 2011

PARA FINANCIAR INVESTIMENTOS, MERCADO DE CAPITAIS PRECISA DOBRAR


Infraestrutura, eventos e expansão industrial geram demanda deR$ 850 bilhões, segundo cálculo de especialistas

O Brasil terá de dobrar o tamanho do mercado de capitais até 2012. Só assim o país vai conseguir 21% de investimento sobre o PIB e cumprir a meta de crescer 4,5%. A principal preocupação é a demora do país em destravar esse mecanismo, dizem especialistas.
Segundo o Cemec (Centro de Estudos de Mercado de Capitais), o mercado de capitais terá de alcançar R$ 150 bilhões, o dobro do que o país obteve em 2010 (R$ 75 bilhões).
Para o diretor do Cemec, Carlos Rocca, as simulações acerca do desafio brasileiro em alocar capital para investimentos em infraestrutura, expansão industrial e para a preparação dos eventos esportivos em 2014 (Copa) e 2016 (Jogos Olímpicos) mostram demanda de R$ 850 bilhões no ano que vem.
A cifra irá crescer e atingir a marca de R$ 960 bilhões em 2015.
"Essa questão do crescimento potencial do Brasil é muito controversa. Mas, para efeito de simulação, é válido considerarmos que, para um crescimento de 4,5% ao ano, o país precise investir cerca de 21% do PIB. Não iremos conseguir isso sem desenvolver o mercado de capitais", afirma.
O temor é que a construção desse mecanismo, capaz de destravar, principalmente o mercado de títulos de dívida privada, esteja demorando demais.
A primeira tentativa efetiva foi dada só em dezembro de 2010, quando o governo incluiu numa medida provisória um dispositivo que institui regra que desonera os papéis de emissão privada, a exemplo do que ocorre com os títulos do governo.
"É um passo importante, mas ainda precisamos saber como será a regulamentação desse mecanismo. Esse é um mecanismo novo que terá de ser testado. É preciso ver se irá funcionar", diz Paulo Godoy, presidente da Abdib (Associação Brasileira das Indústrias de Base e da Infraestrutura).
Pelo mecanismo, sociedades criadas para desenvolver projetos de infraestrutura podem emitir títulos de dívida de longo prazo. Como esse é um mercado incipiente no Brasil, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá a função de "motor de arranque", ou criar um mercado secundário para fazer girar esses papéis criando liquidez.
"Um fundo de pensão até tem interesse em títulos de longo prazo, mas este precisa ter a opção de vender o papel caso precise ajustar a carteira. Hoje isso não é possível", diz Rocca.
A reforma do mercado de capitais -até o ponto de torná-lo atrativo- pode trazer mais capital estrangeiro. O benefício é duplo, explica Rocca. O primeiro é o financiamento do deficit em conta-corrente e o segundo é a transferência do risco cambial para o estrangeiro.

(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo)

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