quarta-feira, 9 de junho de 2010

A SEDE DO TURISMO MUNDIAL


O futuro de 235 milhões de pessoas empregadas em todo o mundo foi traçado na semana passada em Pequim, na China, por líderes do setor turístico. Confira entrevista exclusiva do CEO do WTCC, Jean-Claude Baumgarten à Agência Porto de Notícias

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (World Travel & Tourism Council - WTTC), organização internacional que reúne a nata de empresários de serviços turísticos e de viagens de negócios, realizou de 25 a 27 de maio a décima edição de sua Cúpula Mundial para retomar o debate sobre as soluções de desenvolvimento sustentável dessa indústria.
A maior entidade da indústria turística, liderada por Jean-Claude Baumgarten, presidente e CEO, já demonstrou em seus eventos que não foge aos obstáculos que surgem nas cidades anfitriãs e que contrastam com as discussões sobre sustentabilidade. No ano passado, por exemplo, a brasileira Florianópolis (SC) não perdeu o apoio da entidade para ser a sede do evento – mesmo com sua imagem como ponto turístico e sua estrutura física abaladas pelos estragos das enchentes que ocorreram poucos meses antes da realização da Cúpula.
A edição de 2010 ocorreu na chinesa Pequim, atingida por uma chuva de críticas sobre censura. Mas, para o otimista Baumgarten, a indústria turística é um sopro renovador para qualquer regime fechado, ao oferecer a alternativa de desenvolvimento sustentável, com mais empregos e qualidade de vida para a população.
Isso não quer dizer que o setor não sinta o baque das crises, como a que o mundo enfrentou no ano passado. Segundo o estudo do WTTC, o Produto Interno Bruto (PIB) global do setor de viagens e turismo diminuiu 4,8% em 2009.
Como consequência, foram eliminados quase 5 milhões de postos de trabalho – ou 5,6 milhões, considerando-se também o ano de 2008. Todas as regiões do globo experimentaram reduções significativas do número de visitantes, enquanto os gastos com investimentos no turismo diminuíram mais de 12%.
No entanto, mesmo em um ano tão reprimido para a atividade, em 2009 o setor ainda manteve empregadas mais de 235 milhões de pessoas em todo o mundo – o equivalente a 8,2% do total de empregos – e gerou 9,4% do PIB mundial.
Segundo análise do WTTC feita com 180 países, o setor deverá crescer 4,4% ao ano entre 2010 e 2020, sustentando mais de 300 milhões de empregos até 2020 – ou seja, 9,2% dos empregos e 9,6% do PIB mundial. O Brasil aparece hoje com destaque, em 13º lugar no ranking de países que leva em conta vários indicadores do setor: importância do turismo para o PIB, geração de empregos, divisas geradas por turistas internacionais e investimentos públicos e privados.
Em entrevista exclusiva à Agência Porto de Notícias, o presidente e CEO do WTTC falou sobre as expectativas do setor em torno da décima edição de sua Cúpula Global.

APN - O setor de viagens e turismo também sofreu o impacto da crise financeira mundial do ano passado, e isso inibiu seu crescimento. Como essa indústria pode evitar o mesmo impacto agora, diante da ameaça de nova crise no continente europeu?

Jean-Claude Baumgarten – Crises recentes – como a gerada pelo 11 de Setembro, as gripes aviária e suína e a SARS, a ocorrência de tsunamis e terremotos, e, agora, a nuvem de cinzas vulcânicas – tiveram sempre um impacto econômico no setor de viagens e turismo na última década. E eventos similares afetarão, muito provavelmente, mais ainda. Creio que uma legislação progressiva e de apoio é necessária para permitir que essa indústria tenha condições de se recuperar e que seu potencial seja efetivamente realizado.
Em relação às cinzas vulcânicas que paralisam o segmento da aviação civil, os governos devem agora intervir. Isso também é verdadeiro com relação aos encargos financeiros da atual crise europeia, que são altos para o setor privado. Creio que é tempo para uma coesão entre governos e entidades, como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Comissão Europeia (CE), o G8 e o G20. É necessário que se reexamine como são coordenadas e executadas as políticas que têm impacto sobre o setor de viagens.
Um passo importante em relação à crise das cinzas seria a introdução do controle centralizado do tráfego aéreo para toda a Europa, o que poderia reduzir a necessidade de proibição geral de voos no futuro.

APN – Há outras medidas necessárias?
JCB – Incentivar e dar continuidade à incorporação da sustentabilidade em modelos de negócios; promover o desenvolvimento de recursos humanos qualificados para atender à demanda crescente de viagens e turismo; explorar fortes parcerias público-privadas para incentivar o crescimento da indústria; e, finalmente, promover um investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para aumentar a comunicação entre os prestadores de serviços de viagens e seus clientes.

APN – A Cúpula ocorreu na China, um país fascinante, da maior população mundial. O senhor acredita que o setor de viagens e turismo pode contribuir para melhorar a qualidade de vida da população por meio do desenvolvimento sustentável?
JCB – No início deste ano, a China anunciou que o turismo será um dos pilares fundamentais de seu desenvolvimento econômico. Uma das principais maneiras de fazer isso é incentivando a realização de eventos de alto nível, como o Global Travel & Tourism Summit – que atrai mídia, políticos e líderes da indústria turística em um fórum para discutir como esse setor pode contribuir para o crescimento de cada país.

APN – Na última Cúpula, o WTTC foi muito elogiado por não cancelar o evento mesmo após os estragos das enchentes em Santa Catarina (o evento ocorreu em Florianópolis). Foi um momento importante de apoio para uma comunidade que precisava se recuperar. O que mais sensibilizou o senhor neste episódio no Brasil?
JCB – Certamente, a percepção de Florianópolis e Santa Catarina pela comunidade empresarial internacional, que é representada por nosso Conselho, mudou. Muitos dos nossos membros estão bem mais familiarizados com a rica diversidade de opções de lazer disponíveis na região catarinense, assim como das estruturas disponíveis para o segmento de negócios.
No entanto, ainda não temos dados suficientes que possam dimensionar se o evento contribuiu de fato para o aumento de visitantes no estado.

APN - Em sua opinião, qual é o grande destino turístico que vem se destacando este ano em desenvolvimento sustentável?
JCB - Todos os finalistas deste ano de nossa premiação (veja lista abaixo) foram absolutamente notáveis na política de desenvolvimento sustentável de seus destinos. Como todos os anos, será difícil escolher apenas quatro vencedores. Mas saberemos na apresentação, do dia 26 de Maio, dos vencedores do Turismo para o Amanhã, no Centro de Artes Performáticas, em Pequim.

PRÊMIO DO TURISMO PARA O AMANHÃ

Os quatro vencedores do premio Tourism for Tomorrow 2010 do WTTC (World Travel & Turism Council) foram anunciados durante a 10 Global Travel & Tourism Summit, no Centro Nacional para as Artes Performáticas em Pequim, China. Dos 12 finalistas, Emirates Hotels & Resorts, Whale Watch Kaikoura, Accor e o Turismo de Botswana foram os vencedores por seus trabalhos bem-sucedidos na promoção do turismo sustentável em diferentes partes do mundo.

Veja a relação e os links das instituições:

Destination Award Stewardship
Botswana Turismo - http://www.botswanatourism.co.bw/

Conservation Award
Emirates Hotels & Resorts, Emirados Árabes Unidos - http://www.emirateshotelsresorts.com/

Community Benefit Award
Whale Watch Kaikoura Ltd, Nova Zelândia - http://www.whalewatch.co.nz/

Prêmio Global de Negócios de Turismo
Accor, França e Global - http://www.accor.com/

(Fonte : Agencia Porto de Notícias / Foto Divulgação)

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