quarta-feira, 9 de junho de 2010

EMPRESÁRIOS PREPARADOS PARA A CRISE

Líderes de governo e do setor privado da indústria turística discutiram em Pequim o impacto da crise. Apesar da prudência, empresários dizem que não adiarão investimentos

É consenso que a crise econômica mundial, que começa a se agravar na Europa, deve atingir todos os países em pouco tempo. Entretanto os líderes da indústria turística acreditam que a experiência adquirida com outras crises (financeira, cinzas vulcânicas, surtos de gripes) ensinou o trade a se preparar melhor para enfrentar futuros obstáculos e criar soluções. “Não tenho medo de crise, depois do bug do milênio, das gripes aviária e suína, da crise financeira... As situações aparecem e são super potencializadas. Como é tudo interdependente, o medo é contaminante, mas, ao mesmo tempo, os mecanismos de controle funcionam, como a intervenção do banco central europeu, que teve coragem de tomar decisões rápidas”, disse o secretário de Articulação Internacional de Santa Catarina, Vinícius Lummertz, que participou de debates sobre o tema na 10ª Cúpula do WTTC em Pequim .
“É verdade que estamos postergando uma crise, mas, à medida que a empurramos para frente, temos condições de conhecê-la melhor. E existe um mundo novo acontecendo nos países em desenvolvimento, que está suprindo isso. O Brasil, por exemplo, dez anos atrás, mantinha 30% do comércio internacional com os EUA, hoje representa 18%. Ou seja, as coisas estão mudando. É lógico que a interdependência gera esse medo da crise, mas é com ela que vamos de ter de lidar. Se é esse barro que temos, é com ele que vamos construir”, acrescentou Lummertz.
Participante do mesmo debate de Lummertz na Cúpula, intitulado “A Re-Ordem Global do Turismo”, o vice-presidente Sol Meliá Hotels & Resorts, Sebastián Escarrer, acredita que as empresas estão vendo a crise com muita prudência, mas sem deixar de investir em boas oportunidades. “Em 2009, que foi o pior ano da indústria turística, principalmente em nossos negócios na Espanha e no México, fomos mais conservadores nos investimentos, inclusive paralisando o projeto do grupo em Salvador, na Bahia. Este ano vamos seguir com o mesmo conservadorismo, mas sem deixar de visar também novos destinos, como a retomada do projeto em Salvador, em uma área de 5 milhões de metros quadrados”, informou Escarrer, que vê o Brasil como a grande aposta do momento.
“Estamos ciente da importância do desenvolvimento turístico de um país como o Brasil, que tem 58 milhões de viajantes anuais no turismo interno, mas somente 5 milhões de turistas internacionais. Portanto sabemos de seu potencial de exportação de turismo internacional, principalmente para os EUA e Europa nos próximos anos”, acrescentou. O empresário espanhol adiantou que, além de Salvador, o grupo tem mais planos para o Brasil. “Nossa prioridade é investir na gestão de algum hotel no Rio de Janeiro em função da Olimpíada. E também queremos aumentar a oferta hoteleira para atender essa nova classe média brasileira que surgiu nos sete anos do Governo Lula”, disse. Na China, onde o grupo já opera o Gran Meliá Shanghai, um luxuoso hotel de 686 quartos em Xangai, Escarrer adiantou que está em negociação com as autoridades de Pequim, com objetivo de ter uma unidade Meliá em Pequim. “Mas ainda não posso ainda adiantar datas desse investimento”, concluiu.

Aviação preparada

No setor aéreo, a crise econômica é mais centrada nos Estados Unidos e Europa, segundo informou o vice-presidente executivo da TAP, Luiz da Gama Mór, que também participou da 10ª Cúpula em Pequim. “No caso da nossa empresa, como temos um tráfego bastante diversificado, continuamos crescendo mesmo com a crise, fundamentalmente por causa do tráfego que os viajantes brasileiros estão gerando. E os resultados em 2010 vão depender da permanência do preço do combustível”, explicou Mór. “Em 2008, tivemos recorde de receita mas, com o preço alto do combustível, houve recorde de prejuízo. Em 2009, a crise econômica fez reduzir pela primeira vez em dez anos o número de passageiros das aeronaves da TAP, caindo a receita. No entanto tivemos um resultado muito bom porque o preço combustível estava baixo. Então esse dois fatores, a demanda e o combustível, têm de estar equilibrados. Até agora está indo bem”, acrescentou.
Sobre a crise provocada pelas cinzas do vulcão islandês Eyjafjallajokul, na Islândia, que paralisou o tráfego aéreo na Europa, Mór acredita que a regulamentação atual criada para o controle aéreo evitará um novo caos. “A crise foi gerada em primeiro lugar por um excessivo rigor de excluir zonas com probabilidade muito baixa de ter cinzas porque a Europa não tinha uma regulamentação específica para o caso. Foi então um caos. Agora a zona de exclusão tem três níveis, permitindo assim uma flexibilidade muito maior para as empresas operarem. Acredito que isso não volte a acontecer com aquele radicalismo, fechando a Europa toda”, afirmou.

(Fonte : Ag. Porto de Notícias)

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