terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Brasileiro aperta cinto, mas mantém viagens para fora do país



O turismo de consumo secou, enquanto a demanda por hotéis de categoria econômica e o parcelamento avançaram, segundo executivos de grandes operadoras.
Levantamento em nove dos primeiros destinos do turista brasileiro no exterior mostrou crescimento em sete deles, puxado por Chile e Canadá, com aumento de 17% em relação a 2014

 

A desvalorização do real e a recessão não foram suficientes para brecar o apetite do brasileiro por férias no exterior, mas forçou o turista a buscar viagens mais baratas.

O turismo de consumo secou, enquanto a demanda por hotéis de categoria econômica e o parcelamento avançaram, segundo executivos de grandes operadoras.

Levantamento em nove dos primeiros destinos do turista brasileiro no exterior mostrou crescimento em sete deles, puxado por Chile e Canadá, com aumento de 17% em relação a 2014.

O avanço também aparece no Peru (7%), na Austrália (7%) e em Miami (3%). Na Argentina, houve recuo (6%), e, em Portugal, ficou praticamente estagnado (-0,8%).

"No primeiro momento de desvalorização forte do real, o turismo de compras, aquele do enxoval, por exemplo, quebrou. Depois, o turismo um pouco mais de massa diminuiu. Mas quem pode continua viajando e agora se beneficia das promoções", afirma Luiz Eduardo Falco, presidente da CVC.


Mala vazia

Principais destinos dos brasileiros no exterior


Hoje, as preferências são por destinos cujas moedas tiveram menor disparidade em relação ao real, além dos pacotes de cruzeiros marítimos e resorts "all inclusive".

"Nos cruzeiros, estou vendendo 15% a mais que em 2014 porque custa pouco e é 'all inclusive', ou seja, a pessoa já sabe quanto vai desembolsar antes de viajar. Isso ajuda a planejar o gasto", afirma Aldo Leone, presidente da Agaxtur.

A insegurança na economia também alterou o calendário e agora os brasileiros estão decidindo suas viagens mais em cima da hora.

VENDER O PRESENTE


"Deixamos de vender futuro e passamos a vender presente. Hoje, ninguém comprou junho ainda. Ninguém sabe se vai ter impeachment ou o que vai acontecer."

Um outro indicador de que o brasileiro não freou o interesse em viajar para fora do país é que, no transporte internacional, a demanda das empresas aéreas brasileiras teve em novembro alta pelo 21º mês consecutivo, com avanço de 8,5% na comparação anual, segundo a Anac.

As companhias transportaram 6,7 milhões de passageiros ao exterior de janeiro a novembro, quase 1 milhão mais que no mesmo período de 2014 e o dobro de 2007.

Por outro lado, os gastos com as viagens internacionais foram comprimidos. Recuaram 31% nos 11 primeiros meses de 2015, de acordo com o Banco Central. O valor de US$ 16,1 bilhões acumulado no ano é o menor desde 2010 (US$ 14,3 bilhões).


Mala vazia

Turistas brasileiros no exterior e gastos

Foi o que aconteceu com os turistas Eva e Osni Pompei, que acabam de voltar de uma temporada de férias nos EUA, onde evitaram restaurantes caros e consumismo.

"Foi só para passear mesmo. Dessa vez não deu para encher a mala de compras. Praticamente não trouxemos nada. Nem em Las Vegas eu me arrisquei no cassino. Quando perdi o primeiro dólar, saí correndo", diz Eva.

Para economizar, parte da hospedagem foi em casa de familiares. "Essa medida também ajudou a economizar na alimentação. Uma boa saída é cozinhar em casa."

(Fonte : Jornal Folha de São Paulo – 10-01-16 - imagem divulgação)

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