Os gastos
dos turistas brasileiros no exterior chegaram a US$ 6 bilhões nos três
primeiros meses de 2013. São US$ 700 milhões a mais do que no período
equivalente do ano passado e US$ 1,3 bilhão a mais do que no primeiro trimestre
de 2011. Os números foram apresentados nesta quarta-feira (22) à Comissão de
Desenvolvimento Regional e Turismo pelo presidente da Embratur, Flávio Dino, e
realçam o déficit existente entre a quantidade de brasileiros que viaja para
fora e a de estrangeiros que visita o Brasil.
A CDR
realizou audiência pública com objetivo de debater as estratégias do país para
promover o turismo a partir dos megaeventos que estão agendados no Brasil, como
a Jornada Mundial da Juventude, da Igreja Católica, e a Copa das Confederações,
a serem realizadas em julho deste ano, além da Copa do Mundo de 2014 e a
Olimpíada de 2016.
- Apesar
de o receptivo internacional crescer, ainda temos tendência de déficit. O fato
gerador é o grande numero de viagens internacionais feitas pelos brasileiros.
Isso não é motivo de críticas, pois demonstra a pujança da vida econômica dos
brasileiros, mas significa geração de empregos e negócios em outros países.
Evidentemente que, num Estado Democrático de Direito, não se cogita nenhuma
medida restritiva. Porém, temos que analisar a ausência de competitividade e os
preços melhores das viagens para fora. É um debate de toda a sociedade, não
apenas da Embratur ou do Ministério do Turismo – afirmou.
Segundo
Flávio Dino, o turismo internacional no país cresceu 4,5% no ano passado, ainda
assim está longe de compensar o volume de saídas de brasileiros. Os Estados
Unidos são um bom exemplo. Cerca de 600 mil americanos vêm ao Brasil
anualmente. Em compensação, mais de 1,5 milhão de brasileiros viajam aos
Estados Unidos.
A
solução, de acordo com o presidente da Embratur, passa por três providências: o
fortalecimento de ações de promoção do Brasil no exterior; a facilitação da
entrada de estrangeiros no Brasil, com a revisão da política de vistos; e a
melhoria da competitividade, com a prática de preços justos, o que vai depender
fundamentalmente da participação do setor privado.
-
Avançamos um pouco no ano passado, com duas medidas adotadas pelo governo
federal, que foi a redução da tarifa da energia elétrica e a inclusão da rede
hotelaria e da aviação no Plano Brasil Maior. Mas é preciso avançar numa agenda
de desoneração tributária para que o Brasil não perca este momento favorável
que temos à frente – disse.
ABUSOS
O
presidente da Embratur afirmou que a rede de hotéis do Brasil está crescendo
com os investimentos do setor privado, mas admitiu o risco de cartelização e de
práticas abusivas de mercado, com margens abusivas de lucro, o que resulta em
tarifas caras sem justificativa:
– Eu
nunca encontrei razão científica, concreta e objetiva para muitas das tarifas
hoteleiras cobradas no Brasil. Isso é um equívoco. É a renúncia ao futuro pelo
lucro imediato e compromete a imagem do Brasil de modo duradouro. Essa questão
tem que ser olhada com cuidado – afirmou.
A falta
de concorrência no setor de aviação também preocupa, assim como o preço das
passagens, outro item que precisa ser debatido na opinião do presidente da
Embratur.
Ele
defendeu duas medidas importantes para o setor, como a imediata implantação do
Plano de Aviação Regional, lançado recentemente pela presidente Dilma Rousseff,
e a adoção da política de céus abertos na América do Sul, a exemplo do que
acontece na União Européia, detalhe que foi defendido também pela senadora
Lídice da Mata (PSB-BA):
- A
concorrência é pequena porque não temos abertura do céu a empresas de outros
países que possam concorrer com as nossas. Hoje não há outra alternativa
que não seja abrir os céus para haver uma concorrência que nos leve a um
serviço de qualidade por um preço melhor – opinou.
MAIS
DEBATES
Os
grandes eventos internacionais voltarão à pauta da comissão. A reunião desta
quarta-feira (22) foi conduzida pelo presidente da CDR, Antônio Carlos
Valadares (PSB-SE), que informou a realização de nova audiência para 5 de
junho, desta vez para debater os impactos econômicos e os legados dos
megaeventos ao setor turístico nacional.
(Fonte :
Agência Senado de Notícias)
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