quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MARTA SUPLICY DIZ QUE BRASIL DEVE EVITAR ESTEREÓTIPO DO “CARNAVAL E FUTEBOL”


Em visita ao Reino Unido, a ministra da Cultura, Marta Suplicy, defendeu que o Brasil deve abandonar o estereótipo do "carnaval e futebol" e apostar mais na promoção de seu 'soft power' (poder brando, em tradução livre) - a capacidade de um país influenciar outros por meio de sua cultura e ideias.
Segundo Marta, porém, o trabalho de promoção do Brasil no exterior - em um momento em que o país atrai interesse internacional por causa da Copa de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016 - deve pôr mais ênfase na cultura nacional, evitando o esteriótipo do país do "carnaval e futebol".
"Quando era ministra do turismo fiz um trabalho hercúleo (para evitar o esteriótipo), que a Embratur continuou", afirmou a ministra. "Neste momento, queremos mostrar a diversidade. Temos artistas plásticos e teatro de primeiro mundo, música, cerâmica. Queremos mostrar essas coisas que são parte de nosso acervo cultural. O resto também é. Nossas praias, tudo isso é bonito, e bom, e atrai, mas a identidade brasileira é a cultura. Este é o momento de aproveitarmos para fazermos a nossa marca como país - o tal do soft power."
Segundo a ministra, a Inglaterra "está brigando para manter o 'soft power' que eles levantaram com a Olimpíada de Londres". "(Essa imagem de que o Reino Unido é) um país de conquistas na tecnologia, cultura, (que tem capacidade de) organização - foi o que eles conseguiram mostrar", disse Marta.
"Nós temos tudo para mostrar um 'soft power' mais poderoso", afirmou, após atentar para a necessidade de se dar visibilidade para manifestações culturais de diversos Estados e cidades brasileiras.
Marta se encontrou em Londres com a ministra da Cultura britânica, Maria Miller, e com autoridades responsáveis pelo festival cultural organizado durante os Jogos Olímpicos deste ano.
O objetivo era entender o que o Brasil pode aprender com a experiência britânica para aplicar nos eventos culturais relacionados a Copa de 2014 e a Olimpíada do Rio, em 2016.

“CEUS NO EXTERIOR”

Durante a visita, Marta disse que uma das "ideias" de seu ministério, ainda em fase de gestação, seria criar centros de promoção da arte e da cultura brasileira no exterior - o que ela chama de "CEUs das Artes no exterior".
O nome lembra os chamados Centros Educacionais Unificados (CEU) - escolas com ampla infraestrutura para a prática de esportes e atividades culturais -, um dos cartões de visita da administração de Marta na prefeitura de São Paulo.
Recentemente, o Ministério da Cultura anunciou que pretende inaugurar 360 Centros Unificados de Arte e Esporte em 325 municípios brasileiros - aos quais Marta também se refere como "CEUs das Artes".
Segundo a ministra, porém, o uso do mesmo termo no Ministério da Cultura não seria uma forma de autopromoção. "Temos de ter presença cultural fora (do país) e que nome vamos dar? Esse CEU das Artes é uma marca do governo Dilma. Não é relacionado ao CEU de São Paulo", disse.
De acordo com Marta, a ideia de criar esses centros de cultura brasileira no exterior também poderia ser parte de um projeto maior para ampliar o 'soft power' do país.
Ela diz, porém, que por enquanto há poucas iniciativas concretas sendo coordenadas nesse sentido.

INICIATIVAS PREEXISTENTES

Antes de chegar à Grã-Bretanha, Marta inaugurou em Lisboa o chamado "Espaço Brasil", um centro com bares, restaurantes e áreas para manifestações artísticas que foram concebidas como parte das comemorações do Ano do Brasil em Portugal.
Em Londres, visitou um recém-reformado espaço na nova sede da embaixada brasileira, que servirá para a realização de eventos e exposições relacionados ao Brasil e anunciou que o Ministério da Cultura irá colaborar na realização desses eventos.
Segundo a ministra, essas duas iniciativas poderiam ser "os primeiros CEUs das Artes no exterior", mas ela admite não saber de onde viria o financiamento para iniciativas semelhantes.
Alguns especialistas em assuntos internacionais, como Joseph Marques, do King's College, em Londres, acreditam que, para ampliar o 'soft power' brasileiro, seria oportuno para o país começar a pensar em uma diplomacia cultural mais séria e contínua, que passaria pela promoção da língua portuguesa.
Para a Grã-Bretanha, o trabalho de promoção cultural e lingüístico é feito pelo Conselho Britânico. A China tem mais de 1.000 unidades do Instituto Confúcio espalhados pelo mundo, a França apoia a Aliança Francesa e a Espanha tem o Instituto Cervantes. A Alemanha financia o Goethe Institute e Portugal tem o Instituto Camões.
"Se você quer um país que tenha impacto, a língua é importante. Mas isso você não faz do dia para a noite", disse Marta.

(Fonte : BBC Brasil)

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