quarta-feira, 23 de maio de 2012

BC TENTA CONTER ALTA, MAS DÓLAR VAI A R$ 2,08



O Banco Central agiu pesadamente ontem para segurar a alta do dólar, mas não conseguiu impedir mais uma forte valorização da moeda.
O BC fez uma operação no mercado futuro equivalente à venda de US$ 2,2 bilhões, valor considerado alto por analistas. Apesar disso, o dólar subiu 1,6%, para R$ 2,08, maior cotação em três anos.
O dólar está em alta em todo o mundo devido às incertezas na Europa. No entanto, a divisa vem subindo com mais força no Brasil por causa das medidas que o governo adotou nos últimos meses para desvalorizar o real.
A taxação de operações de venda de dólar no mercado futuro, por exemplo, intensifica os movimento de alta da moeda americana, dizem analistas. No ano, o real recua 11% ante o dólar, maior queda entre 16 moedas.
O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Comércio e Indústria) afirmou ontem que o dólar pouco acima de R$ 2 torna a indústria mais competitiva.
"Temos que assegurar um patamar adequado para o câmbio. Hoje o dólar está pouco acima de R$ 2, quero crer que é um valor adequado para a indústria", disse.
Apesar de reconhecer que o dólar nesse patamar é "preocupante" para as importações, ele frisou que por outro lado beneficia exportações.
Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, "o câmbio está sem teto", ou seja, deve subir mais no curto prazo.
Segundo ele, o contínuo discurso do governo de que o dólar alto é melhor para a indústria deixou o mercado sem parâmetro para o câmbio. "Sem saber se a moeda vai continuar subindo, investidores e empresários antecipam as compras, o que pressiona mais a alta do dólar".
O BC, que vinha comprando dólares e alimentando a alta da moeda, passou a vender a divisa não porque esteja incomodado com a alta, avalia Perfeito, mas porque quer evitar um salto muito rápido da taxa de câmbio.
"Estamos numa zona de incerteza muito grande. Essa instabilidade no dólar afeta o planejamento dos empresários e traz riscos para a inflação", nota Alfredo Barbutti, da BCG Liquidez.
Ontem, também foi um dia de forte instabilidade na Bolsa de São Paulo, que caiu 2,74%. Segundo Perfeito, os investidores reagem ao fraco desempenho da economia e à queda do real, que torna o investimento aqui menos atrativo. Em dólar, a bolsa tem queda de 20% em maio.

(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo/ imagem divulgação)

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