terça-feira, 9 de agosto de 2011

BONS NÚMEROS EM SP E PÉSSIMOS NO BRASIL



(por Silvio Cioffi)

Num ambiente em que as bolsas de todo mundo desabam com o medo de uma recessão mundial, o turismo brasileiro tende a continuar na berlinda, com um desempenho fraquíssimo, atraindo uns 5 milhões de turistas estrangeiros/ano.
Teria vocação para bem mais que isso, mas está na contramão do que está sendo feito no mundo desenvolvido, onde o fomento à indústria de viagens é assunto sério.
Há muita gente viajando para o exterior em função do dólar estar cotado a um patamar que oscila entre R$ 1,50 e R$1,60 _câmbio que torna o Brasil caro para viajantes brasileiros e estrangeiros.
E há a catastrófica previsão do Banco Central, que projeta para este ano um déficit da ordem de R$ 15 bilhões entre o que os turistas brasileiros gastam lá fora e o que os estrangeiros deixam por aqui.
Apesar disso, a cidade de São Paulo bem que está apresentando números alvissareiros no que diz respeito à ocupação hoteleira.
Segundo o Observatório do Turismo de São Paulo, ligado à SPTuris, no primeiro semestre de 2011, os hotéis da capital paulista tiveram ocupação média de 69,3%, o que representa um aumento da ordem de 4,61% em relação ao mesmo período do ano passado.
Além da pujança da economia da cidade e do seu setor hoteleiro, o bom resultado pode ser também creditado à gestão profissional da SPTuris, dirigida por Caio Luiz de Carvalho e por Tasso Gadzanis, ambos com reconhecida militância na área de turismo.
Iniciativas como o "Fique Mais um Dia" têm feito que os visitantes estiquem suas viagens a negócios e aproveitem melhor a estada na metrópole realizando também atividades de lazer.
Segundo dados do já mencionado Observatório do Turismo de São Paulo, é bem provável que em 2011 o turismo paulistano reporte dados ainda mais expressivos do que os do ano passado, quando a capital paulista recebeu 11,7 milhões de visitantes e faturou com o turismo cerca de R$ 9,7 milhões.

É PRECISO AVANÇAR

Há ainda, é verdade, muito o que fazer. A cidade de São Paulo é violenta e insegura, não tem sinalização adequada, é caríssima, tem transporte público e aeroportos precários e não dá muita bola para o visitante estrangeiro (são raros os postos de informação turística; não se vê nos hotéis mapas adequados e folhetos em inglês, para ficar em apenas alguns exemplos).
Mas se compararmos com o que acontece com o turismo brasileiro na esfera federal, não dá muito para reclamar.
Temos um ministro do Turismo cuja única credencial para ocupar tal cargo é ser do PMDB maranhense. Idem, um presidente da Embratur, que também nunca militou no setor de viagens e é tido por adversário político do ministro com quem deveria coordenar ações em prol do desenvolvimento da indústria do turismo no país como um todo.
O Brasil teoricamente já deveria estar se preparando aceleradamente para hospedar a Copa-2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Além de rumores de maracutaia, de superfaturamento e da dispensa de licitação nas obras prementes, pouco se houve falar a respeito dos progressos necessários para que esses dois megaeventos mundiais aconteçam.
Porque será que o governo federal não profissionaliza a gestão do turismo brasileiro colocando à testa do Ministério do Turismo e da Embratur pessoas que entendam do assunto?

(Silvio Cioffi é editor do caderno de Turismo do J. Folha de S. Paulo)

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