quinta-feira, 19 de maio de 2011

IMAGENS DA CHINA : QUANTIDADE DE TURISTAS SE IGUALA À DE HABITANTES



O espetacular crescimento econômico chinês das últimas décadas aproxima o número de turistas internos à cifra de habitantes. Num país de 1,34 bilhão de pessoas, isso significa estratégia e paciência para conhecer as atrações turísticas.
Só a Cidade Proibida recebeu 12 milhões de turistas em 2010. Mas são pouquíssimos os que, como a presidente Dilma Rousseff em abril, têm a área fechada só para ela.

CAPITALISMO DE MASSA E TURISMO ALTERAM O CENÁRIO

Enquanto Pequim e Xangai sonham em ser Hong Kong, Cingapura ou até Nova York, a China tradicional requer mergulho distante das grandes cidades.
Mesmo a China comunista, dos retratos de Mao Tsé-tung e pôsteres da Revolução Cultural, sobreviveu como suvenir no Pan Jia Yuan, feira de pulgas de Pequim. Mao Tsé-tung achava que vestígios da China "feudal e atrasada" deviam ser demolidos.

CHINA "HISTÓRICA" CORRE RISCO DE EXTINÇÃO

O visitante que circula pela Cidade Proibida, em Pequim, não tem como se surpreender com o estado de seus palácios, construídos principalmente no século 16.
A pintura impecável e telhas e pedras sem uma lasca fazem o turista se admirar com o cuidado chinês. O problema é que pouca coisa centenária sobrou na construção, que passa por reformas gerais a cada década.
O conceito de patrimônio histórico lá é diferente do ocidental. Um calçadão comercial perto da praça da Paz Celestial, popular desde 1700, foi renovado há três anos.
Prefeitura e empreiteiras demoliram os antigos palacetes carcomidos e restaurantes e reconstruíram, novinhos em folha, a rua comercial. Até as cores mudaram. A réplica substituiu o original.
Só houve gritaria de alguns poucos abnegados intelectuais chineses e de muitos estrangeiros. "Chinês gosta de modernidade, não gosta de prédio velho", disse, então, a responsável pela obra.
Se o turismo de massas realmente adultera tudo que vê e fotografa, imagine o impacto do mercado doméstico chinês, 600 milhões de turistas/ano que circulam pelo país atrás de monumentos e paraísos naturais. Boa parte deles, embarcando em sua primeira longa viagem.
Conhecer a China tradicional, aquela vista em filmes como "O Último Imperador" ou "O Tigre e o Dragão", requer pressa. Não se sabe o que vai sobreviver nos próximos anos à fúria modernizadora do Partido Comunista.
Pingyao (fala-se pin/ nhau), pequena cidade no norte do país, é uma boa introdução à China tradicional. Na cidade foi rodado o drama "Lanternas Vermelhas", do cineasta Zhang Yimou.
A fábula feminista da concubina que se revolta com o marido que se divide entre quatro mulheres tem como cenário a bela arquitetura dos nobres que viviam nessa antiga capital onde as moedas eram cunhadas.
As ruas de pedra, aonde não passa carro, e as belas pousadas restauradas, até dissimulam a onipresença de camelôs e as armadilhas para turistas.
Na Província de Yunnan, na fronteira com Vietnã e Mianmar, floresta tropical, mosteiros budistas e minorias étnicas desenham a região mais diversa do país.
Em Hangzhou, jardins fluviais e canais que encantaram o veneziano Marco Polo convivem com arranha-céus e muito trânsito. Como boa parte das novelas históricas chinesas é rodada lá, a preservação tem selo estatal.
Mesmo em Pequim, onde a modernidade captura a atenção em milhares de arranha-céus e prédios assinados pelos arquitetos mais famosos do mundo, ainda há pequenos trechos da China antiga.
Mas o cenário é mutante. Ao lado das torres do Sino e do Tambor, com mais de 600 anos, uma centenária área residencial deu lugar a lojinhas modernas.

(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo / imagem divulgação)

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