terça-feira, 10 de agosto de 2010

BANCO ELEVA PRAZO DE LINHAS PARA EMPRESAS


A demanda das empresas por crédito de longo prazo voltou nos últimos meses e os bancos correm para oferecer alternativas aos empréstimos do BNDES, ainda a principal fonte de recursos para investimento. Para as grandes companhias, as linhas já chegam a sete anos, com carência superior a 12 meses e pagamentos escalonados de acordo com a necessidade de fluxo de caixa. Para as pequenas e médias, no entanto, três anos é o limite.
O prazo médio dos empréstimos para pessoas jurídicas com recursos livres dos bancos, ou seja, descontando os repasses do BNDES, superou este ano o patamar médio de um ano pela primeira vez na história, de acordo com dados do Banco Central. Em fevereiro, a média ficou em 392 dias, com leve queda nos meses seguintes e voltando a 382 dias em junho.
A ampliação foi influenciada por operações de porte voltadas para as grandes empresas. A média dos empréstimos com taxas flutuantes (DI), voltadas às maiores companhias, se aproxima de dois anos. Em dezembro de 2009 estava em 363 dias, pulando para 622 dias em junho, nível recorde.
"Pela primeira vez em muitos anos, estamos financiando com recursos genuínos de longo prazo", afirma Carlos Leibowicz, diretor de corporate do Banco Santander. Segundo ele, o crédito de longo prazo, que era quase exclusivamente feito pelo BNDES até o terceiro trimestre do ano passado, já tem forte componente de bancos privados.
"Há uma ampliação dos prazos dos empréstimos com recursos próprios e as formas de pagamento estão mais flexíveis, com carência de até um ano e meio", diz Walter Malieni, diretor de crédito do Banco do Brasil. Segundo ele, a instituição avalia a necessidade das empresas e define a forma de pagamento que melhor se adapta ao fluxo de caixa da companhia, podendo chegar a seis anos.
Essas linhas mais longas, diz Malieni, têm sido desenhadas para as grandes companhias que precisam de caixa para fazer investimentos, ampliações ou mesmo aquisição para entrar em novos negócios, muitas delas de forma compartilhada entre instituições financeiras (sindicalizado). "Quem demanda esses empréstimos são empresas com muita geração de caixa, mas que precisam ficar com disponibilidade para o caso de aparecer uma oportunidade de negócio." O lado positivo, segundo Leibowicz, é que as tesourarias dos bancos estão conseguindo captar recursos com prazos acima de cinco anos, com boa liquidez. E com a preocupação de "casar" os ativos, ou seja, emitir papéis com prazos semelhantes aos empréstimos. "Antes havia muito descasamento de balanços. Mesmo as empresas usavam linhas curtas para financiar investimentos. Hoje não se faz nada sem funding casado", afirma.
A liquidez interna ainda não retornou completamente depois da crise. Os grandes fundos e as fundações ainda continuam com suas exposições ao CDI muito concentradas no curto prazo. Mas começam a aparecer boas opções para captação longa. "Não vemos a abundância que havia em 2007 e não há tanto funding de cinco a sete anos, mas tem sido suficiente", diz Leibowicz. O mercado externo também melhorou em 2010, com a redução dos custos financeiros.
Até mesmo a Caixa Econômica Federal, que sempre focou em modalidades específicas, com repasses de recursos oficiais, começa a avançar no segmento de empresas e a buscar alternativas de funding de longo prazo, diz Márcio Percival, vice-presidente da instituição. A Caixa captou quase R$ 1 bilhão em letras financeiras, que chegam a cinco anos e que devem ser direcionado para financiar investimentos corporativos. O amadurecimento do mercado bancário brasileiro, com opções cada vez mais amplas, no entanto, ainda não é suficiente para todos os projetos de infraestrutura brasileiro.
"A economia nacional ainda não esta estruturada para financiar 100% no mercado privado uma obra como Belo Monte, por exemplo, mas os bancos podem atender à grande maioria das demandas de médio e longo prazo. Não há nenhuma restrição de funding como havia no passado", completa Leibowicz.
Para pequenas e médias empresas, no entanto, a dificuldade permanece. Para financiar a compra de máquinas e equipamentos, por exemplo, a dependência do BNDES é muito forte e as linhas de bancos não superam os três anos.

(Fonte : Jornal Valor Econômico)

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