As
construtoras Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez renovam todos os anos, desde
2011, uma opção de compra de uma área de 12 milhões de metros quadrados entre
os municípios de Caieiras e Cajamar, a cerca de 35 km de São Paulo. A intenção
das empresas é construir no local, hoje ocupado por uma plantação de eucaliptos
da Melhoramentos, o terceiro aeroporto da região metropolitana de São Paulo. O
projeto, batizado dc Novo Aeroporto de São Paulo (Nasp), prevê investimentos de
R$ 9 bilhões para erguer no local um aeroporto do porte do de Guarulhos.
Para
sair do papel, o empreendimento depende de uma mudança na regulação do setor
aeroportuário. Hoje, a construção de aeroportos públicos pela iniciativa
privada só é permitida para projetos de aviação executiva, e não para os
focados em voos comerciais.
As
empresas admitem que mantêm conversas com o governo para a liberação do
projeto. Em dezembro, durante encontro com jornalistas, a presidente Dilma
Rousseff afirmou que a alteração da lei estava em avaliação. “Nós vamos liberar
a questão de ter três aeroportos em São Paulo, mas não está claro ainda quando
vai ser”, disse a presidente na ocasião.
Se
o governo liberar a questão neste ano, o aeroporto pode entrar em operação
entre 2020 e 2021, afirmaram ao Estado os diretores de Novos Negócios da
Andrade Gutierrez, José Henrique Polido, e da Camargo Corrêa, Roberto Deutsch.
As
empresas pretendem fazer uma construção em fases — só na primeira fase o
investimento estimado é de R$ 6 bilhões. Na fase final, o aeroporto terá
capacidade para operar cerca de 48 pousos ou decolagens por hora e receber até milhões
de passageiros por ano, O projeto contempla duas pistas de 3.500 metros de
extensão, uma delas com 6o metros de largura, capaz de receber os maiores
aviões do mundo, como o A380.
O
acesso ao Nasp poderá ser feito pelas rodovias Dutra e Ayrton Senna. “O projeto
deve evitar o mesmo erro do aeroporto de Guarulhos, que foi ampliado mas tem
problemas de acesso. E necessário contemplar um acesso ferroviário no projeto”,
afirmou Renauld Barbosa, professor de logística da EBAP/FGV.
Segundo
Polido, da Andrade Gutierrez, a facilidade de acesso foi considerada no
projeto. “O aeroporto fica a 4km da estação Caieiras, da CPTM. Dá 45 minutos de
trem da estação Luz, em São Paulo”, disse.
Competição
As
donas do projeto do aeroporto de Caieiras dizem que ele não competirá com
Guarulhos, mas será complementar a ele. “A capacidade de Guarulhos e Congonhas
já estará esgotada nessa data”, disse Polido. “A tendência mundial das grandes
cidades é um conceito de múltiplos aeroportos. O usuário vai optar pelo que for
mais conveniente a ele”, completa Deutsch.
Especialistas em aviação, no entanto, entendem que o projeto inviabiliza os planos do aeroporto de Viracopos, localizado a cerca de 100 km da capital paulista, de se tornar a terceira opção para os passageiros que chegam ou partem de São Paulo.
Especialistas em aviação, no entanto, entendem que o projeto inviabiliza os planos do aeroporto de Viracopos, localizado a cerca de 100 km da capital paulista, de se tornar a terceira opção para os passageiros que chegam ou partem de São Paulo.
Revisão
Uma
eventual aprovação do projeto deve motivar pedidos de revisão contratual por
parte das empresas que venceram os leilões pelas concessões dos aeroportos
brasileiros, feitas em 2012 e 2013, segundo o professor de infraestrutura do
Insper, Eduardo Padilha. O motivo é que, quando os leilões foram feitos, a
opção de construir e administrar um aeroporto não existia. Assim, a Invepar,
por exemplo, pagou R$ i6 bilhões de outorga pela concessão de 20 anos do
aeroporto de Guarulhos. Já Viracopos custou R$ 3,8 bilhões aos seus donos, além
dos investimentos.
“Isso
gera com certeza um desequilíbrio de contrato. Ou o governo fará um acerto com
as empresas ou podemos esperar processos bilionários movidos pelas concessionárias”,
disse Padilha.
Procuradas, as concessionárias de Viracopos e Guarulhos não quiseram se manifestar. A Secretaria de Aviação Civil (SAC) afirmou apenas que está avaliando as mudanças na legislação para o projeto.
Procuradas, as concessionárias de Viracopos e Guarulhos não quiseram se manifestar. A Secretaria de Aviação Civil (SAC) afirmou apenas que está avaliando as mudanças na legislação para o projeto.
(Fonte : Jornal O Estado de São
Paulo)
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