sexta-feira, 5 de outubro de 2012

NOVO EMPREENDEDOR MUDA FOCO DO SEBRAE


Se no passado a redução de impostos e a burocracia apareciam como os maiores entraves para os empreendedores de menor porte, hoje é a capacitação do dono do negócio e o treinamento dos empregados que ocupam espaço na lista de itens mais importantes para crescer nos próximos dez anos.
O presidente do Sebrae nacional, Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho, fala do novo perfil do empreendedor. Leia trechos da entrevista.

Folha - O que mudou no perfil do empreendedor no Brasil?
Luiz Barretto Filho - Empreender era um fenômeno por necessidade. Não havia outra alternativa no mercado de trabalho para gerar renda para a família. Uma pesquisa encerrada no mês passado mostra que somente 18% dos empreendedores o fazem como alternativa de renda. Sete em cada dez novos empreendimentos são feitos por oportunidade, por vocação ou para ter qualidade de vida.

Antes o foco do Sebrae era ajudar o microempresário a sobreviver. Qual é agora?
É preciso ter capacitações para atender diferentes níveis de empreendedores. No total são 6,9 milhões de empreendimentos que optaram pelo Super Simples, segundo dados da Receita Federal de setembro. Desses, 2,9 milhões são microempreendedores individuais, que se formalizaram nos últimos três anos incentivados pela legislação. O esforço agora é ter trabalho de segmentação para cada tipo de público, entender as demandas. Serão investidos R$ 800 milhões em projetos de inovação nos próximos três anos.

Qual o desafio para os empreendedores que já passaram do estágio inicial?
Empreendedores entre três e nove anos de vida têm como maiores preocupações o pagamento de tributos, a concorrência, e não mais o acesso a crédito e capital de giro.
A agenda é da inovação, da internacionalização, de como competir com produtos estrangeiros. A busca da produtividade tem de ser com inovação, design, economia criativa.
Somente cerca de 2% das microempresas exportam. E o setor como um todo responde por 25% do PIB. A média em outros países é de 35% a 45%.

A lei federal ajudou as empresas a se formalizarem, mas as barreiras municipais e estaduais ainda são muitas, segundo pequenos empresários. Como o Sebrae encara essa questão?
Não se pode tratar um empresário de Heliópolis, do Capão Redondo ou da Rocinha como se trata um já estabelecido na avenida Paulista ou na Berrini [em São Paulo]. A maior parte das pequenas empresas começa a desenvolver negócios em casa. Não dá para exigir que paguem, por exemplo, IPTU comercial.

A legislação estadual favorece o setor?
Há um tema em pauta que é o da substituição tributária [regime em que um estabelecimento da cadeia recolhe ICMS antecipado por outros contribuintes envolvidos na operação para evitar sonegação de impostos]. Não questiono que tenha efeitos para os governos estaduais. Mas tem de haver legislação diferenciada, por porte, por produto, para não punir os pequenos. No âmbito federal, também queremos ampliar a legislação do Super Simples para a área de serviços

Na pesquisa feita com empreendedores, 43,5% não se consideram empresários. Por que isso ocorre?
É cultural. No passado, o empreendedorismo era visto como uma posição transitória, como um bico. A figura do microempresário tem de ser mais valorizada.

(Fonte : Jornal Folha de São Paulo)

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