terça-feira, 4 de setembro de 2012

BLINDAGEM TERCEIRIZADA


A partir do ano que vem, o Brasil vai experimentar um novo modelo de segurança para a Copa das Confederações e o Mundial de 2014. A parte interna dos estádios, além de um perímetro a ser delimitado pela Fifa, ficará a cargo de uma empresa de guarda particular. Com isso, as forças de defesa pública só vão intervir em caso de grave tumulto ou para a manutenção da ordem pública. A terceirização da segurança é adotada na Inglaterra. A tendência é que mais de 50 mil profissionais sejam contratados para cuidar dos locais de jogo das 12 cidades sede (chamados de stewards), campos de treinamento, além do deslocamento das autoridades e das seleções.
De acordo com documento publicado no Diário Oficial da União, caberá às Polícias Militares e Civil a fiscalização fora dos estádios, nas ruas no entorno das arenas, nos aeroportos, portos, ruas e avenidas das cidades sede e municípios vizinhos, que devem ser destinos turístico e locais de hospedagem e treino das delegações.
Para isso, serão investidos, até 2014, R$ 1,17 bilhão em segurança pública. A receita tem de ser investida, por exemplo, na compra de scanners móveis e portáteis usados no combate ao transporte de materiais ilícitos pela Receita Federal e os veículos aéreos não tripulados, que atuarão na proteção das fronteiras fornecendo imagens.
A previsão é de que, do valor total, R$ 714 milhões sejam liberados até o fim deste ano. Toda a ação e a aplicação da verba será coordenada pela Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos do Ministério da Justiça (SESGE/MJ). O departamento foi criado em agosto do ano passado para planejar a defesa pública na Copa das Confederações e no Mundial. A instituição reúne membros de todos os órgãos de segurança federal e estadual e quer realizar uma ação integrada no país inteiro. Segundo o documento publicado no Diário Oficial, essa é a maior dificuldade no momento.
"Essa grande comissão, dividida em 15 áreas temáticas, está escrevendo o plano operacional que será posto em prática na Copa do Mundo em cada cidade sede. Tudo está indo de acordo com o programado e em breve esse plano estará pronto. Aí, começaremos a simular e treinar esse planejamento", explicou o secretário Valdinho Caetano durante a realização da última reunião entre os estados, em Brasília.
As equipes terão de trabalhar em conjunto — como fazem no Carnaval, Réveillon, Rock in Rio e Festival de Verão — em unidades integradas de comando e cooperação, cheias de tecnologia, que serão criadas e instaladas nos estádios e locais das competição. Algumas serão móveis. Toda a infraestrutura montada ficará de legado para o Brasil. Nessa união também está inclusa a interligação dos bancos de dados dos estados, que ainda não se comunicam. Atualmente, apenas a Polícia Federal tem acesso ao sistema chamado 124/7, da Interpol, capaz de centralizar informações de criminosos de 188 países. O banco de dados será consultado pelo Ministério das Relações Exteriores antes da concessão dos vistos.

Cadastro de torcida

O projeto de segurança para a Copa das Confederações e o Mundial de 2014 prevê, ainda, a agilização do cadastro dos torcedores brasileiros. A SESGE/MJ também prevê uma ação parecida com o modelo inglês, que reúne informações enviadas por outros países sobre os chamados hooligans. Mesmo assim, o trabalho será voltado para a área externa dos estádios, onde eles agem. A expectativa é que os sistemas internos de tevê e a identificação dos ocupantes das cadeiras do estádio diminuam a ação dos baderneiros. No combate à violência nas cidades sede — que inclui de pirataria a turismo sexual —, serão apenas reforçados os programas existentes, como o Segurança Cidadã.

Sem efeito

Nos Jogos Olímpicos de Londres, o governo inglês contratou por aproximadamente R$ 727 milhões a empresa G4S para fazer a segurança nos locais de competição. Entretanto, cerca de duas semanas antes da abertura, a firma admitiu que não teria condições de realizar o serviço, o que gerou uma grande crise, pois precisariam fornecer 13.700 guardas e só tinham 4 mil. Assim, o governo britânico precisou colocar o exército nas ruas para cuidar da segurança.

Empregos públicos

A SESGE/MJ também cita no Diário Oficial da União que "será necessário um incremento substancial de recursos humanos para o desempenho da missão", o que deve causar impacto na prestação de serviço diária e gerar empregos também na área pública.

(Fonte : Jornal Correio Braziliense)

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