A Espanha estuda "facilitar" as exigências de documentos para a entrada de brasileiros no país.
Segundo o diplomata espanhol Jesús Gracia, vice-ministro para Cooperação Internacional e Ibero-América, a intenção é "suavizar" os procedimentos para o ingresso - e assim, evitar episódios de brasileiros barrados na Espanha (leia abaixo).
"Estamos trabalhando para que as regras fiquem mais claras e para dar mais confiabilidade ao tráfego de pessoas", afirmou ontem, sem dar mais detalhes.
Ele ressaltou que o número de brasileiros impedidos de entrar é muito pequeno frente ao fluxo de turistas que chegam diariamente ao país.
Em 2010, 1.695 brasileiros foram barrados por autoridades espanholas. No mesmo período, segundo dados do Ministério do Turismo, 249.285 turistas deixaram o Brasil com destino à Espanha.
"São casos todos explicáveis e razoáveis, mas temos que fazer um esforço para que não haja o temor que aparece em veículos de imprensa e que não reflete a realidade", afirmou o diplomata.
Ele disse que o governo da Espanha está atuando para esclarecer as regras de entrada no país -o assunto entrou na pauta da conversa que teve ontem com secretário-geral das Relações Exteriores do Itamaraty, Ruy Nogueira.
A intenção, segundo o diplomata, é conversar com o governo brasileiro para "resolver questões técnicas".
POUCO EXPRESSIVO
A declaração de Jesús Gracia ocorre pouco depois de o Brasil adotar a política de reciprocidade para a entrada de espanhóis no país.
De acordo com o embaixador Manuel de la Cámara, no entanto, o impacto da medida adota pelo governo brasileiro não foi expressivo.
"O número de espanhóis [barrados no Brasil] foi muito pequeno. É possível contar com os dedos de uma mão", afirmou o diplomata.
As relações entre Brasil e Espanha devem ser tema de encontro bilateral entre a presidente Dilma Rousseff e o rei espanhol, Juan Carlos, que deve vir ao Brasil ainda neste ano.
"As datas estão pendentes disso", afirmou o vice-ministro da Espanha em referência ao quadro de saúde do monarca espanhol.
ESPANHÓIS RECLAMAM DA RENOVAÇÃO DO VISTO
Além da entrada no Brasil, turistas espanhóis dizem que prorrogar a permanência no país agora também ficou mais difícil. Desde o dia 2 de abril, uma nova regra endureceu os requisitos para o ingresso de turistas da Espanha no país.
Agora, eles reclamam que também mudaram as regras para quem quer renovar o visto de turista e permanecer mais 90 dias no Brasil.
A.Z, turista espanhol que prefere não se identificar, afirma que não apenas a burocracia aumentou, mas também o tratamento dispensando a ele na sede Polícia Federal em São Paulo. "Foi uma visita a Policia Federal pouco agradável e frustrante."
Ele conta que primeiro lhe informaram que ele tinha toda a documentação necessária para a renovação, mas depois lhe pediram novos itens.
"Após a odisseia burocrática, o agente me falou -de um jeito muito menos cordial- que faltavam outros documentos e me deu um papel com os novos requisitos."
Antes o turista espanhol que queria ampliar sua estadia no país tinha que apresentar na PF, além de um formulário preenchido, uma cópia do seu cartão de crédito ou a declaração de um residente no país se comprometendo com sua manutenção.
Além disso, era pedida a apresentação da passagem de volta e o formulário de entrada e saída do país.
Agora, segundo os turistas, as autoridades brasileiras estão exigindo a apresentação da reserva de hotel ou carta-convite de um residente no país autenticada em cartório e pelo menos R$ 170 diários.
O Consulado espanhol diz não ter sido informado sobre as mudanças. Procurada, a PF não se manifestou.
DEPORTADOS DIZEM QUE FORAM MALTRATADOS
Um grupo de 15 brasileiros barrados domingo no aeroporto de Barajas, em Madri, diz ter sido maltratado e deportado apesar de atender às exigências para visitar o país.
Eles - que voltaram a Salvador (BA) na terça- haviam viajado no sábado.
Entre os deportados estavam a professora Gilmara Nunes Duarte de Carvalho, 30, sua mãe Joseísa, 52, e sua filha Luana, 6.
Mesmo com carta-convite, dinheiro e passagens de volta, foram barradas, porque a carta-convite não tinha carimbo da polícia.
O documento, carimbado, foi enviado via fax, mas elas foram deportadas.
Diabética, Joseísa diz que seus remédios foram confiscados e que passou mal.
O Itamaraty afirma que o número de deportados está dentro da média: em 2011, até agosto, foram quatro por dia; em 2010, 4,6 por dia.
(Fonte : Jornal Folha de S. Paulo)
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