A Gol está negociando o aumento de participação da americana Delta
Airlines no capital da companhia dos atuais 3% para 20%, limite estabelecido
pela legislação.
A Folha apurou que o presidente da Gol, Constantino Junior,
conduz as conversas, que ganharam força no último mês.
O objetivo é tentar resolver os problemas atuais de aumento elevado de
custos, (principalmente do combustível) e alta de tarifas, fatores que acabam
impactando os investimentos que a companhia terá de fazer nos próximos anos.
Pessoas próximas às negociações afirmam que a Delta Airlines já mostrou
interesse em ampliar sua participação na Gol. A empresa já teria até
representantes no Conselho de Administração da companhia brasileira.
A companhia norte-americana acredita que será possível ampliar a
participação da Gol, reduzindo ainda mais a diferença com a TAM, que está na
liderança do setor.
Consultada, a Gol negou que, neste momento, esteja negociando com a
Delta. Até a conclusão desta edição, a Folha não conseguiu contato com a
empresa americana, nem no Brasil nem nos EUA.
A TAM, líder do setor, tem 20% de participação da chilena LAN, com quem
se fundiu em agosto de 2010.
As duas empresas pressionavam o governo para tentar aumentar a
participação estrangeiras no setor dos atuais 20% para 49%.
Recentemente, em uma iniciativa isolada, um representante da TAM em
Brasília tentou emplacar a mudança por meio de uma medida provisória que nada
tinha a ver com o assunto. A estratégia não prosperou. A recusa foi um recado
de que essa modificação não será efetuada.
Desde então, as companhias desistiram desse pleito e focaram a
negociação por um pacote de "ajuda" com o governo que permita a
redução dos custos.
ALTA
O cenário das companhias não é dos melhores. No ano passado, TAM e Gol
registraram prejuízos que, somados, atingiram R$ 1 bilhão.
As empresas vêm de uma disputa tarifária que buscou estimular a ocupação
de suas aeronaves.
Nesse período, o preço dos combustível disparou. Segundo o Sindicato
Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), ele já responde por 40% das despesas
das companhias aéreas.
Na média, atualmente 32% do preço de um bilhete é o combustível de
aviação. Há cinco anos, esse índice girava em torno de 15%.
Em uma viagem mais longa, como a Rio Branco (AC), o peso do combustível
chega a 80% do preço da passagem.
Por isso, TAM e Gol pedem maior controle no preço do querosene de
aviação, que é, basicamente, fornecido pela Petrobras. Elas também querem
desoneração da folha de pagamento, redução de ICMS, PIS e Cofins.
Nos bastidores, as companhias já contam com a aprovação de uma medida
provisória -o "pacote de incentivos"- em maio.
Mas a realidade é que as negociações estão emperradas porque o
Ministério da Fazenda não encontrou uma fórmula que "alivie" a conta
para as empresas sem que haja perda drástica de receita.
Enquanto isso não ocorre, as empresas cortam voos, demitem funcionários
e adiam a compra de aviões.
A Gol é que está em uma situação mais confortável, justamente porque
ainda pode negociar aumento de capital estrangeiro.
(Fonte & foto : Jornal Folha
de S. Paulo)
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