quinta-feira, 1 de setembro de 2011

NO BRASIL, VINHOS CHILENOS SÃO OS MAIS CONSUMIDOS



A história do vinho chileno, o mais consumido por brasileiros, começa em 1551, na primeira colheita de uvas feita por Francisco de Aguirre, na cidade de Copiapó. Os vinhedos eram de uma tinta simples, denominada país, a mesma varietal plantada por religiosos na Califórnia, chamada de mission.
À época, os vinhos foram usados em ofícios religiosos, mas logo seu consumo se tornou hábito, e o sucesso do vinho chileno, nos 270 anos da dominação espanhola, criou uma involuntária competição com vinhos da Espanha. E logo surgiram decretos proibindo novas plantações de uvas e aumentando impostos para coibir a concorrência.
A Coroa espanhola agiu ainda de forma drástica, proibindo exportações e arrancando videiras. Essas medidas ajudaram a fomentar a revolta contra os colonizadores, o que, combinado com os eventos políticos na Espanha e com as guerras napoleônicas, culminou, em 1810, com a luta pela independência.
A luta duraria até 1818, com a vitória das forças de Bernardo O'Higgins e de José de San Martín, este último um general argentino que atuou na libertação do Chile.

INFLUÊNCIA FRANCESA

A influência da França nos rumos do vinho chileno veio a seguir. As mudanças na vitivinicultura que se seguiram à independência são creditadas a ricos donos de minas.
Indo à França, se tornaram apreciadores dos vinhos franceses, em especial dos produzidos em Bordeaux, e levaram uvas bordalesas para o Chile, especialmente das varietais cabernet sauvignon, carmenère, malbec, merlot, sauvignon blanc e sémillon.
O pioneiro foi Silvestre Ochagavía, em 1851; ele foi seguido por outros fundadores de vinícolas ainda em atividade: Viña Concha y Toro, Viña Errazuriz, Víña Carmen, Viña Cousino-Macul, Viña San Pedro, Viña Santa Carolina e Viña Santa Rita etc.
Com as uvas, vieram técnicas francesas e houve ganho de qualidade. Outro fator que diferenciou os vinhedos chilenos foi a ausência da filoxera, praga que dizimou videiras ao redor do mundo, exceto no Chile, no final do século 19, por razões não totalmente compreendidas. Hoje, seu território é um santuário de videiras originais, centenárias, plantadas em pé-franco, sem a necessidade do uso de enxertia.
O período de prosperidade propiciado pelas exportações para a Europa, que à época não tinha como produzir vinhos, revitalizou vinhedos.
A retomada da produção em países tradicionais, como a França e a Itália, se seguiu à cobrança de pesadas taxas para a importação de vinhos, adotada em 1902. Com isso, o Chile perdeu o mercado internacional e viveu período de estagnação.
Em 1970, o governo Salvador Allende iniciou um processo de reforma agrária, com expropriação de terras e divisão das grandes propriedades, golpeando a indústria do vinho. Para completar, exportações caíram a nível mínimo no período Pinochet.
Os tempos difíceis foram superados e, entre a metade dos anos 1980 e os anos 1990, o Chile respirou novos ares, com investimentos em vinícolas e vinhedos, buscando locais de plantio. Estudos do "terroir" conduzidos por nomes como Pedro Parra e Marcelo Retamal resultam em novíssimas regiões de plantio e fazem surgir vinhos elegantes e inovadores.
Também está nascendo no Chile o enoturismo, atividade próspera que atrai apreciadores: boa parte deles são brasileiros.

CONFIRA LISTA DE VINHOS CHILENOS QUE VALE A PENA COMPRAR

O especialista Arthur Azevedo indica os vinhos chilenos que vale a pena trazer na mala após uma visita ao país.
"Hoje a produção de vinhos no Chile se divide entre os grandes produtores e as vinícolas butique. Fique de olho em duas uvas, a syrah e a carmenère, que são sem dúvida as grandes estrelas na produção chilena."
Veja abaixo uma lista de vinhos tintos que merecem ser trazidos na bagagem (ou comprados aqui mesmo).

1) Almaviva - Almaviva (2007)

2) MontGras Ninquén (2008)

3) Errazuriz Kai Carmenère (2007)

4) De Martino Limávida Single Vineyard (2006)

5) Santa Carolina Herência Carmenère (2007)

6) Ventisquero Pangea Syrah (2007)

7) Montes Folly Syrah (2007)

8) Erasmo La Reserva de Caliboro (2006/2007)

9) Viña Concha y Toro Don Melchor (2007)

10) Viu Manent Viu 1 (2005)

11) Cono Sur Pinot Noir 20 Barrels (2007)

12) Lafken Garage Wine (2007)

13) Santa Rita Casa Real (2007)

14) San Pedro Cabo de Hornos (2007)

15) Odfjell Aliara (2007)

16) Valdivieso Caballo Loco 11


ARTHUR AZEVEDO, médico e enólogo, foi presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (SP) e edita a revista "Wine Style" (http://www.winestyle.com.br/ ) e o site Artwine (http://www.artwine.com.br/ )

(Fonte & imagens : Jornal Folha de S. Paulo)

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