quinta-feira, 14 de julho de 2011

DÓLAR BAIXO ATRAPALHA A VINDA DE ESTRANGEIROS


Continua forte o desempenho do setor de turismo no nordeste, mas poderia ser melhor se não houvesse a valorização do real frente ao dólar, que afastou em grande medida os turistas estrangeiros. Apesar disso, empresas da cadeia de turismo e hotelaria comemoram excelentes resultados na região, como a Azul Viagens (diretoria da Azul Linhas Aéreas, presidida por Pedro Janot), que hoje conta a maior parte de seus pacotes turísticos voltados àquela região e vendidos a brasileiros. Além dela, há o Grupo Salinas (a maior empresa de hotelaria de Alagoas), que espera faturar este ano R$ 44 milhões, ante os R$ 38 milhões obtidos em 2010, graças à alta demanda de turistas em seus dois hotéis no litoral alagoano.
"O câmbio necessário a um ótimo desempenho do turismo nacional hoje é de R$ 2,15 por dólar. Abaixo disto, perdemos muitos viajantes do exterior", observa Serguey Júnior, gerente Comercial da empresa. "Nos últimos anos, a ocupação de nossos dois hotéis por parte de americanos e principalmente de europeus, que antes era muito alta, caiu drasticamente. Os turistas portugueses, em especial, simplesmente desapareceram", lamenta ele.
De volta à área de aviação, a Azul Viagens centra-se em aumentar o número de suas lojas próprias (hoje são 5), a exemplo de sua concorrente, a TAM Viagens, que tem reforçado a notícia de que planeja aumentar seu número de lojas até 2014. Todas essas empresas analisam questões como a ascensão das classes C e D, que resolveram viajar: neste ano elas devem gastar R$ 11 milhões com esta atividade por aqui. Cerca de 8,7 milhões de brasileiros vão pisar em um avião pela primeira vez em 2011, segundo o instituto Data Popular. "Cerca de 80% dos pacotes de viagem que vendemos hoje são para turistas paulistas que querem conhecer o nordeste", espanta-se Marlon Yahir Ramirez, gerente de Novos Negócios da Azul Viagens, falando acerca da presença desta classe social na aviação brasileira.
"Por natureza, o turismo é uma atividade intensiva de mão de obra. Também é um setor que tem, para muitos jovens, a função de porta de entrada na economia formal: ninguém começa a vida profissional como médico ou engenheiro, mas muitos começam como operador turístico", pondera Mário Ferreira Neto, diretor Executivo de Cartões e Seguros da Caixa Econômica Federal (CEF). É por razões como estas que o banco (que sempre teve uma atuação centrada em questões sociais) está com um estande montado no Salão do Turismo, um dos maiores eventos do setor na América Latina, realizado esta semana no Parque de Exposições do Anhembi, na capital paulista.
"Turismo é uma atividade bastante rentável, além de tudo. A Caixa já fornece 61% de todos os empréstimos feitos ao trade turístico no Brasil. Desde que começamos a atuar neste setor, em 2003, já investimos nele mais de R$ 13,2 bilhões - só em 2011, até agora, foram R$ 2 bilhões", detalha Ferreira Neto. "O objetivo que cultivamos e consolidar a Caixa como o banco líder no financiamento do turismo nacional." Vale observar que a CEF também já emitiu quase dois milhões de cartões de crédito de sua linha Turismo Card, voltado à área.

NÚMEROS
Com relação a questão da alta do real frente ao dólar, a análise é que o mundo dos empresários brasileiros na hotelaria seria melhor se a moeda estrangeira estivesse mais valorizada. As companhias do setor analisam números como o montante que os 5,2 milhões de visitantes estrangeiros que visitaram o País em 2010 gastaram aqui: US$ 5,9 bilhões. Na contrapartida, o número de brasileiros que viajaram ao exterior no ano passado foi de 5 milhões. Internamente, ocorreram em 2010 nada menos que 186,5 milhões de viagens domésticas; logo, o mercado nacional de turismo já adquiriu um porte gigantesco.
Cifras deste ano também impressionam. Os gastos de turistas estrangeiros no Brasil em maio de 2011 superaram em 33,11% os do mesmo mês de 2010. Nos cinco primeiros meses deste ano estes visitantes de fora deixaram aqui US$ 2,88 bilhões. Com tanto dinheiro circulando nesta atividade, é natural que ela seja grande empregadora: 7,2 milhões de pessoas ganham a vida trabalhando com turismo no Brasil. No mundo, atualmente, a cada 8,5 empregos gerados, 1 é na área turística.

DESAFIOS

Mas nem tudo são flores. Rafael Sanches Neto, diretor da Casa do Gestor e Consultor Especializado em Educação e Turismo, aponta vantagens e desafios do turismo nacional. "O turismo no Brasil evoluiu muito nos últimos 20 anos, mais por conta de pressão de demanda do que em resultado de iniciativas estratégicas voltadas para o aproveitamento de seu enorme potencial. Com a estabilização da economia a partir de meados da década de 90, começaram a surgir fortes investimentos privados em hotelaria e serviços, vindos principalmente do exterior, e isto ainda hoje acontece." O turismo é um setor econômico que pode ter fortíssimo impacto no desenvolvimento sustentável de inúmeras regiões brasileiras que ainda vivem problemas sérios de isolamento e pobreza, lembra Sanches Neto.
Uma companhia que exemplifica o rápido crescimento da atividade no Brasil é a Visual Turismo, que nasceu em uma pequena sala no Centro de São Paulo, em 1986, e hoje ocupa uma área própria de 1.500 m² - que já está pequena, garante Afonso Gomes Louro, fundador da empresa. A Visual optou por um modelo original de crescimento, fortemente apoiado nos agentes de viagens. Em 2007, Louro fundou a e-HTL, marca on-line especializada no atendimento a 7.500 destes profissionais parceiros do Grupo e que já soma faturamento de R$ 5 milhões. "Investimos alto na qualificação de nossa equipe e também dos parceiros, pois são os agentes de viagens os responsáveis pela venda de nossos produtos."
Presente no Salão do Turismo, ontem, o prefeito Gilberto Kassab lembrou que o turismo em São Paulo está batendo recordes. O índice de ocupação dos hotéis paulistanos nos primeiros quatro meses de 2011 foi de 66,57% - aumento de 4% sobre igual período de 2010. O preço da diária destes estabelecimentos também cresceu: de janeiro a abril deste ano seu valor médio na cidade foi de R$ 224,06, diante de R$ 142,38 do ano passado - aumento de 57,37%. Por fim, só nos primeiros três meses do ano o aeroporto internacional de Guarulhos recebeu 7,3 milhões de passageiros, 12,4% a mais do que em 2010. Em Congonhas, o número de desembarques chegou a 3,8 milhões, crescimento de 9,8% sobre o do ano que passou.

(Fonte : DCI / imagem divulgação)

Nenhum comentário:

Postar um comentário