segunda-feira, 27 de junho de 2011

NOVE ARENAS DA COPA ESTÃO EM CONSTRUÇÃO

Das 12 arenas multiuso que estão planejadas para os jogos da Copa do Mundo de 2014, oito estão sendo construídas, mas três ainda podem ser consideradas "obras no papel". Com raras exceções, os preços de todos os projetos subiram. Os casos mais emblemáticos são São Paulo (ainda uma incógnita de prazo e preço) e o Maracanã, que ficou 30% mais caro. As obras com menor variação de custo são aquelas desenvolvidas como Parceria Público-Privada (PPP).
O governo federal só iniciou este ano um acompanhamento das obras nas cidades-sede. As informações eram colhidas junto aos governos locais, mas este mês uma equipe própria foi instalada nos 12 municípios. No último monitoramento, de maio, o Ministério do Esporte acendeu o sinal de alerta para São Paulo e Natal. Segundo Alcino Rocha, assessor especial do ministério, essas são as únicas cidades que não iniciaram suas obras. Curitiba também não começou a reforma da arena, mas está fora do alerta.
O ministério considera atrasadas as obras que não estarão prontas até o final de 2012 - Fortaleza, que prevê 95% das obras prontas em dezembro de 2012, e Manaus, a ser entregue em junho de 2013, estão nesse grupo, diz Rocha.
Segundo levantamento do consultor legislativo do Senado Federal, Alexandre Sidnei Guimarães, comparando com os valores de investimentos indicados na assinatura da "matriz de responsabilidade", em janeiro de 2010, os custos das arenas hoje estão até 34% maiores. No começo do ano passado o total dos gastos estimados em 11 estádios - Belo Horizonte não havia apresentado previsão - era de R$ 5,4 bilhões, enquanto hoje é algo próximo de R$ 7,2 bilhões, sem considerar o preço do estádio paulista, ainda não definido.
"Surgiram diversos aditivos que aumentaram os custos das arenas, e não existe transparência para esclarecer o que foi alterado e porquê", diz Guimarães. Segundo ele, existe um caderno de recomendações da Fifa, mas não há exigências que justifiquem essa variação. "É possível considerar que os gastos foram ao menos subestimados no início", diz ele.
Rocha, do Ministério do Esporte, considera que existem alguns exageros nas obras das arenas que acabaram causando aumento desnecessário dos investimentos. "O que sempre alertamos é que os governos locais trabalhassem dentro do mínimo exigido pela Fifa porque a Copa vai passar e os estádios ficarão para alguém operar", diz. O valor financiado pelo BNDES continua limitado a R$ 400 milhões por arena, acrescenta.
O projeto de Belo Horizonte para disputar a abertura da Copa do Mundo no estádio Magalhães Pinto, o "Mineirão", enfrentou uma greve de três dias, há duas semanas, suspensa após um acordo de pagamento de cestas básicas e aumento linear de 4% para os cerca de 600 funcionários do consórcio Minas Arena, formado pelas empreiteiras Construcap, HAP e Egesa. O consórcio assumiu a obra e o direito de uso do estádio por 27 anos, em uma PPP com o governo estadual no valor de R$ 677 milhões (R$ 654 milhões do estádio).
O consórcio Minas Arena assinou o contrato com o governo estadual em dezembro do ano passado e iniciou as obras em janeiro. Segundo o secretário extraordinário para a Copa do Mundo, Sérgio Barroso, o empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES deve ser liberado até o próximo mês. Nos últimos dois anos, o governo mineiro começou a reforma, gastando R$ 29,8 milhões em recursos próprios com a elaboração do projeto arquitetônico e serviços preliminares, como a correção de anomalias nas vigas de sustentação e o rebaixamento do gramado. Essas etapas foram questionadas em relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), segundo reportagem recente do jornal "Hoje em Dia".
Considerada uma das obras mais adiantadas, a Arena Fonte Nova, em Salvador, com capacidade para 50 mil pessoas, já teve concluída a terraplenagem e passa atualmente pela instalação das fundações. De acordo com o secretário responsável pelo projeto, Ney Carneiro, no meio do segundo semestre o estádio já terá parte de suas estruturas instaladas.
"Estamos com os trabalhos em dia para entregarmos a arena no início de 2013, visando a Copa das Confederações", disse Carneiro. O prazo inicial do projeto era dezembro de 2012, porém a instalação das chamadas estruturas temporárias - que funcionarão apenas durante o torneio, como o centro de imprensa - vai adiar em alguns meses a entrega do estádio.
Resultado de uma PPP, com prazo de 35 anos, o estádio baiano está orçado hoje em R$ 591,7 milhões, mesmo valor definido em janeiro de 2010. O consórcio Fonte Nova Participações, formado pelas construtoras OAS e Odebrecht, tomou emprestados R$ 323 milhões com o BNDES e outros R$ 250 milhões com o Banco do Nordeste.
Após uma série de entraves que impediram o início das obras, a Arena Pernambuco teve concluída neste mês a primeira parte dos trabalhos de fundação, o que permitirá o início da etapa de estrutura de concreto. "Agora o estádio começará a sair do chão e será mais fácil perceber o avanço nos serviços", informou por e-mail o engenheiro Jayro Poggi, responsável pelo projeto, tocado pela Odebrecht.
Apesar dos sucessivos atrasos, foi mantido para dezembro de 2012 o prazo para entrega do estádio, com capacidade para 46 mil pessoas. Ainda assim, Pernambuco já está fora da Copa das Confederações, marcada para junho de 2013.
Assim como as demais arenas da região Nordeste, o projeto pernambucano é uma PPP e está orçado hoje em R$ 532 milhões, 14,6% acima do valor inicial. Procurados, o governo do Estado e a assessoria do consórcio responsável pela obra não detalharam os motivos que levaram ao reajuste. O consórcio, que vai administrar o estádio por 30 anos, já teve um financiamento de R$ 280 milhões aprovado pelo BNDES, porém os recursos ainda não foram liberados.
As obras do estádio Nacional, em Brasília, começaram em julho de 2010 e sua execução atinge 33% do projeto. Segundo o comitê organizador, a data prevista para inauguração é dezembro de 2012, dentro do prazo estipulado. O valor do estádio, com capacidade para 71 mil pessoas, foi orçado em R$ 696 milhões, mas a falha na demolição da arquibancada original (após duas tentativas de implosão) reduziu esse custo em R$ 25 milhões.
"A redução do valor aconteceu porque a arquibancada que não foi demolida deixou de ser reformada. Com a retirada dela economizamos tempo e dinheiro", diz Cláudio Monteiro, secretário-executivo do Comitê Brasília 2014. A licitação foi vencida pela Andrade Gutierrez e Via Engenharia.
Os recursos para o Estádio Nacional de Brasília virão da venda de terrenos da Companhia Imobiliária de Brasilia (Terracap). O GDF passou para a propriedade da Terracap uma área de 2,2 milhões de metros quadrados, com valor aproximado de R$ 3 bilhões. "Com esse modelo de capitalização, evitamos tirar dinheiro de outros investimentos da cidade para gastar em um estádio", disse Monteiro.
Em Fortaleza, a opção pela PPP garantiu celeridade à obra do estádio Plácido Aderaldo Castelo (Castelão), pois a empresa só "recebe por conclusão de etapas", diz Ferruccio Feitosa, secretário especial da Copa no Estado. O valor é de R$ 518 milhões, inferior ao levado para a concessão (R$ 617 milhões), mas superior aos R$ 452 milhões estimados quando foi assinada a matriz de responsabilidade com o Ministério do Esporte.

(Fonte & imagem : Jornal Valor Econômico)

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