segunda-feira, 18 de abril de 2011

NOVA QUEDA DO DÓLAR TERÁ POUCO IMPACTO NA INFLAÇÃO


O impacto da nova rodada de valorização do câmbio sobre os preços deve ser modesto, mas pode ser o suficiente para que a inflação não supere o teto da meta perseguida pelo Banco Central neste ano, de 6,5%. A expectativa de um dólar mais próximo de R$ 1,50 no fim do ano pode tirar algo como 0,2 a 0,4 ponto percentual do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a depender da evolução da taxa ao longo dos próximos meses. Nas últimas semanas, especialistas passaram a apostar num câmbio mais apreciado em 2011, depois que a moeda caiu abaixo de R$ 1,65, sem que isso provocasse uma reação mais enérgica do BC. O economista Fábio Ramos, da Quest Investimentos, lembra que o dólar barato ajuda a segurar a inflação dos bens comercializáveis internacionalmente. As já comportadas cotações dos bens duráveis (como automóveis e eletroeletrônicos) poderiam ter um comportamento ainda mais favorável - em 12 meses até fevereiro, estão em alta de apenas 0,53%, segundo o IPCA. Os alimentos podem ter algum alívio, uma vez que, com um câmbio mais apreciado, as cotações em reais das commodities tendem a recuar, diz Ramos. No caso de produtos têxteis e de vestuário, o dólar barato pode ao menos impedir repasses adicionais da escalada do algodão. A preocupação com a desvalorização contínua do dólar - que ontem teve uma queda de 0,69% frente ao real - fez o ministro da Fazenda, Guido Mantega, repetir que está em curso "uma guerra cambial". A pedido dele, a Organização Mundial do Comércio (OMC) deve entrar na discussão sobre os efeitos das políticas de câmbio dos países sobre o comércio mundial. O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo, divulgou entre as delegações em Genebra um documento cobrando da instituição um debate e possíveis medidas sobre o tema. Azevedo disse ao Jornal Valor que vai oficializar em maio a proposta de discutir na OMC os efeitos do que chama de "assimetria cambial". "Queremos começar o debate na OMC para dizer se a assimetria cambial é um problema, se afeta o comércio, como afeta, se a OMC tem de ter disciplinas, se o FMI está fazendo sua parte", explicou o embaixador, que acompanhou a delegação da presidente Dilma Rousseff à China. O documento enviado antecipadamente pelo Brasil às delegações em Genebra menciona, sem citar nomes, o "vasto número de países" com políticas de expansão de gastos orçamentários e políticas de taxas de juros baixas, com efeitos sobre as cotações das moedas e impacto no comércio com o exterior.

(Fonte : Jornal Valor Econômico)

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