quarta-feira, 27 de abril de 2011

NEM PRIVATIZAÇÃO RESOLVERÁ PROBLEMAS DOS AEROPORTOS ATÉ A COPA DIZ IPEA


Mesmo que o governo brasileiro decida abrir o capital da Infraero e permita a participação da iniciativa privada no setor, os aeroportos brasileiros não estarão prontos para atender ao aumento da demanda que vai ocorrer nos próximos anos, principalmente por causa da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Segundo a Agência Brasil, a conclusão é do técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Carlos Álvares da Silva Campos Neto, que participou ontem de uma audiência pública da Comissão de Infraestrutura do Senado.
“Trazer o setor privado para investir demora, porque temos que passar por um processo de normatização, regulação, fazer a modelagem desses projetos, um processo licitatório, e essas coisas demandam tempo. Para 2014, nem o investimento privado teria tempo hábil de tocar essas obras importantes”, afirmou o técnico. A audiência debateu um estudo do Ipea, divulgado recentemente (e criticado pelos ministros Gilberto Carvalho e Miriam Belchior, que mostra que as obras de ampliação de nove dos 12 aeroportos das cidades que sediarão os jogos da Copa de 2014 não deverão ser concluídas até o início da competição.
Segundo o estudo, mesmo que os aeroportos ficassem prontos a tempo, o crescimento da demanda faria com que a maioria dos terminais já entrassem em operação acima da capacidade em 2014. Para Campos Neto, o setor aéreo tem que ser pensado com 30 anos de antecedência. “Não podemos ter como meta 2014, 2016 porque vamos estar sempre correndo atrás, planejando o setor olhando pelo retrovisor”.

PLANEJAMENTO DE CAPACIDADE DOS AEROPORTOS FOI SUBESTIMADA PELA INFRAERO

Em 2014 os aeroportos brasileiros deverão receber 33 milhões de passageiros a mais do que o previsto inicialmente pelas companhias aéreas. Serão 225,7 milhões de passageiros em 2014, ante uma previsão inicial de 192,35 milhões. A diferença equivale a mais de um aeroporto de Cumbica (Guarulhos) e meio, considerando a capacidade atual do maior aeroporto do país, de 20,5 milhões de passageiros. Os novos números constam de um estudo feito pelo Núcleo de Estudos de Tecnologia, Gestão e Logística da Coppe/UFRJ, sob encomenda do Snea - Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, tendo em vista a realização da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
O estudo foi apresentado ontem pelo presidente do Snea, José Márcio Mollo, em uma audiência no Congresso Nacional. Ele mostra que os investimentos de aumento de capacidade previstos pelo governo federal estão defasados. Em Guarulhos, por exemplo, a Infraero planejou um aumento de capacidade para 35 milhões, com base em uma previsão de demanda de 27,5 milhões para 2014. "É uma boa folga, mas o problema é que chegamos em 2010 com 26,7 milhões", afirma o professor de transporte aéreo da Coppe Elton Fernandes, responsável pelo estudo.
Mas o presidente do Snea alertou que não adianta o governo investir na ampliação dos terminais de passageiros se não ampliar também a capacidade dos pátios de estacionamento e taxiamento de aeronaves. “Não adianta ter passageiros se o avião não consegue chegar no terminal”, afirmou.
Segundo ele, hoje já há excesso de aviões e, em pelo menos 12 aeroportos, não há lugar para estacionar aeronaves nos horários de pico. Mollo destacou que, mesmo que todas as obras previstas pela Infraero sejam feitas no ritmo adequado, em 2014 grande parte dos aeroportos já estará com a capacidade ultrapassada ou no limite.
A atualização das projeções de aumento de demanda da Coppe leva em conta a mudança de patamar de crescimento vivida pelo setor nos últimos dois anos. Anteriormente, as empresas aéreas trabalhavam com uma previsão de crescimento de 9,2% ao ano e agora falam em 10,7%. A previsão anterior dava conta de que o pais terminaria 2010 com um movimento de 145,4 milhões de passageiros nos 66 aeroportos administrados pela Infraero. Porém, com a demanda aquecida, 154,3 milhões passaram pelos aeroportos no ano passado. A íntegra do estudo (228 páginas) pode ser baixado no site www.snea.com.br

(Fonte : Business Travel Magazine)

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