quinta-feira, 26 de agosto de 2010

EM PARIS, TURISTAS VOLTAM A LOTAR HOTÉIS DE LUXO


Os turistas endinheirados, que haviam sumido com a crise econômica mundial, estão finalmente de volta a Paris. Os hotéis de altíssimo luxo da capital francesa, chamados de "palácios", estão quase lotados nesta temporada de verão. Os resultados de julho foram excepcionais: a taxa de ocupação média atingiu 90,5% e a diária média chegou a € 917 (cerca de R$ 2,1 mil), segundo a consultoria MKG, especializada nos setores de hotelaria e turismo.
Em fevereiro do ano passado, ápice da crise para os hotéis de alto luxo parisienses, a taxa de ocupação havia despencado para 47% e o gasto médio por quarto, em razão das promoções para atrair a clientela, era de apenas € 425 (R$ 977), de acordo com a MKG. Somente sete hotéis em Paris possuem a classificação de "palácio": Ritz, George V, Plaza Athénée, Meurice, Bristol, Crillon e Fouquet ' s Barrière.
No Bristol, situado na mesma rua da sede da presidência francesa, o Palácio do Eliseu, a taxa de ocupação em julho ultrapassou 92%. "Foi o melhor mês desde a criação do hotel, em 1925", disse ao Valor Catherine Hodoul Baudry, diretora-comercial do Bristol. Em julho de 2009, a taxa ficou em 78%. Na época, o hotel possuía 26 quartos a menos e hoje totaliza 187. O número de clientes brasileiros cresceu 18% em 2010 em relação ao ano passado, segundo Baudry.
A queda do euro, que já perdeu quase 12% em relação ao dólar desde o início do ano, favoreceu o retorno à França dos americanos e também dos turistas de grandes países emergentes, como China, Brasil e Rússia, além da clientela do Oriente Médio.
O número de turistas brasileiros na França aumentou pelo menos 10% nesta temporada de verão, segundo Didier Arino, diretor da consultoria Protourisme. Um relatório do Banco Central revelou que os gastos dos turistas brasileiros no exterior atingiram U$ 1,54 bilhão em julho, um recorde desde o início da série histórica, em 1947.
"Há alguns anos, a clientela dos palácios se concentrava em quatro grandes mercados: os Estados Unidos, o Japão, a Inglaterra e alguns países europeus. Hoje, ela inclui dezenas de nacionalidades", diz o português Paul Roll, diretor-geral do Escritório de Turismo de Paris.
O Hotel Plaza Athénée, um dos "palácios" parisienses e "reduto" tradicional de brasileiros abastados, informa que a taxa de ocupação de 95,5% em julho, recorde histórico que permitiu um faturamento de mais de 6 milhões de euros no mês, foi propiciada em boa parte pelo aumento da clientela americana e brasileira.
A suíte Real, a mais cara do hotel, com diária de € 22 mil (R$ 50,6 mil) ficou ocupada o mês de julho inteiro. Para aproveitar a onda de clientes que não medem os gastos, o Plaza Athénée lançou em agosto uma suíte "Barbie", em referência à famosa boneca, para garotas de 3 a 16 anos. Ligada ao quarto dos pais, a diária total custa € 1,6 mil (quase R$ 3,7 mil). A suíte cor de rosa existirá até o dia 2 de setembro.
O George V tem estado praticamente cheio desde maio, disse ao Valor Christopher Norton, diretor-geral do hotel, administrado pelo grupo canadense Four Seasons. A retomada ocorre após uma "desaceleração" no início do ano em razão da crise econômica, que resultou em uma queda de quase 5% no faturamento naquele período. Em maio, quando ocorreu a "decolagem", como diz Norton, a taxa de ocupação atingiu mais de 85%. Em julho, ela foi de 95%. Neste mês de agosto, após a saída da clientela do Oriente Médio (que volta a seus países devido ao Ramadã), a taxa é, até o momento, de 90%. Com 245 quartos, sendo 60 suítes, o George V é o maior "palácio" parisiense.
O número de clientes brasileiros, que representa entre 3% e 4% do total, cresceu 20% neste ano na comparação com 2009, diz Norton. Embora esteja longe dos americanos (de 30% a 40%) e dos ingleses (cerca de 12%), os brasileiros se situam na média dos demais mercados do George V e "devem continuar aumentando", segundo Norton.
Analistas prevêem que o desempenho neste ano dos hotéis de altíssimo luxo parisienses será melhor do que a registrada em 2009, também em razão da maior demanda por suítes mais caras, mas não deverá ainda atingir os resultados de 2007, ano recorde para o setor, com taxa de ocupação de 78,1%. Nem também os de 2008, que embora afetado no último trimestre pela crise, também teve boa performance, registrando uma taxa de ocupação média de 76,1% no ano.

(Fonte : Jornal Valor Econômico)

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