quarta-feira, 24 de março de 2010

PARA VER FUTEBOL EM 2014, HOTEL É QUE NÃO VAI FALTAR

Turismo: Das 12 cidades que abrigarão jogos da Copa do Mundo, apenas duas devem ter déficit de leitos

O turista que quiser ver todos os jogos da Copa do Mundo de Futebol de 2014 não deverá ter muitos problemas para reservar hotéis, segundo um estudo feito pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), cujos 26 associados administram 500 hotéis, com 77 mil quartos. Dez de 12 cidades brasileiras que abrigarão os jogos terão uma oferta de leitos acima da recomendada pela entidade máxima do futebol, a FIFA. Apenas Cuiabá e Manaus teriam déficit de leitos durante a competição.
Para o presidente do Fórum, Rafael Guaspari, o temor é de que haja uma onda desenfreada de investimentos em novos hotéis por causa da Copa, o que aumentaria a capacidade ociosa em cidades que já teriam baixa taxa de ocupação mesmo sem novos projetos, especialmente Cuiabá e Manaus.
"O estudo mostra que a maior parte das cidades-sede da Copa estarão aptas a receber a competição. Mas poderá haver uma sobreoferta (de leitos) se não houver critério nos novos investimentos", diz Guaspari. Segundo o estudo, Cuiabá poderá ter um déficit de 4.096 leitos em 2014, mesmo com a ampliação da oferta prevista para os próximos quatro anos.
A diretora do FOHB, Ana Maria F. Biselli, diz que o critério usado no estudo foi aquele determinado pela FIFA: uma cidade precisa ter uma oferta de leitos equivalente a 30% da capacidade dos estádios que serão usados na Copa. A quantidade atual e a futura de leitos, diz ela, foi calculada considerando-se a oferta de apartamentos multiplicada por 1,75 (ou quase duas pessoas por leito), que é a média de ocupação padrão em hotéis localizados em cidades que já abrigaram uma Copa do Mundo de Futebol.
Em Manaus a situação é parecida com a de Cuiabá. A cidade deverá ter um déficit de 3.773 leitos, também levando-se em conta a ampliação da oferta prevista para a cidade até 2014. Nessa época, a capital do Amazonas terá à disposição 10.028 leitos para uma necessidade de 13.800. "Em Manaus, poderão ser usados navios, por exemplo. Já em Cuiabá, a solução poderá ser a oferta de casas de moradores, acampamentos militares ou montados em escolas", afirma Guaspari.
Pelo estudo, a rede hoteleira de Cuiabá poderá ter uma taxa de ociosidade de até 86% após a Copa, considerando-se que os hotéis terão taxa de ocupação de 14% após a ampliação da oferta de leitos prevista para os próximos quatro anos. Sem novos leitos, a taxa de ocupação ficaria em 36%.
Em Manaus, e estimativa é de ocupação de 22%, o que daria uma ociosidade de 78%, considerando-se o cenário de novos leitos. Sem eles, a taxa de ocupação seria de 38%. Os cálculos do FOHB levam em conta um crescimento anual de 4% da oferta hoteleira até 2014.
O estudo considera apenas o cenário de oferta de leitos para a Copa. Sobre informações de que o Rio teria um déficit de 12 mil leitos para a Olimpíada de 2016, o FOHB informa que faz parte de seus planos elaborar um estudo específico sobre a situação da rede hoteleira fluminense. Isso porque na Copa a presença de turistas estará espalhada pelo país, mas nos Jogos Olímpicos a demanda estará concentrada apenas na cidade do Rio.
Ana Maria acrescenta que o FOHB utilizou como referência da pesquisa o Guia 4 Rodas de 2010, mais a consultoria da HVS, que forneceu os dados de São Paulo e Rio. A Secretaria de Turismo de Belo Horizonte e a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) foram as fontes de informação na capital mineira.

(Fonte : Jornal Valor Econômico / 24-03-10)

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